05 de dezembro de 2025
TRE-GO • atualizado em 29/10/2025 às 12:45

Após condenação, prefeita de Gameleira nega irregularidades e mantém confiança na reversão da sentença

Segundo a sentença, o grupo político de Wivviane Duarte promoveu, em julho de 2024, um evento de “lançamento de pré-candidaturas” que, na prática, teve estrutura de comício eleitoral
Wivviane Duarte afirmou que o evento questionado ocorreu “de forma transparente e legal”, e declarou confiança na reversão da sentença em instâncias superiores. Foto: Divulgação.
Wivviane Duarte afirmou que o evento questionado ocorreu “de forma transparente e legal”, e declarou confiança na reversão da sentença em instâncias superiores. Foto: Divulgação.

A prefeita de Gameleira de Goiás, Wivviane Duarte, negou ter cometido qualquer irregularidade após ser condenada pela Justiça Eleitoral por abuso de poder político e econômico e propaganda eleitoral antecipada. Em nota encaminhada ao Diário de Goiás nesta quarta-feira (29), ela afirmou que o evento questionado ocorreu “de forma transparente e legal”, e declarou confiança na reversão da sentença em instâncias superiores.

A decisão, proferida pelo juiz Sílvio Jacinto Pereira, da 31ª Zona Eleitoral de Silvânia, também atinge o vice-prefeito José Thiago Alves Moreira e o ex-prefeito Wilson Tavares de Sousa Júnior. Os três foram condenados à cassação dos mandatos e à inelegibilidade por oito anos, conforme a Lei Complementar nº 64/1990. A prefeita, no entanto, segue no cargo até o julgamento do recurso pelo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO).

Evento de pré-campanha é considerado comício antecipado

Segundo a sentença, o grupo político de Wivviane Duarte promoveu, em julho de 2024, um evento de “lançamento de pré-candidaturas” que, na prática, teve estrutura de comício eleitoral. A reunião aconteceu em uma via pública central da cidade e contou com palco, iluminação profissional, telões de LED, sonorização de grande porte e ampla divulgação nas redes sociais.

O juiz destacou que o evento, apesar de ter sido apresentado como ato interno de pré-campanha, configurou uso indevido de bem público e desequilíbrio na disputa. “A magnitude da estrutura montada é incompatível com a realidade de um município de pequeno porte e revela caráter claramente eleitoral”, afirmou o magistrado.

A presença da influenciadora digital Mariana Martins, contratada como apresentadora, foi considerada um dos fatores que ampliaram o alcance da reunião, caracterizando promoção pessoal e pedido indireto de votos antes do período permitido.

Irregularidades nos gastos e suspeita de doações não declaradas

O juiz também apontou falhas graves na comprovação dos gastos do evento. De acordo com a defesa, a estrutura teria custado cerca de R$ 13 mil, mas nenhum comprovante de pagamento foi apresentado, mesmo após determinação judicial.

Para o magistrado, a explicação de que fornecedores e a apresentadora teriam trabalhado sem remuneração é “absolutamente inverossímil” e indica possível doação irregular ou caixa dois. “A ausência de documentos impede a verificação da origem dos recursos e compromete a transparência exigida pela legislação eleitoral”, diz trecho da sentença.

O juiz ressaltou ainda que, em um município com apenas 3,6 mil eleitores, um evento com tais proporções teve impacto significativo na disputa eleitoral, configurando abuso de poder econômico.

Abuso de poder político e influência do ex-prefeito

A decisão também cita a participação ativa do ex-prefeito Wilson Tavares, apontado como figura central na organização do evento e na condução da gestão municipal à época.

Segundo o juiz, o ato em via pública, com autorização da Prefeitura, evidencia uso da máquina administrativa para fins eleitorais. “O ex-prefeito utilizou o prestígio do cargo e a estrutura do poder público para favorecer aliados e perpetuar seu grupo político no comando local”, destacou o magistrado.

Prefeita nega irregularidades e fala em decisão “injusta e desproporcional”

Em nota enviada à imprensa, Wivviane Duarte afirmou que recebeu a decisão “com serenidade” e que já determinou à sua assessoria jurídica a interposição de recurso.

“Respeitamos a Justiça, mas entendemos que a decisão foi injusta e desproporcional. O evento ocorreu dentro da legalidade, sem uso de recursos públicos e sem pedido de votos. Estamos tranquilos quanto à reversão da sentença no TRE-GO”, diz o comunicado.

A prefeita também afirmou que continuará exercendo normalmente suas funções. “Nosso compromisso com a população de Gameleira permanece o mesmo. Seguimos trabalhando com responsabilidade, transparência e fé na Justiça”, conclui.

Entenda o caso

A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) foi proposta pela Coligação Unidos por Gameleira e por Gilberto Galdino de Souza, adversário político da prefeita. O Ministério Público Eleitoral chegou a pedir a improcedência da ação, mas o juiz divergiu do parecer e entendeu que houve “gravidade qualificada” nas condutas investigadas.

Para o magistrado, o conjunto de irregularidades incluindo o uso de bem público, a contratação de influenciadora e a ausência de prestação de contas, configurou abuso de poder político e econômico, comprometendo a isonomia do pleito e a legitimidade do resultado eleitoral.

Próximos passos

Com a sentença publicada, os condenados permanecem no cargo até o julgamento do recurso no TRE-GO. Caso a decisão seja mantida, Wivviane Duarte, José Thiago Alves Moreira e Wilson Tavares ficarão inelegíveis até 2033.

Nota à Imprensa – prefeita de Gameleira de Goiás, Wivviane de Carvalho Duarte Tele:

A prefeita de Gameleira de Goiás, Wivviane de Carvalho Duarte Teles, manifesta profundo respeito à decisão proferida pela Justiça Eleitoral da Comarca de Silvânia, no âmbito do processo nº 0600248-23.2024.6.09.0031.

Ainda que respeite o entendimento do juízo de primeira instância, a prefeita considera a condenação imposta excessiva e desproporcional, sobretudo diante de um fato ocorrido no período de pré-campanha, que em nada configurou conduta capaz de comprometer a lisura do pleito ou a vontade soberana do eleitorado.

Wivviane reafirma sua confiança na Justiça Eleitoral e nas instâncias superiores, e informa que sua defesa interporá o recurso cabível junto ao Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO), confiante de que a decisão será revista com equilíbrio e justiça.

Por fim, a prefeita agradece as inúmeras manifestações de apoio recebidas nas últimas horas e reitera seu compromisso com a legalidade, a transparência e o respeito às instituições democráticas.

Gameleira de Goiás, 29 de outubro de 2025.


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