19 de dezembro de 2024
Brasil

Aplicativos de transporte apostam em corridas exclusivas para motoristas mulheres

Um novo aplicativo para chamar táxis chegará ao mercado para atender exclusivamente mulheres, com motoristas mulheres atrás dos volantes.Desenvolvido pelo francês radicado no Brasil Charles-Henry Calfat, o Femi Táxi começou a cadastrar motoristas para atuar em São Paulo nesta quinta-feira (10).

O aplicativo deve ser lançado em três semanas, para celulares com sistema operacional Android e IOS (dos aparelhos da Apple), segundo Calfat.

O novo serviço surge após outras iniciativas que tentam viabilizar transporte feito exclusivamente por mulheres, com a promessa de oferecer mais segurança para condutoras e passageiras.

A aposta de empresas nesse serviço vem em meio a casos de assaltos e violência contra motoristas e após empresas terem de lidar com reclamações de passageiros contra o comportamento de condutores. Em 2015, os aplicativos de táxi deixaram de dar o celular dos passageiros aos motoristas, como reação a reclamações de assédio sofrido por passageiras.

Em outubro, a 99 criou a categoria “motorista mulher” em seus aplicativos, exclusiva para passageiras e crianças.Dois meses antes, mulheres taxistas do Rio de Janeiro criaram um aplicativo exclusivo para elas, chamado Táxi Rosa Carioca, disponível para iPhone e celulares com sistema operacional Android.

A taxista Dora Santos, uma das idealizadoras do projeto (junto com a também motorista Denise Azevedo) diz que teve a ideia do aplicativo ao perceber que muitos passageiros ficavam contentes de serem atendidos por mulheres.

A diferença do Táxi Rosa é que ele pode ser usado por qualquer passageiro, ao contrário dos outros serviços.Santos afirma que o aplicativo teve cerca de 5.000 downloads.

SEGURANÇA

Ela destaca a segurança como um dos pontos fortes do serviço:”Pais, quando mandam filhos para uma balada, por exemplo. ficam apreensivos, principalmente em relação a meninas. Passamos a eles a tranquilidade de saberem que uma mãe, uma dona de casa estará indo buscá-los.”

Calfat, do Femi Táxi, afirma que o serviço também traz mais conforto para as passageiras:”Os homens preferem andar com homens para falar de assuntos masculinos, de futebol. Mulheres preferem ir com mulheres, por terem os mesmos interesses e gostarem de andar com pessoas mais calmas.”

Questionado sobre o motivo da opção por eliminar os homens do serviço, em vez de treiná-los e garantir que eles deem bom atendimento e sejam fiscalizados, Calfat afirma estar atendendo uma demanda do mercado.

Ele diz que a solução dos problemas da sociedade leva tempo, mas o desejo das clientes por esse tipo de serviço pode ser atendido no curto prazo.”Não que os taxistas homens não tratem bem suas passageiras. A minoria tem um comportamento ruim, mas esses poucos criam uma preocupação nelas.”

OFERTAS

egundo o Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo, a cidade conta hoje com cerca de 42 mil taxistas. A entidade estima que 10% dos motoristas sejam mulheres.

Com a oferta limitada pelo menor número de mulheres na atividade, é natural que a espera por um veículo de serviços exclusivos para elas seja maior do que em seus concorrentes.

A Femi Táxi pretende cadastrar suas primeiras 300 taxistas até o fim deste ano. No Táxi Rosa são 150 mulheres.Santos, do Táxi Rosa, afirma que o maior tempo de espera não é um problema para os clientes que fazem questão de serem atendidos por mulheres.

“Os passageiros já sabem que é assim e estão dispostos a esperar. Já tive passageiro que fez questão de me aguardar 40 minutos no aeroporto.”

A 99 incluiu todas as 1.500 motoristas cadastradas no aplicativo das cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro na categoria na última segunda-feira (7). Até então, era preciso que as condutoras optassem por atender essas chamadas exclusivas e a oferta era de cerca de 500 motoristas.

Em nota, o Uber afirmou ver como positivo novas start-ups surgindo e tentando resolver as questões do trânsito nas grandes cidades.

A companhia afirma, porém, preferir investir em aumentar a segurança de todos os passageiros e motoristas (em vez de soluções como serviços exclusivos para mulheres).

A empresa não informou qual o número de mulheres que atuam em sua plataforma.

A reportagem também entrou em contato com a Easy, que informou não fornecer dados sobre quantidade de homens e mulheres em sua base de parceiros.

 


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