12 de setembro de 2024
Entrevista exclusiva

Após reunião com Daniel Vilela, Gustavo Mendanha revela condição para voltar ao MDB

Ex-prefeito de Aparecida de Goiânia pode até abrir mão da disputa ao Palácio das Esmeraldas em 2026, mas quer garantias que estará presente na chapa majoritária
Gustavo Mendanha, em campanha ao Palácio das Esmeraldas na corrida eleitoral em 2022 (Foto: Rodrigo Estrela)
Gustavo Mendanha, em campanha ao Palácio das Esmeraldas na corrida eleitoral em 2022 (Foto: Rodrigo Estrela)

Estremecida desde antes das eleições de 2022, a relação entre o vice-governador Daniel Vilela (MDB) e o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (Patriota) está ganhando novos contornos. Antes vista mais como desejo de “interlocutores” do que dos próprios atores, a aproximação entre ambos agora é uma realidade com um encontro realizado antes do feriado de Tiradentes, na semana passada.

Ao Diário de Goiás, Gustavo Mendanha revela que o encontro foi amistoso e serviu pelo menos para uma coisa: a retomada da relação de amizade que ambos tinham e ficou maculada com decisões tomadas ainda no período pré-eleitoral a 2022. Agora, no entanto, ambos partem para novos rumos no diálogo. “Foi uma conversa madura e muito produtiva”, garante.

Se existe certeza de que a relação de amizade está sendo reconstruída, faltam algumas etapas para que o diálogo político com seu retorno ao MDB consolidado. Gustavo Mendanha revela que quer ter “segurança” de que poderá construir seu futuro político no partido. E existem condições que ele coloca à mesa: até abre mão de uma candidatura ao Palácio das Esmeraldas para apoiar Daniel Vilela, mas quer garantias de que poderá ser vice ou mesmo uma cadeira ao Senado Federal. 

Uma próxima conversa entre ambos que deverá ocorrer nos próximos dias, terá a política como pauta: e até lá, Mendanha pretende conversar com seu grupo. “Sou uma pessoa que ouve muito aqueles que me acompanham”, ressalta. Há também outros convites à mesa: tanto PL, de Wilder Morais, como o PSD, de Vilmar Rocha e Vanderlan Cardoso querem o seu passe para os próximos pleitos.

Veja a entrevista na íntegra com Gustavo Mendanha, ex-prefeito de Aparecida de Goiânia:

Domingos Ketelbey: Como foi sua conversa com o vice-governador Daniel Vilela? Se encontraram pessoalmente?

Gustavo Mendanha: Foi uma conversa que quebrou o gelo. Falamos sobre a história de nossos pais. Depois, conversamos sobre política, da importância de eu retornar ao partido. Coloquei a minha dificuldade, sobre ter disputado a eleição [contra o governador], das pessoas que me ajudaram. Mas eu gostei da conversa, acho que o Daniel cresceu muito. Quebrou o gelo e talvez facilite o caminho no futuro. Eu disse a ele que iria conversar com as pessoas próximas a mim. Sou um cara participativo com meu grupo e vou tomar uma decisão dessas ouvindo essas pessoas. O gesto do Daniel foi muito nobre e a conversa foi produtiva. Não vou dizer inesperado, mas não imaginava ele fazer isso tão cedo. Fiquei feliz, mais do que o retorno ao MDB, a relação que eu tenho com ele é mais forte do que a partidária. Fiquei feliz e com alma leve em reatar essa relação de amizade. Vou conversar e escutar as pessoas que foram importantes para mim e no futuro a gente discutir isso.

DK: O retorno ao MDB já é algo real e está no seu horizonte?

Gustavo Mendanha: Eu tenho conversado com o PL e com o PSD. Talvez seja um defeito mas eu sou muito transparente. Eu tenho outros caminhos. Claro, é uma pessoa que eu gosto, respeito e tenho admiração que a gente possa ter o entendimento, isso facilita o retorno ao partido. Tirando a parte da amizade, eu construi um patrimônio. Eu tive uma votação expressiva. Para voltar ao partido eu tenho de ter o mínimo de segurança com relação ao futuro político. Temos as próximas eleições municipais que talvez possam ser dificeis, mas também é um caminho. Mas temos a eleição de 2026, numa próxima conversa, eu vou ter que focar nisso para ver se de fato existe o entendimento que eu possa vir a ser um player dentro do partido que passam pela minha cabeça. Do ponto de vista pessoal, isso facilita o encaminhamento para o futuro. Um retorno ao partido no entanto, faria eu refazer meus projetos pensando em 2026 ou a possibilidade de ser prefeito em 2024 se houver espaço para isso. Tendo essas seguranças facilita muito o caminho para retorno.

