05 de dezembro de 2025
Segurança Pública • atualizado em 10/11/2025 às 12:45

Assassinato em distribuidora de Goiânia expõe que violência persiste apesar da nova lei

Mesmo com a queda de 50% nos homicídios após a nova lei das distribuidoras, assassinato na região da 44 mostra que a violência ainda persiste em Goiânia

Mesmo com a redução de 50% no número de homicídios registrados entre meia-noite e 6h da manhã, desde que a Prefeitura de Goiânia limitou o funcionamento das distribuidoras de bebidas alcoólicas, a violência ainda encontra espaço para se manifestar e, por vezes, de forma brutal. O assassinato ocorrido na noite do último sábado (8), no Setor Norte Ferroviário, mostra que o problema persiste mesmo com os números positivos apresentados pela Polícia Militar de Goiás (PMGO).

Na ocasião, um caminhoneiro de 41 anos foi morto com um golpe de faca no pescoço em um estabelecimento destinado ao consumo de bebidas, na região da 44. O autor do crime, de 40 anos, estava acompanhado da esposa e da filha de apenas dois anos. Segundo relatos, o crime foi motivado por um desentendimento banal a oferta de uma cerveja feita pela vítima a um dos presentes no local.

O agressor, que já possuía passagens por roubo e tráfico, além de usar tornozeleira eletrônica por homicídio, tentou fugir após o ataque, mas foi localizado e preso minutos depois por uma equipe do Batalhão de Terminal. Durante a abordagem, ele ainda entrou em luta corporal com os policiais antes de ser imobilizado.

Lei reduz homicídios, mas violência em torno do álcool continua

De acordo com dados do Observatório de Segurança da PMGO, a lei que restringe o funcionamento das distribuidoras entre meia-noite e 4h59, sancionada em julho pelo prefeito Sandro Mabel, teve impacto expressivo: os homicídios caíram pela metade e as tentativas de homicídio recuaram 40% no período entre 1º de agosto e 27 de outubro de 2025, comparado ao mesmo intervalo do ano anterior.

Além disso, as brigas e desentendimentos (vias de fato) diminuíram 19,57%, e os casos de agressão tiveram queda de 18,09% de 94 para 77 ocorrências no mesmo horário analisado. O comandante do Comando de Policiamento da Capital (CPC), coronel Pedro Henrique Batista, classifica os resultados como “extremamente positivos”.

“Os números falam por si. Mais de 70% da população aprova a medida, e temos visto resultados concretos na redução da violência e dos acidentes”, afirmou o oficial. Segundo ele, a fiscalização tem sido constante e ocorre em parceria com órgãos da Prefeitura. O impacto também se estende ao trânsito: os acidentes com vítimas caíram 29% desde o início da vigência da lei.

Desafios além do horário

Apesar dos avanços, o episódio mais recente mostra que a violência associada ao consumo de álcool não se limita ao horário de funcionamento dos estabelecimentos. A presença de tornozelados e reincidentes em crimes violentos em locais públicos de consumo reforça o desafio das autoridades em lidar com fatores sociais e comportamentais que extrapolam a legislação.

Especialistas em segurança defendem que o controle do horário é uma ferramenta importante, mas insuficiente sozinha. É necessário, segundo eles, ampliar ações preventivas, como o monitoramento de reincidentes e campanhas de conscientização sobre os riscos da combinação entre álcool, impulsividade e conflitos interpessoais.


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