Depois de 11 dias do início da rebelião no presídio de Alcaçuz, em Nísia Floresta (RN), o governo do Rio Grande do Norte confirmou nesta quarta-feira (25) que 56 presos fugiram durante o motim. O número de fugas foi confirmado em recontagem de presos feita na terça-feira (24) após operação de intervenção e retomada do controle do presídio. Dos 56 presos que fugiram, quatro foram recapturados.
A operação para recontagem e revista dos presos foi iniciada às 10h desta terça. Homens do Bope, Tropa de Choque e Grupo de Operações Especiais da Secretaria de Justiça e Cidadania entraram na unidade usando bombas de efeito moral.
A entrada dos policiais no presídio também tem como objetivo garantir a segurança dos operários para a conclusão da obra de muro de contêineres, erguido para separar os pavilhões das facções PCC e Sindicato do RN.
A força-tarefa especial de agentes penitenciários chegou a Natal nesta quarta, mas deve começar a atuar só na quinta (26), de acordo com o governo. Com permanência autorizada pelo governo federal de 30 dias, com possibilidade de renovação, eles terão treinamento específico para atuar em situações de emergência em presídios.
Nesta quarta, o governo do Estado informou que está investindo R$ 754 mil nas obras emergenciais dentro do presídio desde o início da rebelião.
A instalação dos contêineres, que passou a separar provisoriamente os presos das facções rivais, custou R$ 166 mil. Já o muro que será erguido para separar os pavilhões de forma permanente R$ 238 mil. Com 90 metros de comprimento e 6,4 metros de altura, ele deve ficar pronto em duas semanas, segundo o governo.
Outros R$ 360 mil serão investidos para instalação de piso de concreto no entorno do presídio. O objetivo é evitar fugas por meio de túneis escavado no terreno arenoso da região. O presídio foi erguido em cima de uma duna.
Iniciada no dia 14 de janeiro, a rebelião em Alcaçuz foi motivada por uma briga nos pavilhões 4 e 5 do presídio envolvendo as facções após a invasão de um pavilhão por presos inimigos, o que deu início ao motim.
A prisão permaneceu sob o controle das facções, com presos amotinados exibindo facões e bandeiras de seus grupos em cima do telhado dos pavilhões. No sábado (21), o governo iniciou a instalação dos contêineres dentro da prisão para separar presos das duas fações criminosas que circulavam livremente pelo presídio.
O governo diz que, desde segunda (23), vem trabalhando para a recuperação do presídio, com pintura das pichações em muros, retirada de bandeiras e reconstrução de parte dos muros destruídos, feita pelos próprios presos.
GREVE
A Justiça frustrou o plano de greve dos agentes penitenciários do Estado, que haviam aprovado, na última semana, paralisação a partir desta quarta, em meio ao caos no maior presídio do Estado. Os agentes reivindicam a contratação de agentes temporários para suprir a demanda emergencial e a realização de um concurso público.
O juiz Múcio Nobre, do Tribunal de Justiça do RN, determinou que o sindicato se abstenha de deflagrar a greve, sob pena de multa diária de R$ 10 mil por dia em caso de descumprimento –o que não chegou a acontecer.
O magistrado argumentou que o trabalho dos agentes penitenciários trata-se de serviço público essencial e que o direito de greve não pode ser exercido nesse caso, “sob pena de grave comprometimento da ordem pública”.
Os ônibus em Natal voltaram a circular com toda a frota só nesta quarta. Desde a última semana, as empresas recolheram os carros mais cedo com medo de ataques. Houve 42 incêndios ou tentativas de incêndio a veículos e prédios públicos desde o começo da rebelião em Alcaçuz.
Desde o último domingo (22), 1.846 homens do Exército estão atuando no policiamento ostensivo em Natal.
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