23 de dezembro de 2024
"Absurdo" • atualizado em 21/01/2023 às 08:36

Arquitetos reclamam de ação da Prefeitura de Goiânia em prédio do IAB

Ex-presidente do local que tentava reformá-lo considerou a ação do Poder Público 'absurda'
(Foto: Cortesia ao DG)
(Foto: Cortesia ao DG)

Arquitetos de Goiânia estão revoltados com uma ação da Prefeitura de Goiânia que provocou a demolição de parte do prédio do Instituto de Arquitetos do Brasil de Goiás, no Setor Universitário, nesta quinta-feira (19/01). De acordo com o professor Renato Rocha, ao Diário de Goiás sequer houve comunicado prévio da ação.

Ele explica que o prédio começou a ser construído em 2010 mas a obra acabou sendo interrompida por conta da falta de verba. Desde 2014, o Instituto estava sem diretoria e Renato vinha tentando dar continuidade à construção do local e empossar um novo conselho para tocar a estrutura. 

Renato explica que além de ser um espaço voltado para arquitetos também a ideia era que fosse voltado para a cultura. “Uma parte era para reuniões do IAB e o restante seria destinado para cursos além de ser um espaço cultural para o Setor Universitário., explica”

Revoltado, ele lamenta a ação da Prefeitura. “Uma coisa é você retirar as pessoas que estavam ocupando o local. Outra coisa, é destruir o prédio que é privado”, explica. “A gente estava organizando uma nova eleição. Já estavamos em contato com empresas para fazer a reforma do local”, explica.

O assunto ganha contornos sentimentais porque a obra era assinada pelo arquiteto João da Gama Filgueiras Lima, o Lelé. “Ele trabalhou muito tempo com o Oscar Niemeyer e assinou obras por todo o Brasil. Antes dele morrer, eu prometi à ele que terminaria seu projeto”, pontuou. Renato, agora, tenta uma agenda com o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) para avaliar o que pode ser feito. Ele garante, no entanto, que entrará com um processo no Ministério Público para reparar os danos da ação. 

Renato também diz que trata-se de um absurdo a intervenção da administração municipal no prédio e alega desconhecimento dos gestores públicos com relação à estrutura. “Falei com pessoas dentro da Prefeitura e alguns me disseram que eles achavam que lá era um edifício da Prefeitura e por isso não houve aviso prévio”, desabafa.

Obra estava abandonada e foi embargada há quase 20 anos, afirma Prefeitura

Em nota enviada após a publicação desta matéria, a Prefeitura de Goiânia disse que a obra do IAB estava inacabada, abandonada e irregular e foi embargada em 2004 por não ter licenciamento para construção. “Nunca foi objeto de regularização junto à administração municipal por parte dos responsáveis”, destaca.

Em 2013, foi constatado pela fiscalização municipal que o imóvel esava em estado de abandono e em condições insalubres, o que poderia provocar insegurança para moradores e transeuntes do local. A demolição, de acordo com a Prefeitura de Goiânia, veio à partir desse contexto e se baseou no Código de Posturas e Edificações do Município.

Leia a nota na íntegra:

– A ação de demolição, na última quarta-feira (20/01), foi realizada em obra inacabada, irregular e abandonada, embargada desde 22 de novembro de 2004 por falta de licenciamento para construção, e nunca foi objeto de regularização junto à administração municipal por parte dos responsáveis.

– Em 28 de fevereiro de 2013, foi constatado pela fiscalização municipal que o imóvel encontrava-se em estado de abandono, em condições insalubres e a gerar insegurança para moradores e transeuntes que passavam pelo local. Além disso, foram encontrados vestígios da utilização por usuários de drogas.

– Assim, teve início processo administrativo tendo em vista providências por parte dos responsáveis, o que gerou notificação e autuação por parte da Prefeitura de Goiânia, conforme preceituam os Códigos de Posturas e de Edificações do Município. Isso levou à demolição da edificação.

– Por fim, ressaltamos que, durante a operação, técnicos da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (Sedhs) acompanharam toda a ação e ofertaram abrigo às pessoas que utilizavam o local como abrigo temporário.


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