30 de dezembro de 2024
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Anvisa pede sala exclusiva e treinamento de equipes para vacinação de crianças

Postura de Bolsonaro e de Queiroga frente a vacinação infantil é reprovada por infectologistas (Foto: Fiocruz)
Postura de Bolsonaro e de Queiroga frente a vacinação infantil é reprovada por infectologistas (Foto: Fiocruz)

Após o Ministério da Saúde liberar a vacinação infantil no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) listou 17 recomendações para evitar erros na aplicação das doses contra a covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. Na série de sugestões, estão incluídos o uso de um ambiente exclusivo para esta faixa etária e o treinamento completo das equipes de saúde.

A formulação da dose pediátrica equivale a um terço da usada em pessoas com mais de 12 anos, e o frasco é da cor laranja.

Em abril do ano passado, durante campanhas simultâneas de vacinação contra a covid e a gripe, 51 pessoas receberam vacinas trocadas em dois municípios de São Paulo. Cinco crianças, com idade entre sete meses e quatro anos, receberam equivocadamente a Coronavac no lugar da imunização contra a gripe em Diadema, no ABC Paulista. Caso semelhante também foi relatado em Itirapina, no interior do Estado. No entanto, a quantidade de vacinados indevidamente foi maior, sendo 18 adultos (entre eles, duas gestantes) e 28 crianças.

O Ministério da Saúde liberou na quarta-feira, 5, a imunização das crianças sem exigência de prescrição médica e com um intervalo de 8 semanas entre a primeira e a segunda dose. A previsão é de que 3,7 milhões de doses pediátricas da vacina da Pfizer cheguem ainda neste mês e as demais unidades até março. Ao todo, o governo estima em 20 milhões o número de crianças nesta faixa etária.

Segundo a Anvisa, “a grande maioria dos eventos adversos pós-vacinação é decorrente da administração do produto errado à faixa etária, da dose inadequada e da preparação errônea do produto”. A agência recomendou que a vacinação de crianças seja feita em um ambiente separado da imunização dos adultos e que não sejam aproveitadas outras salas, mesmo que pediátricas.

“Não havendo disponibilidade de infraestrutura para essa separação, que sejam adotadas todas as medidas para evitar erros de vacinação”, explicou a agência em documento encaminhado pelo Ministério da Saúde ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 (Secovid) informou à Corte que as vacinas contra a covid devem ser aplicadas nas crianças “seguindo integralmente as recomendações da Anvisa”. Em uma delas, a agência afirma que crianças que completarem 12 anos entre a primeira e a segunda dose devem permanecer com a dose pediátrica.

A Anvisa, que autorizou a aplicação da vacina da Pfizer em crianças em dezembro, também pediu que seja evitada a imunização desta faixa etária em postos drive-thru. Também recomendou que as doses contra a covid não sejam administradas “de forma concomitante a outras vacinas do calendário infantil, por precaução, sendo recomendado um intervalo de 15 dias”.

Após a aplicação da dose, as crianças devem ser acolhidas e permanecer no local da vacinação “por pelo menos 20 minutos após a aplicação, facilitando que sejam observadas durante esse breve período”, sugeriu a Anvisa.

Os profissionais de saúde devem informar aos responsáveis pela criança sobre “os principais sintomas locais esperados (por exemplo, dor, inchaço, vermelhidão no local da injeção) e sistêmico (por exemplo, febre, fadiga, dor de cabeça, calafrios, mialgia, artralgia)” e ainda “outras reações após vacinação, como linfadenopatia axilar localizada no mesmo lado do braço vacinado”.

As primeiras 1,248 milhão de doses devem chegar em 13 de janeiro e começarão a ser enviadas aos municípios no dia seguinte. Neste mês, há previsão de chegada de dois outros lotes com a mesma quantidade de vacinas nos dias 20 e 27 de janeiro.

“Será adotado o critério populacional para a distribuição das doses”, afirmou o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, em anúncio nesta quarta-feira, 5.

A Saúde recomenda que a imunização seja feita por faixa etária decrescente com prioridade para as crianças com comorbidade ou deficiência permanente, indígenas e quilombolas. Em seguida, devem ser imunizadas aquelas que vivem em lar com pessoas com alto risco para evolução grave de covid e depois crianças entre 10 e 11 anos, 8 e 9 anos; 6 e 7 anos e, por fim, crianças com 5 anos.

Veja as 17 recomendações da Anvisa para a vacinação de crianças de 5 a 11 anos

1) A imunização desta faixa etária deve começar após treinamento completo das equipes de saúde;

2) As doses devem ser aplicadas em ambiente específico e segregado da vacinação de adultos, em ambiente acolhedor e seguro para a população;

3) A vacinação de crianças em comunidades isoladas (aldeias indígenas, por exemplo), sempre que possível, deve ser feita em dias separados, não coincidentes com a vacinação de adultos;

4) A sala para aplicação de doses pediátricas deve ser exclusiva para a aplicação dessa vacina, não sendo aproveitada para a aplicação de outras vacinas, ainda que pediátricas. Não havendo disponibilidade de infraestrutura para essa separação, que sejam adotadas todas as medidas para evitar erros de vacinação;

5) O imunizante contra a covid não deve ser administrado de forma concomitante a outras vacinas do calendário infantil, por precaução, sendo recomendado um intervalo de 15 dias;

6) A vacinação das crianças deve ser evitada em postos de vacinação na modalidade drive thru;

7) As crianças devem ser acolhidas e permanecer no local da vacinação por pelo menos 20 minutos após a aplicação, facilitando que sejam observadas durante esse breve período;

8) Antes de aplicar a vacina, os profissionais de saúde devem informar ao responsável que acompanha a criança sobre os principais sintomas locais esperados (por exemplo, dor, inchaço, vermelhidão no local da injeção) e sistêmico (por exemplo, febre, fadiga, dor de cabeça, calafrios, mialgia, artralgia) e outras reações após vacinação, como linfadenopatia axilar localizada no mesmo lado do braço vacinado, que foi observada apósvacinação com vacinas de mRNA;

9) O responsáveis devem ser orientados a procurar o médico se a criança apresentar dores repentinas no peito, falta de ar ou palpitações após a aplicação da vacina;

10) Antes de imunizar as crianças, os profissionais de saúde devem mostrar ao responsável que se trata da vacina contra a covid. O frasco é da cor laranja e a dose é de 0,2ml, com 10 mcg do imunizante Comirnaty (Pfizer/Wyeth). A seringa a ser utilizada (1 mL) e o volume a ser aplicado (0,2mL) também devem ser apresentados aos pais ou responsáveis;

11) Deve ser implementado um plano de comunicação sobre as diferenças de cor entre os produtos, incluindo a utilização de redes sociais e estratégias mais visuais que textuais;

12) Atenção à possibilidade de existência de frascos de outras vacinas semelhantes no mercado, que sejam administradas dentro do calendário vacinal infantil, e que possam gerar trocas ou erros de administração;

13) As crianças que completarem 12 anos entre a primeira e a segunda dose devem permanecer com a dose pediátrica da vacina Comirnaty;

14) Os centros/postos de saúde e hospitais infantis devem ficar atentos e ser treinados para atender e captar eventuais reações adversas;

15) Adoção de um programa de monitoramento, capaz de captar os sinais de interesse da farmacovigilância;

16) Manutenção dos estudos de efetividade das vacinas para a faixa etária de 5 a 11 anos;

17) E adoção de outras ações de proteção e segurança para a vacinação das crianças, a critério do Ministério da Saúde e dos demais gestores da saúde pública. (Por Julia Afonso/Estadão Conteúdo)


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