07 de agosto de 2024
Covid-19 • atualizado em 14/07/2022 às 14:30

Aprovação do uso emergencial da CoronaVac para crianças de 3 a 5 anos é positiva, avaliam especialistas

Infectologistas falam em "segurança" e em bloqueio da disseminação do vírus nas escolas
Especialistas destacam que vacina, além de segura, é eficaz (Foto: Claudivino Antunes/Aparecida de Goiânia)
Especialistas destacam que vacina, além de segura, é eficaz (Foto: Claudivino Antunes/Aparecida de Goiânia)

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta quarta-feira (13/7) a ampliação da autorização de uso emergencial da vacina CoronaVac, para crianças na faixa etária de 3 a 5 anos de idade. Agora, as crianças nesta faixa etária poderão ser vacinadas no Brasil com a mesma dose que hoje já é aplicada nas faixas etárias de 6 a 17 anos e nos adultos. Sobre o assunto, o Diário de Goiás conversou com dois infectologistas, que avaliaram a medida como bastante positiva.

A infectologista e também pediatra Letícia Aires destaca a aprovação como excelente. “Vai ser muito bom pelo o que está acontecendo agora. Com todas as doenças, quando se tem vacina e uma faixa deixa de ser vacinada, a doença se desloca de faixa etária e começam a surgir mais casos na faixa que não é habitual. Exemplo disso foi o que aconteceu no começo da vacinação dos idosos: a doença foi se deslocando para faixas etárias mais jovens e agora vemos muitos casos em crianças”, detalha. 

A especialista alerta que, mesmo que nas crianças a Covid-19 possa se apresentar em formas mais leves, não deixa de ser uma doença que pode resultar em síndrome inflamatória, a chamada SIMP, que pode ser muito grave. “Quanto menor a criança, mais grave pode ser a doença, então sem dúvidas a vacinação é muito importante e não há contraindicação”, destaca.

Aires pontua ainda que as crianças podem atuar como vetores de transmissão para pessoas de risco e com comorbidades. “O vírus circula muito entre as crianças. O que estamos vendo são muitos problemas nas escolas, muitas crianças com Covid-19, que estão disseminando o vírus. Então a vacina também é importante para que as escolas funcionem com mais tranquilidade”, avalia. 

O médico infectologista Marcelo Daher também vê com muito bons olhos a aprovação da respectiva vacinação e também a sua produção no Brasil. “A tecnologia não é brasileira, mas está sendo produzida no Brasil, com uma tecnologia mais antiga, porque é feita com vírus inativado, que é um método de fazer vacina muito mais antigo. Normalmente esse tipo de vacina, induz menos anticorpos, mas os trabalhos mostram que o número de anticorpos ou o nível de anticorpos produzidos pela vacina Coronavac é suficiente para proteção das crianças e, além disso, mais fácil de ser produzida e que traz proteção”, destaca.

O especialista lembra que esta vacina já vem sendo utilizada em crianças acima de 3 anos em alguns países do mundo. “Os mais próximos de nós aqui são o Chile e a Colômbia, que já vêm utilizando a vacina Coronavac em crianças desta faixa etária, com grande sucesso e segurança”, afirma. 

Daher pontua ainda que o mais importante com relação à referida aprovação é que a Coronavac é uma vacina segura para ser aplicada em crianças e é eficaz. “Além da segurança que é um critério fundamental, a eficácia dela também acontece. A gente realmente espera que outros trabalhos e provavelmente devem sair com crianças menores, porque não há, em tese, o que impeça que a vacina seja protetora em crianças até menores do que três anos. Estamos diante de uma perspectiva positiva para a redução de quadros de Covid-19 em crianças menores até mesmo que 3 anos, no momento entre 3 anos e 5 anos. Essa aprovação foi maciça e deve começar a ser utilizada, em breve, esperamos”, avalia.

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Entenda

Para a avaliação desta nova indicação para o imunizante contra Covid-19, a Anvisa analisou e buscou todos os dados disponíveis sobre a vacina e seu uso em crianças. A análise contou com as informações submetidas pelo Instituto Butantan, com dados de pesquisas feitas no Chile, onde a vacina já é utilizada nesta faixa etária, resultados de pesquisas sobre vacinação contra Covid-19 no Brasil, pareceres das sociedades médicas convidadas, evidências de vida real e dados de literatura científica publicados.

Em voto proferido pela diretora relatora, Meiruze Freitas, afirmou que: “Acredito que devido ao histórico de uso extensivo da vacina CoronaVac em crianças de 3 a 17 anos na China e no Chile, em crianças e adolescentes de 6 a 17 anos no Brasil e entre outros países, sem que tenham surgido alertas de segurança, considero que os gestores de saúde, com base na análise da circulação viral e das necessidades de saúde pública, podem orientar a vacinação com a CoronaVac em crianças a partir dos 3 anos de idade, principalmente na população de maior risco e vulnerabilidade. Pela totalidade das evidências, concluo que os benefícios conhecidos e potenciais da vacina CoronaVac superam seus riscos para ampliar a aplicação da vacina em crianças com 3 anos ou mais”, destaca.


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