25 de novembro de 2024
Variedades

Aos 57, ‘Vovó musa’ diz que agora é a ‘Madonna de Vila Isabel’ e idade não é tabu para desfilar

(Foto: Diego Mendes/ divulgação)
(Foto: Diego Mendes/ divulgação)

O posto de madrinha de bateria, uma das funções mais visadas das escolas de samba, pertence a apresentadora de TV e nova mamãe do pedaço, Sabrina Sato. Na quadra da Unidos de Vila Isabel, entretanto, ninguém tem chamado mais a atenção do que a musa Paula Bergamin.  
“No ano passado, fui chamada de ‘vovó musa’. Neste ano, que fiquei ainda mais envaidecida, me falaram que eu era a ‘Madonna de Vila Isabel'”, diz a paisagista por formação e passista estreante na agremiação do Rio de Janeiro. 
Aos 57, Paula Bergamin ocupa nobre espaço destinado a mulheres na casa dos 20 e dos 30 anos nos desfiles das escolas de samba do Rio e de São Paulo -a própria Sabrina Sato acaba de completar 38. “Acho que esse medo, esse tabu [com a idade] é uma escravização que a própria mulher faz de si. Não tenho a preocupação de aparentar menos idade do que eu tenho.” 
“Eu me cuido, me esforço para dar o melhor que eu posso, mas nunca vou ter o corpo de uma menina. Não é possível isso. Eu posso fazer todos os tratamentos estéticos do mundo, toda malhação do mundo, mas não tenho que me cobrar isso”, completa. 
A estreia na Marquês de Sapucaí, diz Paula Bergamin, foi em 2014, quando desfilou pelas escolas Império Serrano e Império da Tijuca. No ano passado, ela trocou de agremiação e representou a União da Ilha.
“Comecei a fazer aulas de dança na academia, aos 51. Sou ex-atleta de vôlei, que depois começou a jogar tênis até que tive uma lesão. Num dia, por acaso, deixei a bicicleta do spinning e fui parar numa aula de dança”, afirma Paula, que acabou trocando o tênis pelo salto alto de vez.
E ela não parou mais de se destacar. Em pouco tempo, foi além das aulas de samba e passou a investir em aulas com um ator para trabalhar a sua performance durante o desfile. “Precisava de alguém para me ajudar com os jurados, na hora de acenar, mandar beijos e toda aquela parte mais gestual do desfile. Agreguei essa pegada mais teatral que uma musa e uma rainha de bateria precisam ter.” 
Hoje Paula Bergamin também faz aula de stiletto, um tipo de dança sensual em cima de salto fino. E garante que todo investimento ajuda na hora de pisar na avenida. “É um desfile, é um show interativo. É preciso criar um vínculo com os membros da escola e com o público. Você não consegue se sentir a vontade se você não tiver esses vínculos.” 
Natural de Porto Alegre (RS), Paula Bergamin é avó de duas crianças. Sem tabu com a idade, diz que se sente representando outras mulheres ao cair no samba. “Acho até que têm muitas na minha faixa etária que quando me assistem nos ensaios, ficam surpresas, claro, mas ficam principalmente felizes. É como se elas tivessem uma representante porque em tudo sempre se cultua a juventude e a perfeição estética.” (SARAH MOTA RESENDE, SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)


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