07 de agosto de 2024
Brasil

Após acordo com MP, Prevent Senior nega eficácia do ‘kit covid’

Fachada do prédio da Prevent Senior. (Foto: Divulgação)
Fachada do prédio da Prevent Senior. (Foto: Divulgação)

Acusada de promover experimentos com medicamentos com ineficácia comprovada contra a covid-19, a Prevent Senior admite agora que não existe o que ficou conhecido como tratamento precoce. O reconhecimento faz parte de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público de São Paulo.

O TAC foi assinado ainda em outubro. Nele, o plano de saúde atesta a inexistência de pesquisa científica realizada pela Prevent Senior que indique eficácia de medicamentos do kit covid, incluindo cloroquina e hidroxicloroquina, para tratamento da covid-19.

“Inexiste qualquer pesquisa científica realizada pela Prevent Senior que ateste a eficácia de algum tipo de tratamento precoce ou preventivo para pacientes suspeitos, confirmados ou mesmo sem covid-19”, diz a empresa no comunicado.

Empresa admitiu alterações em prontuários

O plano de saúde destaca que dados divulgados pela empresa ou por terceiros não integraram pesquisa alguma sobre eficácia de medicamentos, “limitando-se a dados obtidos internamente para fins estatísticos, sem nenhum tipo de viés científico”.

A Prevent Senior não obteve autorização do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) para a realização de estudos científicos envolvendo a cloroquina e a hidroxicloroquina.

A nota do plano de saúde diz que a empresa “segue colaborando com as investigações conduzidas pelas autoridades competentes no contexto de sua atuação frente à pandemia da Covid-19.”

Pesquisa

São vistos como possíveis crimes contra a vida pelo MP-SP os nove óbitos de pacientes que foram submetidos a uma pesquisa com o uso de medicamentos com hidroxicloroquina. Esta é a pesquisa que foi defendida por Bolsonaro, em abril de 2020, em post nas redes sociais. O estudo também foi apoiado pelos filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), na mesma época.

No dossiê entregue pelos ex-médicos da operadora à CPI da Covid do Senado, consta que, apesar de o estudo mencionar que apenas duas pessoas morreram em razão do tratamento, teriam sido, na verdade, nove óbitos. Os senadores ainda apuram se a relação entre o presidente e seus apoiadores com a Prevent Senior teria influenciado no tratamento com remédios sem eficácia comprovada.

Na última segunda-feira, 4, o procurador-geral de Justiça, Mário Sarrubbo, requereu ao Senado o compartilhamento das apurações da CPI da Covid com a Promotoria. Entre as informações requeridas estão os prontuários dos pacientes que foram submetidos ao estudo. Os investigadores querem comparar os números de notificação oficial de casos de covid e os atestados de óbito nas dependências de unidades da Prevent Senior.

Até o fim da semana que vem, mais de dez vítimas e familiares de mortos vão prestar depoimento aos promotores. O Estadão apurou que a Polícia Civil aguarda a chegada de dados da quebra de sigilo telefônico de 13 integrantes da cúpula da Prevent Senior. Eles querem entender, por exemplo, se eles tinham contato direto com os médicos que denunciaram a operadora no dossiê. A investigação corre no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil de São Paulo.


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