19 de dezembro de 2024
Mundo • atualizado em 13/02/2020 às 01:05

Ataque químico na Síria foi ‘100% forjado’, diz Bashar al-Assad

Homem é tratado com oxigênio após ataque com gás na cidade de Khan Sheikhun, na Síria / Foto: Ammar Adbullah/Reuters
Homem é tratado com oxigênio após ataque com gás na cidade de Khan Sheikhun, na Síria / Foto: Ammar Adbullah/Reuters

O ditador da Síria, Bashar al-Assad, afirmou que o ataque químico que matou ao menos 80 pessoas na semana passada na cidade de Khan Sheikhun foi “100% forjado”. Ele também criticou a reação do governo dos Estados Unidos, que bombardeou uma base aérea no país.

“Para nós, trata-se de um evento 100% forjado (…) Nossa impressão é que o Ocidente, principalmente os Estados Unidos, é cúmplice dos terroristas e montou essa história para servir de pretexto aos bombardeios”, afirmou Assad em entrevista à agência de notícia AFP divulgada nesta quinta-feira (13). Esta foi a primeira entrevista concedida pelo ditador desde o ataque químico.

Assad também disse que seu regime já não possui armas químicas e que seu arsenal foi entregue em 2013 após as suspeitas de um ataque químico próximo a Damasco. Além disso, ele afirmou que o uso de armas químicas contra civis, além de ser “moralmente errado”, não faria sentido do ponto de vista militar, visto que o regime sírio vem conquistando uma série de avanços territoriais.

A narrativa apresentada pelo ditador sírio sobre os acontecimentos de 4 de abril divergem integralmente da versão defendida pelo governo dos Estados Unidos, que diz não ter dúvidas de que o regime de Assad é responsável pelo ataque químico.

Imagens mostram civis agonizando após um ataque em Khan Sheikhun, em território controlado por grupos rebeldes que lutam para derrubar Assad. Segundo especialistas, autópsias confirmam a utilização de armas químicas no incidente.

“Os Estados Unidos não são sérios [na busca] de qualquer solução política. Eles querem usar o processo político como um guarda-chuva para os terroristas”, declarou Assad.

Sobre os bombardeios americanos da madrugada de sexta-feira (7) contra a base aérea de Al Shayrat, em Homs, Assad afirmou que “nosso poder de fogo, nossa capacidade de atacar os terroristas não foi afetada”. Os Estados Unidos dizem que o ataque destruiu cerca de 20% das capacidades da Força Aérea síria.

Assad pediu uma “investigação imparcial” sobre o suposto ataque químico. A Rússia, principal aliada da Síria, vetou nesta quarta (12) uma resolução no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) que pedia uma investigação extensa em instalações do regime sírio -Moscou sugere que especialistas também visitem o local do suposto ataque químico, em Khan Sheikhun.

FOGO AMIGO

A coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos que combate a organização terrorista Estado Islâmico anunciou nesta quinta-feira (13) ter atingido por engano na terça (11) uma força aliada na Síria, matando 18 combatentes.

“O ataque foi solicitado por forças aliadas, que identificaram a localização do alvo como um posto de combate do EI. Na realidade, era uma posição das Forças Democráticas Sírias”, informou a coalizão militar.

As Forças Democráticas da Síria são um grupo formado por milícias árabes e curdas que participa da batalha em solo contra o EI com o apoio tático dos Estados Unidos. (Folhapress)

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