Se conseguir a consolidação da candidatura, o ex-deputado federal Luiz Bittencourt(PTB) disputará o cargo pela terceira vez pelo partido presidido pelo deputado federal Jovair Arantes e aliado do governador Marconi Perillo, no governo de Goiás. Em outras campanhas já utilizou a figura da “sola de sapato” para argumentar sobre as andanças no contato com o eleitor. De volta à ação política, após 10 anos sem disputar cargos, ele aciona um arsenal de críticas à gestão do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT). Segundo Bittencourt, a prefeitura conseguiria manter a gestão com apenas 5 secretarias (hoje são 11). Nesta entrevista, ele revela o tom oposicionista da candidatura.
Altair Tavares: O senhor fala de momentos de dificuldades na administração pública e diz que tem, de certa forma, pesquisado. O que o eleitor tem dito sobre a gestão de Paulo Garcia?
Luiz Bittencourt: Eu vejo, recentemente, o jornal O Popular mostrou uma pesquisa onde 82% da população dá nota baixa à gestão municipal. Isso é um mal sinal. A baixa estima da população, a irritação geral com os serviços que são prestados, os lixos acumulando nas esquinas, buracos. Aqui mesmo na T-3 com a T-8 tem um buraco enorme com mais de 60 dias. Aqui na T-2 com a T-49 tem um buraco enorme no sinaleiro. Nós temos um prédio da Prefeitura na T-49 com a T-2, entre a T-50, que poderia ser utilizado para atividade cultural, biblioteca digital, espaço para os jovens fazerem curso. Está lá o espaço ocioso. Então, há realmente uma gestão sem vitalidade.
Altair Tavares: Aquele prédio foi para a área social da Prefeitura.
Luiz Bittencourt: Certo, mas ele é enorme.
Altair Tavares: Se não me engano faz parte da área de treinamento de guardas.
Luiz Bittencourt: Exato, mas aquela área é enorme, poderia tranquilamente ter uma biblioteca digital para que os jovens dessa região pudessem aproveitar esse espaço. Então, existe uma falta de vontade, falta de planejamento de curto, médio e longo prazo, falta de conhecimento dos detalhes da cidade e o abandono das obrigações mínimas que a prefeitura tem que fazer: lâmpada queimada, buraco no asfalto, calcada quebrada, o trânsito caótico, transporte coletivo de baixa qualidade. Isso é a população que diz 24 horas por dia, você assiste um telejornal, uma entrevista no rádio, as pessoas entram questionando e perguntando porque as coisas não andam em Goiânia. Eu sei porque não anda, porque o Paulo Garcia, o prefeito atual, herdou uma gestão altamente comprometida, do ponto de vista orçamentário, com grande desequilíbrio, não pode falar, a Prefeitura foi transformada em uma plataforma eleitoral, todo mundo sabe disso, as obras com conotação de monumento e…
Altair Tavares: Altamente comprometido, como?
Luiz Bittencourt: Orçamentária. Ele pegou um déficit de mais de R$ 400 milhões. Então, isso está lá, todo mundo fala isso, vocês da imprensa que divulgam isso. Obras mal-ajambradas, mal pensadas. Aquele túnel da Avenida Araguaia, um negócio absurdo, uma cidade plana igual a nossa. Então, são certas coisas que você não entende. Qual é o planejamento de curto, médio e longo prazo para o transporte coletivo da nossa cidade. Nós sabemos que houve intervenção da década de 70, com Jaime Lerner, na década de 80 com a mesma equipe. Mas de lá para cá, o que foi feito no sentido de avançar na integração do transporte coletivo dentro da cidade de Goiânia? Sem contar que tem ainda a complexidade do transporte na área metropolitana. Porque você pega um ônibus em Senador Canedo e vai até Trindade, só para exemplificar, e o usuário paga por isso. Há uma complexidade no transporte coletivo que ele não se resolve mais apenas numa gestão, é um processo de planejamento.
Altair Tavares: Ele já é metropolitano.
Luiz Bittencourt: Está, mas ele é tratado como local. Então, qual é o planejamento que nós temos hoje para o transporte coletivo de Goiânia do ponto de vista da Prefeitura? Você tem notícia disso? Qual foi a última grande reunião que tivemos aqui? Quem são as pessoas que estão pensando o transporte da nossa cidade? Qual é o projeto que você tem de expansão dos eixos, dos corredores preferenciais, das linhas alimentadoras, do transporte de bairro, do transporte interno no Parque Amazonas, que é enorme, no Jardim América, que é enorme, no Jardim Novo Mundo, que é enorme, no Finsocil, que é enorme. Nós não temos isso na mesa sendo discutido. Então, eu digo que falta gestão, falta planejamento, falta interesse na administração municipal hoje na nossa cidade. E principalmente há um descaso, porque a Prefeitura hoje funciona meio expediente com sentido de economizar recurso. Essa é a total falta de visão orçamentária do processo. Porque é como eu disse, a Prefeitura tem um grave desequilíbrio econômico, que não foi mostrado para a população nesses últimos anos.
