12 de agosto de 2024
Especial • atualizado em 13/02/2020 às 01:36

As diferentes coberturas jornalísticas sobre educação na América Latina

Em uma breve contextualização sobre a educação na América Latina desde o século passado até agora, existem diferenças e semelhanças entre Brasil, Chile e Argentina. Durante o 1º Congresso de Jornalismo em Educação (Jeduca), realizado em São Paulo, nesta quarta-feira (28), editores de jornais internacionais traçaram um panorama sobre como funciona a cobertura jornalística em seus países de origem. 

Elizabeth, Simonsen do jornal La Tercera, ressaltou como a educação funcionava antes e durante a ditadura. Com a ascensão da democracia, a educação continuou com o viés de não atender de forma efetiva as crianças e adolescentes. Isso mudou quando, em 2006, houve a primeira manifestação estudantil, chama de ‘El peregrinazo’, com duras críticas sobre a educação que era oferecida no Chile para a educação básica e Ensino Médio. 

Nessa linha, em 2011 foi realizada outra manifestação, que ganhou grandes proporções e atingiu nível nacional. Desta vez, a discussão foi sobre a necessidade de fazer com que o Ensino Superior passasse a ser gratuito. 

‘Em 2014, durante as eleições presidenciais, o tema educação foi decisivo. A previsão é de que as próximas eleições também tenham esse poder de definição referente às propostas políticas, principalmente o financiamento e a gratuidade do Ensino Superior’, afirmou Elizabeth.

Diferente do Chile, o debate sobre educação não está presente na política na Argentina. Também fazendo um breve apanhado sobre a história da educação no país, o jornalista Ricardo Braginski, do jornal Clarín, ressaltou que em 1930, 60% dos estudantes estavam matriculados na rede pública primária. O número, inclusive, era melhor que os dados brasileiros à época.

Em 1960, a Argentina atingiu a excelência na educação universitária quando estudantes ganharam o Nobel de Ciências. Em 2010 surgiu a Lei de Financiamento da Educação, que previa que pelo menos 6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país deveria ser repassado à educação.

Entre os desafios a serem enfrentados pelos argentinos está a evasão escolar, problema muito recorrente no Brasil. “Estes são jovens que não conseguirão entrar no mercado de trabalho”, afirmou Ricardo.

Dados

Nos anos 90, 75% dos estudantes estavam matriculados na rede pública de educação; 20%, em escolas conveniadas ao Estado; e 5%, em instituições privadas do Chile.  Em 2006, o número de matriculados em escolas públicas caiu para 46,5% e subiu para 45% em colégios privados. Dez anos depois, apenas 36% dos estudantes estavam matriculados em instituições públicas. 

Cobertura 

Os grandes desafios da cobertura jornalística no Chile, segundo Elizabeth, são: fazer com que a temática deixe de ter o tom politizado, que adquiriu nos últimos anos, e seja mais técnico e informativo.

Já na Argentina, a cobertura jornalística tenta ganhar espaço nos veículos. Nas palavras de Ricardo, as matérias de educação precisam ser de “fácil impacto”, assim como as notícias que envolvem celebridades, etc; e de interesse do leitor. Além disso, o imediatismo também é um dos desafios para a veiculação de matérias, de fato, informativas.

“Com o imediatismo recorrente, não há tanto tempo para matérias especiais e de profundidade. É mais uma questão de estrutura do que o perfil dos jornalistas ou motivação de cada um. A educação não está dentro das prioridades dos jornais e da política”, destacou o editor.

No Brasil

Durante o debate, os jornalistas foram questionados sobre a repercussão dos movimentos estudantis no Brasil em 2015 e 2016, como a ocupação de escolas por secundaristas. Segundo Ricardo, o fato não ganhou notoriedade na imprensa internacional, sobretudo argentina, devido ao fato de não ter uma editoria de Educação específica na maioria dos jornais.

Algumas vezes as matérias sobre educação são noticiadas na categoria de Educação, Internacional. Em outros casos, as ocupações foram retratadas em jornais internacionais mais no sentido de análise da política nacional. “No geral não teve muito impacto”, finalizou Ricardo.

A jornalista viajou a convite do Instituto Unibanco*

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