23 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 26/07/2021 às 16:57

Após 30 dias, jovem internada com Síndrome de Haff, a doença da ‘urina preta’ recebe alta

(Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação)

Com um mês de internação, chegando a ficar em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e passar por uma intubação, a paciente Kelly Silva, de 28 anos, recebeu alta nesta segunda-feira (26/07) após vencer a batalha contra a Síndrome de Haff, popularmente conhecida como urina preta. Agora ela pode retornar à Goianésia, sua cidade natal.

De acordo com o diretor médico do Hospital Jardim América onde esteve internada, Patrick Ponciano Lima de Almeida, seu caso era demasiadamente grave, chegando a ir direto para a UTI.  “Após a chegada dela no hospital, conseguimos fechar o diagnóstico de forma rápida e iniciamos o tratamento. Nos primeiros dias não tivemos evolução satisfatória e ela chegou a ser intubada. Mas após a extubação, ela passou a apresentar melhora clínica dia após dia e hoje conseguimos com muita segurança, conceder a alta médica”, explica.

Durante a internação, ela precisou passar por sessões de hemodiálise, e recebeu atendimento multidisciplinar com equipes de nefrologia, clínica médica, psicologia e fisioterapia. “Hoje é um dia muito feliz para todos nós que acompanhamos a internação da Kelly desde o início. A sensação da equipe é de vitória e gratidão”, explica dr. Patrick. Mesmo após a alta médica, a paciente vai continuar o tratamento com a equipe de nefrologia, psicologia e fisioterapia. 

A mãe de Kelly, Maria da Conceição, comemorou a volta da filha para casa. “Estamos muito felizes, depois de vários momentos de apreensão, sempre estivemos confiantes em Deus. Ele já cuidou de tudo e estamos confiantes que logo tudo voltará ao normal”, explica.

Cuidado na hora de armazenar peixes: síndrome de Haff deixa urina preta e pode ser fatal 

A infectologista do Sistema Hapvida, Ana Rachel de Seni, explica que na hora de comprar qualquer tipo de peixe e armazenar, é preciso ter cuidado, pois é um alimento extremamente perecível. A síndrome está associada a uma toxina e tem início com náuseas e vômitos. A toxina não tem nem gosto nem cheiro específicos, o que torna mais complexa a sua percepção, e também não é eliminada pelo processo de cocção. 

“É uma doença rara e aguda, ou seja, acontece de forma repentina. É uma intoxicação alimentar causada por uma toxina liberada por alguns peixes de água doce e crustáceos, quando esses não são armazenados e preparados de forma adequada. Ela é caracterizada por lesão das células musculares. A urina fica de coloração preta, pois há uma destruição importante das células musculares e liberação de uma proteína presente nos músculos chamada mioglobina, que tem a coloração escura. Ela é filtrada pelos rins e assim a urina fica preta”, explica. 

De acordo com a médica, os sintomas acontecem geralmente após 24 horas após ingestão de peixes e crustáceos contaminados e sintomas mais comuns são dor muscular intensa, fraqueza, dificuldade para andar, falta de ar e em casos mais graves pode apresentar insuficiência renal e o paciente evoluir para a hemodiálise. “É uma doença rara, mas é preciso que a pessoa esteja atenta à procedência do alimento. Como está associada ao consumo de peixes e crustáceos, saber a procedência desses alimentos, como foram adquiridos, como foi o transporte, como foi o armazenamento, se está na temperatura adequada”, alerta a especialista.


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