Então diretor do FBI (polícia federal dos Estados Unidos), James Comey pediu ao Departamento de Justiça, poucos dias antes de o presidente Donald Trump demiti-lo, mais verbas e funcionários para conduzir a investigação sobre a suposta ligação de integrantes da campanha do republicano com a Rússia antes das eleições, informou a imprensa americana.
Comey foi demitido na terça-feira (9) de maneira abrupta. Questionado nesta quarta (10) sobre o motivo da demissão, Trump afirmou que “ele não estava fazendo um bom trabalho”. Mais cedo, o vice-presidente Mike Pence havia dito que a saída de Comey não tem relação com as investigações sobre a Rússia.
De acordo com autoridades ouvidas pelo jornal “New York Times”, o pedido de Comey por mais recursos para o inquérito sobre a Rússia foi direcionado ao vice-secretário de Justiça, Rod J. Rosenstein, o mesmo que escreveu a carta de demissão de Comey, datada de terça-feira (9).
No documento, Rosenstein argumentou que o Departamento de Justiça considerou “errada” a decisão de Comey de não recomendar o indiciamento da ex-secretária de Estado Hillary Clinton, em 2016, após investigar o uso de um e-mail particular para tratar de assuntos do Departamento de Estado. Na época, a democrata disputava a Presidência contra Trump, e Comey passou a ser encarado pelos republicanos como inimigo.
Para Rosenstein, o diretor do FBI “usurpou a autoridade” do secretário de Justiça ao anunciar que o caso seria encerrado.
Poucas horas antes do anúncio da demissão de Comey, o FBI havia enviado ao Congresso uma correção de declarações oficiais de seu então diretor sobre os e-mails de Hillary, segundo as quais uma auxiliar da ex-chanceler passara ao marido “centenas de milhares de e-mails”, incluindo alguns confidenciais.
O órgão depois afirmou que encontrou apenas um pequeno número de mensagens no laptop do ex-deputado Anthony Weiner, investigado em um escândalo sexual.
Opositores criticaram a decisão do governo de demitir Comey, afirmando que ela faz parte de um plano para tentar abafar as investigações sobre a Rússia.
Congressistas democratas, e também alguns republicanos, exigiram a indicação de um investigador imparcial para chefiar o inquérito.
As supostas relações entre auxiliares de Trump e autoridades da Rússia provocaram turbulências nos primeiros meses do governo do republicano.
Em fevereiro, Trump demitiu o então conselheiro de Segurança Nacional, Michael Flynn, por ele ter mentido a seus superiores sobre contatos com o embaixador da Rússia em Washington. No mês seguinte, o secretário de Justiça, Jeff Sessions, anunciou seu afastamento das investigações do departamento que chefia sobre a Rússia devido a indícios de que ele havia mantido contato com autoridades do país durante a campanha eleitoral.
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