Diplomado como presidente eleito do Brasil, nesta segunda-feira (12/12)l para começar a governar a partir do dia 1º de janeiro de 2023, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não se conteve e por diversas vezes chorou em seu discurso. Disse que sua vitória não era apenas dele, nem dos partidos que o acompanharam e sim, do povo brasileiro que ‘reconquistou o direito de viver em democracia’.
“É um diploma de uma parcela significativa do povo que reconquistou o direito de viver em democracia neste país. Vocês ganharam este diploma”, destacou, agradecendo e lembrando que se tratava de sua terceira eleição para presidente da República sem antes ter de interromper para beber um copo d’água e enxugar as lágrimas.
“Eu quero pedir desculpas a vocês pela emoção porque quem passou o que eu passei nestes últimos anos está aqui é a certeza que Deus existe”, disse indo aos aplausos das pessoas no auditório. Alguns tentavam entoar o canto da eleição com “Ole ole ole olá… Lula Lula”.
Ao continuar o discurso, chamou seu vice, Geraldo Alckmin de “querido” e garantiu que junto à ele, irão construir um Brasil melhor no futuro. “Com garantias de dignidade e qualidade de vida para todos os brasileiros sobretudo para as pessoas mais necessitadas. Quero dizer que muito mais que a cerimônia de diplomação de um presidente eleito, essa é a celebração da verdadeira democracia”, destacou.
Cuidados com a democracia que esteve ameaçada
Lula dedicou parte de seu discurso para destacar sua preocupação com a ordem democrática. “Poucas vezes na história recente deste país a democracia esteve tão ameaçada e a vontade popular foi tão colocada a prova e teve de vencer todos os obstáculos para enfim, ser ouvida”, salientou.
O petista comparou a política democrática a produção de uma colheita. “A democracia precisa ser semeada e cuidada com muito carinho por cada um para que a colheita seja generosa para todos. Além de semeada e cultivada com muito carinho, a democracia precisa ser defendida daqueles que tentam a qualquer custo sujeitá-la aos seus interesses e ambições de poder”, ponderou.
Para ele, brasileiros se uniram em torno de uma grande frente ampla que pudesse recuperar a ordem democrática e botar um ponto para sua retomada. “Felizmente, não faltou quem defendesse neste momento tão grave a nossa democracia”, ponderou.
Lula não cita Bolsonaro, mas diz que ‘inimigos da democracia’ lançaram dúvidas sobre as urnas eletrônicas
Sem citar Bolsonaro, Lula fez questão de colocar aqueles que ‘lançaram dúvidas sobre as urnas eletrônicas’ como inimigos. Mas não apenas. Destacou episódios em que eleitores tiveram dificuldades em chegar ao seu colégio eleitoral para votar, bem como rememorou assédio eleitoral em que empregadores chegaram a ameaçar funcionários de demissão caso Bolsonaro não levasse as eleições.
Também lembrou que apesar de tudo o que viveu em uma eleição que praticamente não se debateu políticas públicas, a democracia, ainda assim, venceu. “Quando se esperava um debate político e democrático, a nação foi envenenada com mentiras produzidas no submundo das redes sociais. Eles semearam a mentira e o ódio e o país colheu uma violência política que só se viu nas páginas mais tristes da nossa história e no entanto, a democracia venceu”, destacou.