26 de dezembro de 2024
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Após animosidades, Obama diz que encontro com Trump foi ‘excelente’

Washington – EUA, Presidenta Dilma Rousseff durante reunião de trabalho com o presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama.
Washington – EUA, Presidenta Dilma Rousseff durante reunião de trabalho com o presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama.

Depois de passar os últimos meses repetindo que Donald Trump não era minimamente qualificado para sucedê-lo, o presidente Barack Obama recebeu o bilionário nesta quinta (10) na Casa Branca para conversar sobe a transição, dois dias depois da inesperada vitória do antigo rival na eleição presidencial. Trump chegou à Casa Branca por volta de 11h (14h de Brasília), mas as primeiras imagens do encontro só foram divulgadas quase duas horas depois pelo governo.

Obama afirmou que o encontro foi “excelente” e tratou de diversos temas de políticas doméstica e externa. “Minha prioridade número um é, nos próximos dois meses, tentar facilitar uma transição que assegure que nosso presidente eleito seja bem sucedido”, disse Obama ao lado de Trump no Salão Oval (gabinete do presidente). Em seu curto comentário, Obama disse ainda que se sentiu “muito encorajado” com o interesse de Trump de trabalhar com sua equipe.

“É importante para todos nós, não importa o partido ou as preferências políticas, que agora nos unamos e trabalhemos juntos para lidar com os muitos desafios que enfrentemos”, disse. Trump agradeceu respondendo ser “uma grande honra” encontrar o presidente. “Este encontro deveria durar dez minutos, nós estamos nos conhecendo. Jamais havíamos nos encontrado antes, tenho grande respeito. A reunião acabou durando quase uma hora e meia e por mim poderia ter continuado muito mais”, afirmou o bilionário.

O presidente eleito contou que a conversa incluiu “muitas situações diferentes, algumas maravilhosas, e algumas dificuldades”, acrescentando que espera manter o contato com Obama no futuro, “incluindo para aconselhamento”. A largada para a transição de poder também incluiu encontros entre os vices, de Obama e Trump, Joe Biden e Mike Pence, e Michelle Obama e Melania Trump, atual e futura primeiras-damas.

A rivalidade entre Trump e Obama marcou a campanha presidencial, com trocas de ataques constantes entre os dois. O republicano chamou Obama de “talvez o pior presidente da história”, dedicando boa parte de seus comícios a repudiar a conduta do democrata com afirmações muitas vezes sem fundamento, como a de que ele foi o “fundador” da facção terrorista Estado Islâmico (EI).

Obama, por sua vez, entrou com tudo na campanha de Hillary Clinton, fazendo diversos comentários em que descrevia o bilionário como alguém sem a decência, o temperamento ou o conhecimento básicos para ser presidente. Um mês antes da eleição, o presidente disse que as declarações de Trump o tornavam desqualificado até para tentar um emprego numa loja de conveniência. Mas a animosidade entre os dois nasceu bem antes da campanha presidencial.

Durante o primeiro mandato de Obama, Trump foi um dos mais estridentes promotores da tese de que o democrata teria nascido no exterior e que, portanto, não poderia ser presidente. A campanha forçou a Casa Branca a divulgar a certidão de nascimento provando que Obama nasceu no Havaí. Obama reagiu com sarcasmo em 2011 ao falar da polêmica no tradicional número de “stand up comedy” que os presidentes fazem no jantar anual dos jornalistas da Casa Branca.

“Ninguém está mais interessado em deixar essa história para trás do que o Donald”, disse Obama. “Ele finalmente pode focar em temas que realmente importam, como: ‘nós falsificamos à chegada à lua?'” Presente ao evento, Trump era focalizado pelas câmeras com um sorriso constrangido, enquanto a plateia vinha abaixo. Alguns jornalistas que testemunharam a cena especulam que ali Trump começou a considerar seriamente a candidatura à Presidência, para dar o troco a Obama em grande estilo. “A humilhação de Trump foi a mais absoluta e visível que eu já vi”, escreveu Adam Gopnik, da revista “New Yorker”.

Nesta quarta (9), em discurso logo após o anúncio dos resultados da eleição, Trump adotou um tom moderado, prometendo “curar as feridas das divisões” na sociedade americana. Horas mais tarde, Obama disse “torcer pelo sucesso” do republicano na Presidência, e afirmou que trabalhará para garantir uma transição suave.

(Folhapress)


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