O presidente interino, Hamilton Mourão, disse que as suspeitas envolvendo o senador eleito Flavio Bolsonaro (PSL-RJ) devem ser apuradas e que ele deve ser punido, se houver necessidade.
“Apurar e punir, se for o caso”, disse ao ser questionado sobre a declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre o filho, feita em Davos, na Suíça.
Bolsonaro disse nesta quarta-feira (23) em entrevista à agência Bloomberg que eventuais irregularidades cometidas por seu filho terão de ser punidas.
“Se por acaso ele errou e isso for provado, lamento como pai, mas ele terá de pagar o preço por esses atos que não podemos aceitar”, afirmou Bolsonaro.
Mourão negou que o presidente tenha demorado muito para comentar o caso.
“Não, eu acho que o presidente já tinha declarado isso na primeira vez que surgiu esse assunto. Quase certeza que ele falou isso [sobre punição]”, disse ao deixar o Palácio do Planalto.
O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) considerou suspeitos 48 depósitos feitos em dinheiro na conta de Flávio. Os depósitos, sempre no valor de R$ 2.000, totalizando R$ 96 mil, foram feitos em junho e julho de 2017 no autoatendimento da agência bancária que fica dentro da Assembleia Legislativa do Rio.
De acordo com Flávio, o dinheiro é parte de um pagamento em dinheiro que recebeu ao vender um imóvel em Laranjeiras. Como mostrou a Folha de S.Paulo, Flávio fez 20 transações imobiliárias em 15 anos, lucrando com a compra e venda de imóveis em curto período de tempo.
De 2002 a 2018, seu patrimônio declarado à Justiça Eleitoral passou de um Gol 1.0 de R$ 25,5 mil para quase R$ 1,75 milhão em bens.
Flávio justifica o patrimônio por ser empresário, mas não detalhou suas atividades no ramo. Seu primeiro negócio registrado é uma filial da loja de chocolates Kopenhagen, aberta em 2015. Antes disso, porém, ele já acumulava imóveis e transações.
O órgão de combate à lavagem de dinheiro também identificou movimentação atípica na conta de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio e amigo da família Bolsonaro. Queiroz recebeu, por exemplo, transferências de outros funcionários do gabinete de Flávio e deu um cheque de R$ 24 mil à primeira-dama Michelle Bolsonaro.
A situação política de Flávio se agravou nesta terça-feira (22), após ter sido deflagrada no Rio uma operação do Ministério Público para prender suspeitos de chefiar milícias na cidade. O deputado empregava como assessoras em seu gabinete, até novembro do ano passado, a mãe e a mulher do ex-capitão da PM Adriano Magalhães da Nóbrega, 42, um dos alvos da operação e que está foragido.
Segundo Flávio, Queiroz, que também é ex-policial, foi quem indicou as mulheres para trabalharem no gabinete. (TALITA FERNANDES, BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
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