18 de novembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 09:19

Ao menos um morador de rua morre após tarde mais fria do ano em SP

Durante a tarde mais fria do ano, a segunda mais fria em 13 anos, ao menos um morador de rua foi encontrado morto sem sinais de violência.

Às 16h30 desta terça-feira (18), a Polícia Militar recolheu o corpo de um desabrigado no cruzamento da rua Teodoro Sampaio com a avenida Doutor Arnaldo, na zona oeste da capital. Conforme a PM, não havia qualquer sinal de violência, um indicativo de que a morte pode ter sido em decorrência da baixa temperatura.

Houve ainda, segundo o padre Julio Lancellotti, da Pastoral de Rua, uma segunda morte nesta terça nas mesmas circunstâncias e na mesma região, em frente à Faculdade de Medicina da USP. Esta, sem confirmação da PM até a publicação deste texto.

“É aquela história, no o IML vai dar ataque cardíaco ou tuberculose, porque hipotermia não é patologia. Não se morre de frio”, diz, em tom irônico, citando artigo publicado na Folha de S.Paulo durante a onda de frio do ano passado, sobre mortes por hipotermia (drástica redução da temperatura corporal).

Em 2016, ao menos seis moradores de rua morreram no período de frio entre junho e julho. Neste ano, há pelo menos mais uma morte sob suspeita de ter sido causada pelo frio, em 10 de junho.

Em meio às baixas temperaturas deste início de semana, a procura em abrigos da prefeitura aumentou. Segundo Lancellotti, a operação de emergência da administração municipal ainda não atende toda a demanda. “Acabei de entregar um na Missão Belém com sinais de hipotermia”, disse à reportagem, por volta da meia-noite desta quarta-feira (18).

“Encontrei outro na praça da Armênia que não queria se movimentar, mas conseguimos aquecê-lo. Tem muita gente na rua. Passei embaixo do Minhocão, tem muita gente. Lá, na Armênia, na praça Marechal Deodoro, no parque da Mooca”, afirma Lancelotti, que diz ter falado com o prefeito João Doria (PSDB) sobre o tema. O padre afirma ter feito pessoalmente um pedido ao tucano para que o decreto sobre a remoção de pertences dos moradores de rua seja obedecido. “O ‘rapa’ tem sido inclemente”, diz.

AÇÃO EMERGENCIAL

A gestão Doria (PSDB) lamentou, por meio de nota, a morte do morador em situação de rua na capital e informou que aguarda laudo do IML (Instituto Médico Legal) que atestará a causa da morte.

Nos dias de baixas temperaturas, segundo a prefeitura, estará em operação o PEI (Programa Emergencial de Inverno), com atuação de equipes das secretarias de Assistência e Desenvolvimento Social, Segurança Urbana, Direitos Humanos e Cidadania, além da COMDEC (Coordenadoria Municipal da Defesa Civil).

A primeira unidade de acolhimento do PEI será inaugurada nesta quarta (19), na rua Comendador Nestor Pereira, no Canindé (zona norte). A previsão é de que a unidade, sob administração da Igreja Adventista, atenda até 460 pessoas, das 19h às 8h.

No local, além do acolhimento, os beneficiados também terão acesso a banheiros equipados com chuveiros com água quente, vasos sanitários, e local para refeições (jantar e café da manhã), seguindo o modelo das unidades do Atende (Atendimento Diário Emergencial), implantadas na região da Luz (centro).

A rede ainda dispõe de 10 mil vagas fixas, 1.400 vagas criadas exclusivamente para a operação Baixas Temperaturas, além de cerca de 400 vagas nos Centros Temporários de Acolhimento, que totalizam 11,8 mil vagas.

Ainda segundo a prefeitura, será realizada ações para a distribuição de cobertores, roupas e alimentos.

Leia Mais:

Onda de frio deve continuar em Goiás até o fim de semana

 


Leia mais sobre: Brasil