DK: Quando o senhor diz sobre segurança, é continuar seu caminho de oposição?

GM: Não, se eu vou para o partido, eu entendo que ele esteja com o governo, não tem como eu querer mudar. Minha postura com o Caiado também é de respeito. A questão maior é se eu terei espaço para disputar eleições que com exceção da de governo, que o Daniel já está lá, tenha possibilidade. Eu tenho que ter segurança com relação aos meus projetos e meus espaços. Melhor eu ter uma boa relação com o Daniel e buscar outros caminhos.

DK: O senado seria um outro caminho?

GM: Pode ser o senado, pode ser até a vice. A primeira questão agora e é o que estou focado, inclusive amanhã eu vou a Brasília para ter uma conversa que é a questão das eleições municipais. Será que existe espaço para mim se eu resolver minha situação e ser candidato a prefeito pelo MDB? Eu não tive essa conversa ainda. Será que o partido tem outro projeto? No mínimo, eu preciso participar das eleições majoritárias em 2026. Se existe o espaço, facilita o entendimento de voltar ao partido. Se não existir, talvez ter uma boa relação com o Daniel, já está sendo um grande ganho não do ponto de vista político mas pessoal. Tendo espaço, é conversar com as pessoas que estão próximas a mim e expor as possibilidades. Nos próximos dias eu vou voltar a falar com o Daniel para ver essa questão política. Vamos focar na política nos próximos encontros.

DK: Se esse eventual aval jurídico sobre disputa em Goiânia, o MDB poderia ser seu caminho?

GM: Para mim sim. Teria de entender se para o MDB também é. Eu sei que a Ana Paula também é um player importante para o partido se ela resolver disputar a eleição tenho de ver se convém ir para o partido. Talvez independente disso, já fazer uma eleição para 2026. Estou aberto para conversar e vou dizer que estou desarmado. O que preciso saber é se o partido vai oferecer espaço e condições para disputar eleições, seja municipal se for liberado ou pensando no mínimo de um espaço na majoritária em 2026.

DK: Então, passa pela sua decisão garantias de uma candidatura em 2026, não necessariamente ao Governo…

GM: Se eu for para o partido e não tiver espaço, não tem porque eu ir para o partido. A boa relação com o Daniel e eu acho que a conversa que a gente tá tendo com muito amadurecimento pode ser que eu o apoie a governador. Vai depender do meu sentimento e da conversa com meu grupo. Isso pode acontecer também.

DK: O senhor citou outras possibilidade. O PL nem tanto, mas o PSD está na base do governador…

GM: Sim, tudo pode acontecer. Uma coisa que já passou o capítulo é que retomamos a nossa relação e eu fico feliz com isso. Termos um amadurecimento nesse sentido e reatar a amizade que é mais imortante.

DK: Quando que ambos vão tirar a foto oficial da reaproximação?

GM: (Risos) Isso não foi pensado. Mas pode ser que nessa semana ou na próxima a gente tenha um novo encontro e talvez até tiremos uma foto para publicar.

DK: Essa sua reaproximação com o Daniel, facilita apoio de Mendanha e Caiado, juntos, à reeleição de Vilmar Mariano?

Eu acho que primeiro ele precisa se viabilizar politicamente para saber se o governador ou o Daniel vão querer apoiá-lo. O meu retorno ao MDB ou minha reaproximação de amizade com Daniel não tem absolutamente nada a ver com o Vilmar. É minha com Daniel. Acho que Aparecida vai ficar para um outro momento. Agora, o Vilmar terá de consolidar o trabalho, a imagem e a governabilidade. O governador parece não entrar num projeto que não tenha solidez, o Vilmar precisará construir isso para buscar seus apoios. 

DK: O que achou dos últimos ajustes que Vilmar fez e que ele tem acenando fazer?

O Einstein Paniago [novo secretário da Fazenda] estava no meu governo embora eu já tenha dito que não queria ter nenhum bônus de alguém em alguma secretaria. O ônus também eu não vou pegar. Ele é uma pessoa capaz e que tem condição de fazer um trabalho. O Vilmar precisa de entender a engenharia política e administrativa para conseguir. Eu sei que não é fácil. Eu sucedi ao Maguito e não vou me comparar com o Maguito. Para a cidade o feito dele é muito maior que os meus, mas eu deixei um legado e suceder alguém que tenha uma avaliação alta não é fácil. O Vilmar tem que encontrar essa capacidade não só de trabalho mas também de fazer política.


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