Samuel Straioto: Do ponto de vista político, como estão as conversas com lideranças de outros partidos para a estruturação de uma chapa, e também não só a chapa majoritária, mas a construção de uma forte chapa proporcional para justamente dar estruturação para sua campanha, visto que já há um bom tempo o PTB não elege vereador na Câmara?
Luiz Bittencourt: Na eleição passada, o PTB abriu mão das candidaturas de vereador pelo fato de ter candidato a prefeito, que foi o deputado federal Jovair Arantes. Isso fez parte da composição daquela coligação naquele momento, inclusive eu estava lá e discutimos bastante isso nesse sentido. Desta vez, nós temos um compromisso diferenciado com nossos pré-candidatos. Então, nós temos uma chapa completa de candidatos a vereadores com membros de entidade de classe, organização de moradores, lideranças políticas já experimentadas e também segmento feminino. Essa formação básica que você tem das chapas de candidatos proporcionais. E além disso, nós estamos conversando com vários partidos políticos. É um momento de muita efervescência nesse sentido. Nós só vamos poder fechar uma convenção no início de agosto. Então, até lá nós temos prazo para fazer essas costuras. Ao que me parece, essa eleição tende a ter muitos candidatos. Quer dizer, os partidos políticos com maior representação vão ter candidaturas a vereador e a prefeito. Nós temos alguns parceiros já, que na eleição passada estiveram conosco, estamos conversando, e outros parceiros que terão candidatos próprios, estamos caminhando. Existe um trabalho em vários eixos, na frente política, de planejamento, de propostas para a cidade, e a conversa está indo positivamente.
Samuel Straioto: Será uma eleição mais difícil do que as outras duas que o senhor participou?
Luiz Bittencourt: Não, acho que vai ser uma eleição com modelo diferente. Nas eleições passadas, nós tínhamos um programa de televisão fixo, tinha possibilidade de coligações infinitas e tinha uma influência forte do poder econômico, principalmente, do ponto de vista de doação das empresas, que não existe mais hoje em função de todo esse escândalo que está acontecendo no país de corrupção na Petrobras, no BNDES, nos Fundos de Pensão, etc. Então, o que que acontece, nós temos uma limitação financeira e temos uma limitação de coligação, e mudou o tempo de televisão para os candidatos. Um programa vai deixar de ser mais importante, um programa longo, com tempo maior, e as pílulas, que são inserções fracionadas, terão um papel preponderante. Agora, ninguém sabe como isso vai funcionar com o eleitor. O programa grande você desliga a televisão, você muda de canal, mas e a pílula que tem 30 segundos. E aquela quantidade enorme de pílulas? Se você tiver dez candidatos a prefeito, você vai ter dez candidatos…
Altair Tavares: O tempo vai ser dividido.
Luiz Bittencourt: O tempo vai ser dividido, mas o tal do tempo vai ser sempre o mesmo. Você vai ter em torno de 20 minutos para utilizar dessa forma. E a divisão do tempo entre os candidatos também mudou. Antigamente você tinha a base do tempo em função do partido político exclusivamente. Agora, não, é em função das candidaturas. Além do tempo do partido político, você tem o tempo da coligação e tem o tempo do número de candidatos. Então, você vai ter dez minutos para dividir igualmente entre os candidatos, se for cinco, vai ser dois para cada um, se for dez, vai ser um minuto para cada um. Depois dessa equação, você coloca o tempo o partido e o tempo da coligação. Então, há uma tendência de fracionamento de tempo e há uma tendência de sentir a forma com que o eleitor, que está enojado com a política, que está desencantado com o modelo político brasileiro, que está extremamente irritado com o processo de corrupção, de demagogia barata, de fatiamento do poder, qual é a região dele diante disso.
Altair Tavares: Limitações. Como fazer uma campanha em que não podem ser arrecadados recursos de empresas?
