10 de agosto de 2024
Política

Ataques à imprensa tentam “generalizar discurso autoritário”, diz professor

Presidente dá entrevista ao deixar Planalto. (Foto: Reprodução)
Presidente dá entrevista ao deixar Planalto. (Foto: Reprodução)

Os ataques à imprensa, intensificados durante a gestão de Jair Bolsonaro, tentam descredibilizar o jornalismo e generalizar um discurso autoritário. A opinião é do professor doutor em Sociologia, José Elias Domingos.

“Quando o atual governo ataca instituições de imprensa, não está atacando para propor o contraditório. O que faz, efetivamente, é um mecanismo retórico de descredibilizar certas figuras do jornalismo para generalizar o discurso autoritário”, disse.

Domingos cita que o país é apenas o 111º no ranking de liberdade de imprensa, atrás de nações com governos autoritários, como Ucrânia, Hungria e Etiópia. “O Brasil em dificuldade de avançar nesse sentido de afirmação com rompimento de princípios autoritários de questionamento de uma imprensa livre”, pontuou.

O professor afirma que, inclusive, o alto número de declarações mentirosas ou enganosas proferidas pelo presidente Jair Bolsonaro tem a ver com o processo de deslegitimação da imprensa brasileira. Domingos diz que Bolsonaro não pode ser encaixado em nenhuma figura do campo democrático.

“É uma figura reacionária e não consegue lidar com a divergência de opiniões. Ele incorpora a ideia de que o único jeito dele entender uma imprensa seria uma imprensa régia, diretamente coligada aos seus ditames, como fez Dom João VI”.

O sociólogo lembra que a imprensa livre é uma exigência da democracia e períodos de ataques constantes à ela são ‘perigosos’. “Quando há cerceamento de conteúdos, pessoas estão atacando a instituição imprensa, é nítido que isso caminha para a quebra de um paradigma de como significa conviver num ambiente democrático e plural”, reforça.

Domingos reconhece que há setores atrelados a grupos de interesse e também defende uma descentralização da imprensa.

“O Brasil precisa ampliar a descentralização do fomento às licenças da imprensa. Grandes grupos de imprensa estão nas mãos de grandes caciques de seus estados. Grandes políticos controlam grandes veículos, mas isso não autoriza você contestar, por meio da crítica infundada, um órgão de imprensa que faz um posicionamento contrário ao seu governo”.


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