22 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 10:03

Anel dado a ex-primeira-dama foi abatido em propina a Cabral, diz Cavendish

O empresário Fernando Cavendish, ex-dono da Delta Construções, afirmou em interrogatório nesta segunda-feira (4) que o anel comprado como presente de aniversário para a ex-primeira-dama do Rio Adriana Ancelmo foi abatido na propina paga pela reforma do Maracanã.

Ele afirmou ao juiz Marcelo Bretas que foi constrangido pelo ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) a pagar 220 mil euros pelo anel quando estava em Mônaco numa viagem de casais.

“Ele entrou na joalheria e disse que estava dando um presente para a Adriana. Ele disse: ‘Gostaria que você pagasse’. Isso aconteceu de forma não natural. Era um valor fora da minha realidade. Nesse momento, deixei claro que aquele presente teria uma reciprocidade”, relatou o empresário.

A existência do presente foi divulgada em outubro do ano passado, quando Cavendish negociava uma delação premiada, ainda não firmada. Cabral confirmou a existência do anel, mas disse que o devolveu em 2012, após o escândalo da CPI do Cachoeira, na qual a Delta foi envolvida.

Cavendish afirmou que o presente foi dado em julho de 2009. Meses depois, ele pediu ao ex-governador para que ele intercedesse junto à Odebrecht para que fizesse parte do consórcio que faria a reforma do Maracanã para a Copa do Mundo.

“Foi nesse momento quando ele deixou claro a necessidade de dar uma reciprocidade de 5%. O Maracanã foi a forma que tive a contrapartida daquele presente. Fiz o abatimento desse presente nas parcelas pagas de propina. Não foi um presente, foi um negócio”, declarou o ex-dono da Delta.

Ele estimou ter pago R$ 3,5 milhões em propina ao peemedebista. O empresário declarou que era amigo há anos do então governador, mas que aquela viagem foi a primeira vez em que recebeu pedido de propina.

Cavendish prestou depoimento na ação penal analisa se houve cartel nas licitações do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em favelas do Rio e da reforma do Maracanã. O primeiro caso foi revelado pela Folha de S.Paulo em 2010, quando apontou que concorrentes na disputa compartilharam um mesmo documento na concorrência.

À época, Cabral admitiu que recebeu o anel. Mas declarou que devolveu o presente em 2012.

“Posteriormente, quando foram divulgadas as denúncias contra Cavendish envolvendo Carlos Cachoeira, o Estado acompanhou o governo federal na decretação da inidoneidade da Delta, motivo pelo qual o casal praticou o gesto de devolver o presente”, afirma a nota. (Folhapress)

Leia mais:


Leia mais sobre: Brasil