Luiz Bittencourt: Aí tem um fator preponderante, que é a rede social, ela é praticamente gratuita, você tem acesso a milhares de pessoas simultaneamente, que é uma forma de você levar hoje a mensagem, que democratizou, de certa forma, os meios de comunicação. Os jornais estão afinando. Eu, por exemplo, tenho assinatura da Folha de S. Paulo, meia-noite a Folha de S. Paulo já solta o jornal do dia seguinte. Então, 1h você já leu a notícia do dia seguinte e está pronto para o dia seguinte. Quando você acorda de manhã, aquela notícia já está velha, porque a rede social é muito rápida, o que acontece no mundo inteiro você fica sabendo imediatamente. Esse é um fator que eu acho que vai ser preponderante no sentido de reequilibrar a questão do candidato que tem maior estrutura, maior força partidária, que representa o governo estadual, que representa o governo municipal, que representa uma coligação forte de Brasília, e principalmente representa o poder econômico, porque aí você tem chance de nivelar as candidaturas.
Altair Tavares: O professor Luiz Signates nos disse que a rede social é um instrumento importante para construir, mas principalmente para destruir as candidaturas dos outros. Este é o caminho. E o que a gente já percebe, de todos os lados, uns trabalhando no sentido de destruir o lado dos outros. O senhor disse que o eleitor anda muito mal-humorado com os políticos. Se o eleitor está mal-humorado com o segmento, como o senhor vai conquistar esse eleitor?
Luiz Bittencourt: A eleição tem uma fase, primeiro, de mal humor mesmo. O brasileiro expõe isso com muita facilidade, com relação ao futebol, à religião, à discussão política, enfim, há vários fatores. Agora, num determinado momento, todo mundo sabe que você tem que participar, discutir, enxergar, dar sua opinião, seu palpite e, finalmente, o voto. Nesse momento, eu acredito que você tem a porta aberta para poder conversar com os diversos segmentos da sociedade, apresentar e cristalizar suas propostas, avançar nessa discussão. Eu acho que vai ter um espaço para isso num determinado momento. Eu não sei se vai ser longo ou curto.
Altair Tavares: O seu partido, com Jovair Arantes, no curso das gestões do PT tem sido aliado ao partido no plano federal. Como trabalhar essas diferenças?
Luiz Bittencourt: Isso é um cenário gravíssimo da política brasileira. Nós temos 35 partidos políticos no TSE [Tribunal Superior Eleitoral] registrados e três em processo de registro. Isso implica alianças em todos os sentidos. Então, nós temos no Brasil o governo municipal, estadual e federal. Um governo federal e 27 governos estaduais e 5 mil municípios. Então, existem as alianças mais esdrúxulas em todos os sentidos, e o PTB está dentro desse cenário, como está o PT, o PMDB, o Democratas, o PSDB. Tem regiões em que você tem alianças do Democratas com o PT, com objetivo de vencer a eleição para derrotar o candidato do PSDB, ou vice-versa. O PDMB e o PT, quando eram adversários ferrenhos, em várias cidades, o candidato a prefeito era do PMDB, o vice do PT ou do PSDB ou vice-versa. Então, esse é um defeito gravíssimo da política brasileira. O PTB tem uma ação no sentido de contribuir com o governo, de encontrar soluções para os problemas que o Brasil enfrenta.
Altair Tavares: Tem ministro?
Luiz Bittencourt: Não, tem diretorias, cargos de superintendência, cargos de importância em alguns ministérios. Mas o PTB tem esse perfil, como todos os partidos hoje têm. O PMDB, por exemplo, é aliado aqui em Goiânia com o PT, é aliado ao governo federal, mas já está publicamente agredindo, trocando acusações, mostrando as divergências que existem em função de um processo eleitoral. Esse é o defeito da política brasileira, o excesso de partido. E, naturalmente, eu tenho uma postura distanciada da vida partidária, desse perfil de político-partidário nesse sentido. Eu afastei disso desde o tempo em que militava no PMDB, porque não via sentido, inclusive, deixei a política, de disputar eleição, continuei participando de outra forma, porque não via mais sentido nesse modelo político brasileiro, que estamos vendo que está esfrangalhado, e não tem saída. Nós temos que mudar isso, ter uma grande reforma política no Brasil.
Altair Tavares: O FHC em seu último assunto diz que o problema é o modelo político brasileiro. Ou seja, é preciso mudar o sistema eleitoral, o modo como são eleitos, as alianças, as formações partidárias. Tantas coisas em debate, que virou uma minirreforma eleitoral no ano passado.
Luiz Bittencourt: Exato, a classe política, o Congresso não toma decisão, o Supremo acabou tomando decisões em forma de lei, que criou isso que você disse, um conceito de minirreforma política, ninguém sabe exatamente porque e como isso vai se dar de fato na prática, mas na realidade você colocou bem, há uma necessidade de uma reformulação. Então, a influência do poder econômico, o aliancismo de oportunidade, a falta de identidade ideológica, o objetivo político do poder pelo poder acaba desagregando.
