14 de outubro de 2024
Sem recurso • atualizado em 21/03/2024 às 13:29

Após 11 meses de déficit, INGOH suspende atendimento pelo IMAS por falta de pagamento

O INGOH explica que não consegue mais arcar com a continuidade dos tratamentos após um déficit de 11 meses, que ocasionou inclusive a impossibilidade da compra de medicamentos

O Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (INGOH) afirma que suspendeu os atendimentos a pacientes (inclusive os tratamentos oncológicos) realizados pelo IMAS, Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (IMAS). O INGOH explica que não consegue mais arcar com a continuidade dos tratamentos após um déficit de 11 meses, que ocasionou inclusive a impossibilidade da compra de medicamentos.

“Temos compromisso com a população e com as 131 vidas que estão sob os nossos cuidados, além de suas famílias, mas chegamos no limite e não temos possibilidade de comprar os medicamentos para continuidade dos tratamentos no mês de abril por falta de pagamento”, afirmou a diretora financeira do INGOH, Fabiane Fries.

Ao Diário de Goiás, o IMAS afirmou que foi notificado sobre um possível descredenciamento do Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (Ingoh) e que os repasses em atraso estão sendo sanados de acordo com o cronograma de reestruturação do IMAS estabelecido pela nova gestão. Além disso, o instituto confirmou que o Laboratório Hemolabor e o Centro de Oncologia IHG seguem realizando atendimentos.

Segundo o INGOH, a solução no primeiro momento foi tirar recurso do próprio caixa para manter a compra de medicamentos, que possuem tecnologia avançada e são de alto custo. Vale destacar que, segundo o presidente do Imas, Marcelo Marques Teixeira, atualmente o instituto enfrenta um aumento de despesas, resultando em uma dívida de R$ 220 milhões. O INGOH alega que buscou negociar com o IMAS, mas que instituto não sinaliza nenhum movimento para a solução.

Nossos recursos se esgotaram. Ficamos muito preocupados e entristecidos com isso, pois sabemos que um vínculo de confiança e a relação médico-paciente-instituição não são construídos de um dia para o outro.

Diretora financeira do INGOH, Fabiane Fries

Para a gerente de assistência do INGOH, Maysa Gomes, o impacto social da suspensão do atendimento é incalculável. “São pessoas que já têm muitas dores: físicas, emocionais, familiares, espirituais… a última coisa que deveriam era sentir a dor de ter quebrada a esperança que depositam em seus médicos, enfermeiras e em todos os profissionais da saúde envolvidos no cuidado, e também na nossa instituição”.

Manifestação dos servidores

Na última terça-feira (19), servidores do município de Goiânia realizaram uma manifestação para reivindicar melhorias no atendimento oferecido pelo Imas. Na ocasião, a diretora do Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde de Goiás (Sindsaúde), Bruna Isecke afirmou que a debilidade do Imas tem causado uma série de transtornos, gerando muita insatisfação nos usuários.

Segundo Bruna, que também é ex-integrante do Conselho Fiscal do Instituto, o IMAS hoje: “tem cerca de 83 mil servidores beneficiários que contribuem e tem o direto de receber uma assistência à saúde digna, mas os servidores têm enfrentado muitas dificuldades para ter acesso à procedimentos simples como consultas e exames laboratoriais”, pontuou.

A representante do sindicato também ressaltou a dificuldade financeira que o Imas vem enfrentando. “Em agravo à situação, o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, suspendeu o aporte mensal de 5 milhões e não está realizando o aporte patronal de 4% servidores aposentados. É uma situação lamentável”, enfatizou.

Entretanto, o presidente do Imas, Marcelo Marques Teixeira, o instituto não enfrenta falta de repasse, e sim um aumento de despesa. E que, para sanar o déficit mensal acumulado de R$ 6 milhões, o instituto recorreu a uma parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG) que realizou um relátorio que faz parte do projeto de reestruturação do Imas.

No relatório feito com base nos dados da auditoria financeira, a universidade apresentou medidas que podem ser aplicadas a curto, médio e longo prazo, para ajudar na resolução dos problemas financeiros enfrentados. De acordo com Teixeira, uma Comissão de Negociação será criada para discutir questões relativas a contratos, pagamentos e reajustes.

Confira a nota do IMAS na íntegra:

“O Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (IMAS), informa que foi notificado sobre um possível descredenciamento do Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (Ingoh).

Temos ciência da importância dos serviços realizados pela instituição para atender os servidores municipais. Ressaltamos que os repasses em atraso estão sendo sanados de acordo com cronograma de reestruturação do IMAS estabelecido pela nova gestão do instituto, incluindo, o Ingoh.

Informamos que o Laboratório Hemolabor e o Centro de Oncologia IHG estão credenciados pelo instituto para realizar os exames e procedimentos necessários para atender os pacientes.

A atual gestão do IMAS vem trabalhando desde outubro do ano passado com transparência e seriedade para encontrar soluções viáveis, cumprindo com todos os compromissos firmados pelo instituto.

INSTITUTO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE DOS SERVIDORES DE GOIÂNIA (IMAS)”


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