Em apenas uma hora, reuniões de dois minutos com o presidente da Câmara, de cinco minutos com o ministro da Educação e outros três encontros com ministros e um senador.
Depois da polêmica envolvendo a visita do empresário Joesley Batista ao Palácio do Jaburu, a agenda diária do presidente Michel Temer vem sendo divulgada nos mínimos detalhes.
Nas últimas duas semanas, desde o início da crise que ameaça seu mandato, a lista de compromissos diários de Temer veio a público com uma série de encontros em horários “quebrados”, como 12h18 e 15h52, e passou a ser divulgada de modo mais extenso. A Presidência, porém, afirma que nada mudou.
No último dia 19, dois dias depois da revelação da delação da JBS, Temer encontrou Henrique Meirelles (Fazenda) às 11h25, Rodrigo Maia (DEM-RJ) às 11h48, Mendonça Filho (Educação) às 11h50 e o general Sérgio Etchegoyen às 11h55. Às 12h18 ainda achou um espaço para receber por sete minutos o senador Romero Jucá (PMDB-RR), presença constante em seu dia a dia.
Compromissos à noite passaram a entrar na lista divulgada no site do Planalto, como uma reunião com às 21h40 com Jucá -a Presidência diz que a programação naquele dia atrasou por causa dos protestos em Brasília.
Um dos pontos mais controvertidos da delação da JBS foi o fato de o encontro com Joesley Batista ter acontecido no fim da noite, sem que estivesse na agenda oficial.
Temer se justificou, primeiro afirmando que tem o hábito de fazer reuniões até hora avançada e que não havia “nada de mais nisso”. Depois disse que “rigorosamente” a conversa com Joesley deveria ter constado na agenda.
Logo depois, porém, compareceu a jantar na casa de Rodrigo Maia, também não informado, mas, posteriormente, incluído na agenda.
Desde que a delação da JBS foi revelada, o peemedebista teve, em média, oito compromissos oficiais a cada dia útil, conforme o site do Planalto. Nas semanas anteriores, a média diária era de cinco.
Questionada, a assessoria do Planalto diz que as agendas do presidente são atualizadas ao longo do dia, “conforme surjam audiências”, pedidas por ministros, ou com eventuais mudanças de horário, que também são informadas no site da Presidência.
A obrigatoriedade de dar publicidade a compromissos e encontros é prevista para ministros, mas não para o presidente, que não é incluído no Código de Conduta Ética da Alta Administração Federal nem na legislação federal sobre conflito de interesses.
A Constituição prevê o princípio da publicidade, mas não aborda as agendas presidenciais. A especialista em transparência pública Joara Marchezini, da ONG Artigo 19, entende que não deveria haver agendas secretas. “A agenda do presidente é pública, então, não vejo motivo para não ser divulgada.”
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