Altair Tavares: Incluindo a dependência profunda que não se governa sem o Congresso e sem o controle do poder legislativo?
Luiz Bittencourt: Exatamente. A independência dos três poderes é um princípio básico da democracia brasileira, no nosso sistema político, e isso não ocorre na prática. O Judiciário tem uma dependência forte ainda do Executivo e o Legislativo é completamente subalterno, agachado. Quer dizer, o poder Executivo tem uma influência muito grande no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas, nas Câmaras Municipais. Esse é um desvio forte que tem também no nosso sistema.
Altair Tavares: Quais são as principais propostas que o senhor já elaborou e apresenta para o debate quanto ao futuro da cidade?
Luiz Bittencourt: Nós temos alguns eixos, algumas ideias que estamos discutindo com as pessoas que pensam Goiânia, que têm relacionamento com diversos setores. Um ponto fundamental é a gestão. Avançar na eficiência da gestão, do planejamento da prefeitura. Então, nós vamos reduzir as secretarias que existem hoje para cinco. A prefeitura, me parece, tem 25 orgãos internos.
Altair Tavares: 11 secretarias.
Luiz Bittencourt: 11 secretarias. Aí você tem Comurg, não sei o que, não sei o que, e chega a 25, segundo as informações que nós temos, e evidentemente isso vai ser objeto de uma discussão bem detalhada. Mas nós vamos reduzir para cinco. Essas cinco secretarias vão funcionar em cinco eixos bem característicos. Primeiro: gestão e planejamento eficiente. Segundo: educação e treinamento profissional. Terceiro: saúde. Quatro: mobilidade, infraestrutura e trânsito. Quinto: seria segurança e cidadania. E você, então, conseguiria nesse cenário reduzir custos, funcionar 24 horas e ter eficiência de decisão, de objetividade. Diminui o emaranhado de chefe, subchefe, secretário, telefone, local de trabalho e reduz essa estrutura para um processo mais eficiente.
Altair Tavares: Espero que os candidatos fortaleçam o governo digital.
Luiz Bittencourt: Você colocou uma questão que foi nossa primeira proposta pública de campanha, que é uma plataforma digital, que estamos desenvolvendo e não é novidade, já existe em outros lugares do Brasil e do mundo. Ela será denominada Goiânia, 1 milhão de olhos, onde o cidadão vai poder, através das redes sociais, WhatsApp, Facebook, Instagram, enfim, do celular, ele vai poder tirar uma foto do buraco, da lâmpada queimada, do matagal do lote, do prédio público sendo depredado, do cidadão parado em fila dupla ou em cima da faixa de pedestre e enviar essa foto para a Prefeitura, onde a prefeitura pode fazer um planejamento de ação instantâneo, ela pode movimentar os fiscais da AMT, pode programar o caminhão com a massa asfáltica para tampar o buraco, pode programar a equipe para trocar a lâmpada queimada. É o que você disse, é o uso da tecnologia a favor do cidadão. Você se sente participante. Eu saio aqui e chego ali na T-8 e na T-3 e tem um buraco, igual está lá há mais de 60 dias, eu tiro a foto e mando para a Prefeitura. A Prefeitura vai me dar resposta, ela tem que me dar, ela criou um mecanismo de conversa com o cidadão, então ela tem facilidade de resolver o problema. Goiânia, 1 milhão de olhos é a nossa primeira proposta, foi nossa primeira proposta apresentada no sentido de mais prefeitura e menos repartição, mais cidadão e menos repartição.
Samuel Straioto: O que o senhor pensa nesse sentido de dar resposta ao cidadão? O que seria essa gestão eficiente para justamente dar a resposta ao cidadão que comunica? Porque hoje os mecanismos já funcionam, o cidadão comunica.
Luiz Bittencourt: Os telefones que a prefeitura tem para o cidadão comunicar não liga. Não funciona.
Samuel Straioto: O tempo de resposta?
