22 de dezembro de 2024
Educação

Após denúncias de censura, Bolsonaro diz que Enem começa a ter “a cara do governo”

Presidente Jair Bolsonaro (Foto: Agência Câmara)
Presidente Jair Bolsonaro (Foto: Agência Câmara)

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira (15) que as questões que estarão presentes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) estão mais alinhadas com o governo. A declaração foi dada em Dubai, onde ele está em viagem oficial.

“O que eu considero muito também: começam agora a ter a cara do governo as questões da prova do Enem”, disse. “Ninguém precisa ficar preocupado, aquelas questões absurdas do passado que caíam tema de redação que não tinha nada a ver com nada. Realmente algo voltado para o aprendizado”, afirmou.

Veja: Bolsonaro diz que abre escritório de turismo nos Emirados Árabes

A fala de Bolsonaro vem na esteira de uma crise que tomou conta do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). É a entidade que elabora a prova todos os anos. Recentemente, 37 profissionais pediram demissão, alegando que sofriam pressão para alinhar o Enem ao desejo do governo.

O presidente afirmou que as saídas têm a ver com cortes salariais e garantiu a realização do Enem. “Conversei muito rapidamente com o Milton [Ribeiro, ministro da Educação], seria bom vocês conversarem com eles, o que levou àquelas demissões. Não quero entrar em detalhes, mas é um absurdo o que se gastava com poucas pessoas lá. Um absurdo, tá. Inadmissível o que acontecia. Então o Milton é uma pessoa séria, responsável, é do ramo, ele mandou mensagem para mim agora há pouco, diz que a prova do Enem vai correr na mais absoluta tranquilidade.”

Servidores relatam censura no Enem

Em reportagem exibida no Fantástico, da TV Globo, servidores demissionários disseram que havia pressão para excluir perguntas do Enem que não agradavam ao governo. Também houve relatos de vigilância e assédio moral.

Segundo os servidores que se demitiram, um policial federal esteve na sala onde são elaboradas as provas. “A gente não consegue imaginar outro esforço ou motivação que não seja intimidar servidores”, comentou um funcionário.

Um homem de confiança de Danilo Dupas, presidente do Inep, de acordo com os servidores, também pediu que a prova fosse refeita após analisá-la.

“Esse dirigente designado pelo presidente do Inep, Danilo Dupas, foi até o ambiente seguro, fez a leitura das questões que essa equipe técnica havia montado, essa primeira prova do Enem, e solicitou a exclusão de mais de duas dezenas de questões dessa primeira versão da prova”, conta um servidor.

Apesar das denúncias e das polêmicas, o Enem 2021 está confirmado para o próximo domingo (21). A prova, contam os demissionários, é a terceira versão, uma vez que as interferências do governo fizeram necessárias novas alterações.


Leia mais sobre: / / / Destaque / Educação