O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), admitiu nesta quarta-feira (21) que cortes no orçamento da secretaria de Conservação e Meio Ambiente prejudicaram a manutenção de bueiros e galerias que poderiam ter ajudado no escoamento da água.
Nesta terça (20), a capital fluminense registrou o maior volume de chuva para o mês de junho dos últimos 20 anos, o que provocou pontos de alagamento e interdições em vias.
“Sem sombra de dúvidas a nossa crise, a nossa falta de recursos, agrava a situação da conservação. A prioridade é a saúde e a educação. Estamos, neste momento, enfrentando uma coisa atípica. A gente tinha imaginado que as chuvas teriam acabado em março. As galerias vão ter que ser revistas, sobretudo na zona sul, onde tivemos alagamentos inesperados, imprevisíveis. Eu nunca imaginei ver essa área tão cheia. Tivemos surpresas e vamos tomar providências”, disse o prefeito.
O responsável pela pasta, secretário Rubens Teixeira, anunciou em maio um corte de 66,3% no orçamento deste ano: dos R$ 313,3 milhões previstos, serão aplicados R$ 105,4 milhões.
A Prefeitura promove um amplo ajuste fiscal. A justificativa para os cortes é a crise nos cofres municipais. O rombo estimado no orçamento é de R$ 4 bilhões.
Em visita ao Cosme Velho, onde houve o desabamento de um barranco, o prefeito avaliou que a cidade “passou no teste” das chuvas.
“Acho que passamos no teste, com exceção de alguns desabamentos localizados, como este aqui no Cosme Velho. E um dos moradores me disse que já havia uma reclamação deles de longo tempo e não foi tomada nenhuma providência. A cidade resistiu. Agora estamos na fase de esperar a chuva se acalmar. A previsão é que de tarde não tenha mais chuva. E também a maré baixando, que é importantíssimo para o escoamento de água pluvial”, disse Crivella.
TEMPESTADE
A chuva forte que atingiu a capital fluminense nesta terça prejudicou o retorno do carioca para casa em razão dos vários pontos de alagamentos espalhados pela cidade.
Onze estações pluviométricas registraram maior volume de chuva do que o esperado para todo o mês de junho, segundo o Sistema Alerta Rio, como as de Saúde, Jardim Botânico, Santa Teresa, Laranjeiras, Recreio, São Cristóvão, Jacarepaguá/Cidade de Deus, Ilha do Governador, Grajaú, Tijuca/Muda e Barra/Riocentro.
O bairro do Jardim Botânico foi um dos mais afetados. Na rua Jardim Botânico, a água chegou a atingir o topo das rodas dos carros. Pedestres se penduraram nas grades do parque para se proteger.
Em apenas cinco horas, o bairro, que tem o mesmo nome, registrou chuva acima da média esperada para todo o mês de junho.
As características de declive do Jardim Botânico fazem as águas descerem rápido e carregando muitos detritos, situação que entope galerias e ralos das vias e dificulta o escoamento das águas pluviais.
A Lagoa Rodrigo de Freitas também transbordou. Em geral, ela é um dos principais pontos de escoamento para o mar da chuva que desce do Maciço da Tijuca pelo Jardim Botânico, mas nesta terça, o mar estava de ressaca, então o contrário aconteceu: o mar jogou mais água na Lagoa.
As fortes chuvas no Maciço da Tijuca e a maré cheia também afetaram a região da Grande Tijuca. O rio Maracanã transbordou em alguns pontos, interditando trechos da avenida Maracanã.
Bolsões de água foram registrados em diversas vias de bairros como Botafogo, Jardim Botânico, Ipanema, Laranjeiras, Lagoa, Flamengo, Catete, Copacabana, Vila Isabel, Maracanã, Tijuca, Usina, Rio das Pedras, Saúde e Santo Cristo.
Uma árvore caiu na rua Marquês de Abrantes, na altura do metrô do Flamengo; uma barreira na rua Cosme Velho, na altura do Corcovado; O VLT teve as linhas 1 e 2 paralisadas devido à chuva.
Segundo a Prefeitura, as pancadas de chuva que atingiram o Rio na tarde e noite de terça foram provocadas pelos ventos em altitude, umidade e a passagem uma frente fria pela cidade, somadas à topografia do Rio.
Para esta quarta-feira, a previsão é de chuva fraca a moderada, ocasionalmente forte, em pontos da cidade.
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