Luiz Bittencourt: Gestão, eficiência. Vai reduzir a estrutura administrativa, vai aumentar a eficiência e vai fazer como acontece no mundo todo. São metas para serem alcançadas. Planejamento de curto, médio e longo prazo. Isso não é novidade. Isso existe em todo lugar do mundo, nas empresas, no poder público, quando funciona com eficiência, nos países desenvolvidos, em várias cidades do Brasil. Então, você tem que ter disposição para fazer as coisas funcionarem. Esse é o princípio número 1 de uma administração de resultado. Quero falar só mais uma ideia que estamos tendo. Chama Estação Cidade Interativa, que é o que todos nós preocupamos hoje, em aproveitar essa tecnologia digital que existe. A Estação Cidade Interativa vai ter estrutura, onde você tem um prédio, com biblioteca digital, centro de convivência para a juventude, rede de wi-fi, espaço para eventos, shows, convivência, esporte, lazer e estrutura para feira livre, feiras econômicas e eventos, onde você pode fazer ali a integração do tecido social no sentido de fortalecer esse sentimento de cidadania e utilização das tecnologias modernas. Então, esse projeto serão em torno de 12 nas situações mais favoráveis, entre os grandes bairros, para que a população possa integrar no processo de formação, cultural, educacional e econômico. Além disso, temos várias outras ideias que estamos desenvolvendo com a nossa equipe de planejamento e mais uma outra alternativa é o esporte, que favorece muito o fortalecimento do sentimento de cidadania das pessoas, de integração. Nós vamos implantar seis Centros Olímpicos, já temos três mais ou menos funcionando na cidade, que vão ser ampliados, naturalmente, você vai ter que colocar outros equipamentos, para dez modalidades esportivas, para que também possa tirar a juventude do cerco da marginalidade, do tráfico de drogas e fortalecer a vida das nossas crianças e jovens.
Altair Tavares: Essa é a terceira tentativa à Prefeitura de Goiânia?
Luiz Bittencourt: Exato. Eu fui candidato a prefeito de Goiânia pelo PDC, em 1992, e candidato a prefeito de Goiânia pelo PMDB, em 1996. Agora, sou novamente candidato a prefeito, trazendo para este debate uma proposta de discutir nossa cidade sobre outro ângulo, outro enfoque. Nós vivemos um momento de muita dificuldade na administração pública, inclusive com a Prefeitura funcionando meio expediente e os problemas crescentes. As pesquisas mostram que há uma insatisfação muito grande do goianiense, uma baixaestima com relação à cidade e uma queda enorme no nosso direito de cidadania. A coleta de lixo, transporte coletivo, segurança pública, saúde, educação, são sinais negativos da gestão municipal.
Altair Tavares: Em segurança pública, o senhor critica o Estado de Goiás também?
Luiz Bittencourt: Também. Todos os entes federativos. O governo federal, o governo estadual e o governo municipal. Nós sabemos que a segurança pública é obrigação constitucional do Estado e do governo federal. Mas a Prefeitura poderá dar uma contribuição enorme, como em outras cidades do mundo e do país.
Altair Tavares: O atual comandante da Guarda [Civil Metropolitana], Elton Magalhães, em entrevista comigo, ressaltou que a responsabilidade na área da segurança é compartilhada entre os entes. Alguns com algumas obrigações e outros com outras. Eu entendi nessa visão dele e tendo a concordar com ela. Não se pode dizer que a segurança é só responsabilidade de um segmento ou de outro. A segurança é responsabilidade do Estado e no caso, Prefeituras, governador dos estados e também o governo federal. Como o senhor avalia essa visão?
Luiz Bittencourt: Eu acho que essa visão é correta do ponto de vista de opinião pessoal. Do ponto de vista constitucional, é claro, a Constituição está lá: “O dever de segurança pública cabe ao governo federal e governo estadual”. Agora, é o que eu dizia, nós temos que colocar a estrutura do governo municipal. E para o cidadão não interessa se o governo é municipal, estadual ou federal, interessa que ele quer ter segurança, quer sair na rua e não ser assaltado, não quer o marginal roubando… então, todo mundo tem que estar envolvido nisso e a Prefeitura tem um papel fundamental nisso. Ela tem que avançar nisso, ter previsão orçamentária.
Altair Tavares: O fato de Goiânia ter 1,500 mil guardas municipais já não é uma espécie de assumir uma certa responsabilidade?
Luiz Bittencourt: Claro, já é assumir uma certa responsabilidade justamente no sentido de compartilhar essa responsabilidade. Agora, o que nós temos que entender é que a segurança pública não é só combater o bandido. Você tem a segurança preventiva e a segurança reativa. À Prefeitura não cabe a responsabilidade da segurança reativa. Ela tem um papel de prevenção nisso, e a prevenção se dá na educação, na preservação do espaço público, na qualidade da conservação dos prédios municipais, e principalmente na relação que essa Guarda, que nós teríamos, com os segmentos organizados. Então, a Prefeitura tem um papel auxiliar importantíssimo, e nesse sentido nós entendemos que podemos fortalecer demais essa presença da Prefeitura na melhoria da segurança pública da cidade.
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