Um novo aplicativo para chamar táxis chegará ao mercado para atender exclusivamente mulheres, com motoristas mulheres atrás dos volantes.Desenvolvido pelo francês radicado no Brasil Charles-Henry Calfat, o Femi Táxi começou a cadastrar motoristas para atuar em São Paulo nesta quinta-feira (10).
O aplicativo deve ser lançado em três semanas, para celulares com sistema operacional Android e IOS (dos aparelhos da Apple), segundo Calfat.
O novo serviço surge após outras iniciativas que tentam viabilizar transporte feito exclusivamente por mulheres, com a promessa de oferecer mais segurança para condutoras e passageiras.
A aposta de empresas nesse serviço vem em meio a casos de assaltos e violência contra motoristas e após empresas terem de lidar com reclamações de passageiros contra o comportamento de condutores. Em 2015, os aplicativos de táxi deixaram de dar o celular dos passageiros aos motoristas, como reação a reclamações de assédio sofrido por passageiras.
Em outubro, a 99 criou a categoria “motorista mulher” em seus aplicativos, exclusiva para passageiras e crianças.Dois meses antes, mulheres taxistas do Rio de Janeiro criaram um aplicativo exclusivo para elas, chamado Táxi Rosa Carioca, disponível para iPhone e celulares com sistema operacional Android.
A taxista Dora Santos, uma das idealizadoras do projeto (junto com a também motorista Denise Azevedo) diz que teve a ideia do aplicativo ao perceber que muitos passageiros ficavam contentes de serem atendidos por mulheres.
A diferença do Táxi Rosa é que ele pode ser usado por qualquer passageiro, ao contrário dos outros serviços.Santos afirma que o aplicativo teve cerca de 5.000 downloads.
SEGURANÇA
Ela destaca a segurança como um dos pontos fortes do serviço:”Pais, quando mandam filhos para uma balada, por exemplo. ficam apreensivos, principalmente em relação a meninas. Passamos a eles a tranquilidade de saberem que uma mãe, uma dona de casa estará indo buscá-los.”
Calfat, do Femi Táxi, afirma que o serviço também traz mais conforto para as passageiras:”Os homens preferem andar com homens para falar de assuntos masculinos, de futebol. Mulheres preferem ir com mulheres, por terem os mesmos interesses e gostarem de andar com pessoas mais calmas.”
Questionado sobre o motivo da opção por eliminar os homens do serviço, em vez de treiná-los e garantir que eles deem bom atendimento e sejam fiscalizados, Calfat afirma estar atendendo uma demanda do mercado.
Ele diz que a solução dos problemas da sociedade leva tempo, mas o desejo das clientes por esse tipo de serviço pode ser atendido no curto prazo.”Não que os taxistas homens não tratem bem suas passageiras. A minoria tem um comportamento ruim, mas esses poucos criam uma preocupação nelas.”
OFERTAS
egundo o Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo, a cidade conta hoje com cerca de 42 mil taxistas. A entidade estima que 10% dos motoristas sejam mulheres.
Com a oferta limitada pelo menor número de mulheres na atividade, é natural que a espera por um veículo de serviços exclusivos para elas seja maior do que em seus concorrentes.
A Femi Táxi pretende cadastrar suas primeiras 300 taxistas até o fim deste ano. No Táxi Rosa são 150 mulheres.Santos, do Táxi Rosa, afirma que o maior tempo de espera não é um problema para os clientes que fazem questão de serem atendidos por mulheres.
“Os passageiros já sabem que é assim e estão dispostos a esperar. Já tive passageiro que fez questão de me aguardar 40 minutos no aeroporto.”
A 99 incluiu todas as 1.500 motoristas cadastradas no aplicativo das cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro na categoria na última segunda-feira (7). Até então, era preciso que as condutoras optassem por atender essas chamadas exclusivas e a oferta era de cerca de 500 motoristas.
Em nota, o Uber afirmou ver como positivo novas start-ups surgindo e tentando resolver as questões do trânsito nas grandes cidades.
A companhia afirma, porém, preferir investir em aumentar a segurança de todos os passageiros e motoristas (em vez de soluções como serviços exclusivos para mulheres).
A empresa não informou qual o número de mulheres que atuam em sua plataforma.
A reportagem também entrou em contato com a Easy, que informou não fornecer dados sobre quantidade de homens e mulheres em sua base de parceiros.
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