O arcebispo metropolitano de Goiânia, Dom Washington Cruz, decretou que as atividades das Igrejas Católicas, em Goiânia, deverão ser suspensas a partir desta segunda-feira (01º/03). A decisão se dá após as prefeituras da região metropolitana anunciarem, de maneira conjunta, o lockdown das atividades não essenciais. O texto, no entanto, contesta que as Igrejas não sejam consideradas como tal.
No texto das prefeituras, as Igrejas não deverão abrir suas portas, sem concessão. Antes, elas poderiam abrir com recebendo 30% da capacidade. No entanto, poderão realizar atendimentos às famílias em suas casas com datas pré-agendadas.
“Determino […] que, nas localidades onde houver indicações de necessidade epidemiológica de lockdown, haja suspensão de todas as celebrações e eventos religiosos com participação do povo da Igreja Católica na Arquidiocese de Goiânia, a partir do dia 1º de março de 2021 e até decisão ou orientação diversa”, pontua o texto.
No texto, Washington reconhece a situação calamitosa que Goiânia vive e que respeita os termos inseridos no decreto, mas cobra que as Igrejas sejam consideradas como serviços essenciais.
“Ninguém desconhece que a prática religiosa é extremamente necessária para fortalecer o espírito e ajudar a vencer as dificuldades da própria pandemia. A Sagrada Eucaristia e a prática religiosa são o remédio e o conforto extremamente necessários para vencer este momento doloroso que estamos vivendo”, destaca o texto. O Arcebispo, no entanto, destaca a ‘estranheza’ que “celebrações litúrgicas ou culturais não tenham sido consideradas essenciais”.
Existem dois projetos em que os parlamentares pedem para que as igrejas sejam consideradas serviços essenciais. Uma, de autoria do deputado estadual Jeferson Rodrigues (Republicanos), na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) e outra do vereador Dr. Gian (MDB) na Câmara dos Vereadores em Goiânia. Ambos defendem que igrejas possam abrir suas portas mesmo em situação de calamidade.
Em entrevista ao Diário de Goiás, o Conselho Regional de Psicologia (CRP), acompanha as conversas sobre as leis de perto, mas salienta que a igreja não tem papel de prestar serviço psicológico, como os líderes religiosos querem justificar. “O atendimento psicológico é muito além de somente templo religioso. Nossa preocupação é o entendimento de que a igreja, sozinha, daria conta de atender essa demanda, que é multifatorial”, disse o presidente da Comissão de Direitos Humanos do CRP, Cândido Oliveira.
Ele explica que não se posiciona contra a lei, mas à forma de comunicação do papel da igreja. “Queremos dialogar com deputados para que haja cuidado na comunicação. Não vejo problema em tornar as igrejas ou templos religiosos em atividade essencial, desde que seja esse cuidado no trato do que é saúde mental, do que é o sofrimento do sujeito”, destaca.
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