O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles foi oficializado candidato do MDB ao Planalto nesta quinta-feira (2), após conquistar apoio de 85% dos convencionais do partido. Participaram da votação 419 dirigentes da sigla, ou seja, o presidenciável conseguiu pelo menos 356 votos.
Meirelles enfrentava resistência de diretórios do Nordeste, principalmente em Alagoas, com Renan Calheiros, mas conseguiu angariar mais da metade dos votos para ser chancelado o nome da sigla na sucessão presidencial. Renan prometia um discurso duro contra o nome do ex-ministro, mas disse, nos bastidores, que não tinha “plateia” e, por isso, desistiu.
Agora, o candidato inicia sua campanha com o desafio de romper com o isolamento político e se desgarrar da impopularidade de Michel Temer, que o acompanhou durante toda a convenção.
Estacionado há meses com 1% das intenções de voto, Meirelles não fechou nenhuma aliança com outro partido -seu vice deve, inclusive, ser uma mulher do próprio MDB- e precisará trabalhar para não se ver abandonado pelos correligionários, assim como aconteceu com Ulysses Guimarães, em 1989, última vez em que o MDB teve candidato à Presidência da República.
Caciques do MDB avaliam que o lançamento de uma candidatura própria no momento em que o partido está sozinho e contaminado pela imagem impopular de Temer servirá para buscar alguma independência, principalmente em relação ao centrão -grupo de cinco partidos que esteve na base do emedebista, porém, declarou apoio a Geraldo Alckmin (PSDB). O objetivo é evitar cair numa espécie de limbo político durante o próximo governo.
Um nome como o do ex-ministro da Fazenda, explicam, mesmo com poucas chances de vitória, não atrapalha a trajetória do partido neste sentido, visto que ele tem uma biografia com poucas brechas para o ataque moral e paga do bolso sua campanha.
Meirelles chegou à convenção do partido em Brasília pouco depois das 11h30, ao lado de Temer, de quem foi chefe da equipe econômica por pouco mais de dois anos. Terá, porém, que manter uma distância segura do padrinho caso queira deslanchar nas pesquisas, já que 92% das pessoas, segundo o Datafolha, dizem que não votariam em um candidato indicado pelo presidente.
O roteiro traçado por Meirelles para tentar vencer esses obstáculos ao mesmo tempo em que tenta se afastar de Temer será colocado oficialmente em prática a partir desta quinta, ao reforçar a ideia de que o presidente não é o tema de sua campanha, mas sim a economia, os programas sociais e a sua biografia, com a qual se apresenta como “resolvedor de problemas”.
O candidato do MDB repetirá daqui pra frente que foi chamado por Temer para assumir o Ministério da Fazenda e tirar o Brasil da crise, mais lembrará com ainda mais entusiasmo da época em que comandou o Banco Central durante os oito anos de governo Lula (PT).
Como revelou a Folha de S.Paulo, Meirelles vai lançar pelo menos dois projetos complementares ao Bolsa Família, principal bandeira dos governos do PT, para tentar avançar sobre o espólio de eleitores de Lula caso o ex-presidente seja impedido de concorrer.
As citações ao petista são um dos principais pilares de sua campanha, que tenta surfar nos bons indicadores econômicos daquele período. Sua atuação no Banco Central, porém, não teve relação direta com a criação de emprego e aumento da renda, hoje motes recorrentes de seu discurso como candidato.
O evento desta quinta se inspirou nas convenções americanas, no entanto, em formato mais modesto, com custo em torno de R$ 1,6 milhão.
Meirelles se posicionou no centro de uma espécie de arena para discursar em pé, com um microfone de mão que o permite se deslocar pelo local diante dos convencionais.
O ex-ministro, que vai pagar a campanha de seu próprio bolso, já disse que está disposto a gastar até o teto de R$ 70 milhões estabelecido pela lei eleitoral para o primeiro turno da campanha presidencial. Parte do custo da convenção também será arcada por ele. (Folhapress)
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