Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (16) mostra as mesmas tendências do cenário revelado no levantamento da Atlas Intel divulgado na terça (15): a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em recuperação após a reação do governo às medidas restritivas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e após a campanha de taxação de super-ricos impulsionada pela base do petista
O percentual dos brasileiros que aprovam o governo subiu de 40% para 43%, a melhor reação da avaliação depois uma sequência de quedas ocorridas na avaliação de Lula de julho de 2024 para cá, no monitoramento da Quaest.
Já a Atlas Intel aponta que a aprovação do governo subiu de 47,3% para 49,9%, dentro da margem de erro de dois pontos percentuais em apuração feita de sexta a domingo (11 a 13).
Desaprovação recua
A desaprovação do governo também recuou. Na Quaest, numericamente, a reprovação a Lula saiu de 57% para 53% em relação à pesquisa anterior, divulgada em 4 de junho.
Pela Atlas Intel, a queda na reprovação foi de 1,5 ponto percentual em relação a levantamento feito no final de junho. A pesquisa teve parceria com a Latam Pulse e a Bloomberg e ouviu 2.841 pessoas por questionário online, com margem de erro de 2 pontos percentuais e nível de confiança (chance de os resultados refletirem a realidade nesses parâmetros) de 95%.
Já a Quaest ouviu 2.004 pessoas presencialmente entre os dias 10 e 14 de julho, cobrindo o impacto da opinião pública sobre o “tarifaço” anunciado pelo presidente americano contra produtos brasileiros no dia 9. O nível de confiança na amostra é de 95%.
A nova rodada Quaest ainda indica que o percentual dos que consideram o governo Lula negativo caiu de 43% para 40%. Os que se veem a gestão de forma positiva passaram de 26% para 28%, mesmo índice dos que avaliam o governo como regular.
Recortes da pesquisa mostram que perspectiva de reversão da crise de imagem que o governo Lula vinha enfrentado ocorreu sobretudo entre mulheres, de classe média, meia-idade e que identificam politicamente mais ao centro.
A pesquisa aponta que as taxas permaneceram quase idênticas entre quem ganha até dois salários mínimos, demonstrando dificuldade em ter mais aprovação entre os mais pobres. Por outro lado, avaliação positiva de Lula avançou entre brasileiros que recebem de dois a cinco salários mínimos, faixa de renda que seria beneficiada com a proposta de isenção do Imposto de Renda.
O cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest, analisou os resultados, enfatizando que a recuperação do governo se destacou na classe média, com maior escolaridade, em especial do Sudeste. Trata-se de um público politicamente que, em geral, não apoia o presidente.
São os segmentos mais informados da população, que se percebem mais prejudicados pelas tarifas de Trump, e que consideram que Lula está agindo de forma correta até aqui, por isso passam a apoiar o governo – Felipe Nunes, CEO da Quaest
Taxação dos mais ricos
A Quaest revelou que cerca de dois terços dos entrevistados concordam que os mais ricos devem pagar mais impostos para diminuir o peso dos tributos aos mais pobres. E 75% se mostram a favor de ampliar a faixa de isenção do IR, percentual que cai para 60% quando a pergunta envolve a elevação do mesmo imposto aos chamados “super-ricos”.
Já sobre o “tarifaço” da Casa Branca, 44% veem Lula “mais certo” no embate com Trump, enquanto 29% pensam o mesmo sobre as teses bolsonaristas que dão razão ao norte-americano. A percepção entre quem diz não ter posicionamento político, seja de esquerda ou de direita, repete o resultado segundo a pesquisa.
Por outro lado, quase oito entre 10 brasileiros acreditam que o revés anunciado pelo presidente americano prejudicará de alguma forma as suas vidas e 84% dos entrevistados gostariam que governo e oposição trabalhassem juntos para enfrentar o problema.
IOF
A rodada anterior da Genial/Quaest ocorreu após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciar a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e recuar parcialmente de alguns trechos.
Depois, Lula editou as medidas provisórias relativas ao imposto, mas sofreu uma significativa derrota política no Congresso, onde os decretos foram derrubados com o surpreendente apoio de partidos da situação. Enquanto o assunto foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF), apoiadores do governo emplacaram nas redes sociais uma campanha por justiça tributária ancorada no discurso de “ricos contra pobres”, que respingou no Legislativo.
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