Anderson Torres pode fazer delação, após fontes da Polícia Federal afirmarem que o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro demonstrou interesse em firmar um acordo. As informações, divulgadas pelo Correio Brasiliense, dão conta de que, por conta da complicada situação de Torres, não haja como ele se defender da quantidade de acusações e provas que o rodeiam. Com isso, caso situação envolve o ex-presidente jair Bolsonaro, ele pode ser preso.
Isso tudo por que, além de já estar preso desde 14 de janeiro suspeito de envolvimento com os atentados que ocorreram contra as sedes dos Três Poderes no dia 8 do mesmo mês, em Brasília, Anderson Torres também pode estar envolvido num documento de inteligência identificado pela PF. Neste documento, há um mapa de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve mais votos no primeiro turno das eleições e que, em parte destes lugares, houve bloqueio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que tentou impedir eleitores de votarem no segundo turno em outubro último.
Foram registrados mais de 500 pontos de fiscalização pelo país durante votação do segundo turno, sendo que mais da metade ocorreu em estados do Nordeste e onde Lula teve mais votos e maior aceitação entre os eleitores. Há, inclusive, vídeos de pessoas que afirmaram que estavam sendo impedidas de votar.
A PF apura se Torres articulou as ações, mpor que além disso, a também foi identificada uma viagem dele à Superintendência do órgão na Bahia na véspera da votação do segundo turno, em 30 de outubro. Os advogados do ex-ministro, claro, negam que ele esteja negociando qualquer acordo de delação e afirmaram que estão preparando “uma defesa estritamente técnica”.
Sobre Bolsonaro ser preso, isso pode acontecer por que a PF também mira eventual envolvimento do ex-presidente, que seria beneficiado direto, caso os eleitores em colégios eleitorais de Lula não conseguissem votar. O ex-mandatário, poderia ser preso, inclusive, por um crime que ele mesmo sancionou ao tentar impedir o exercício do voto dos nordestinos.
Para o deputado Rubens Pereira Jr. (PT-MA), que é mestre em Direito Constitucional, e que analisou as supostas implicações criminais caso a Polícia Federal, se provado que Bolsonaro se envolveu no caso poderia pegar de 3 a 6 anos de cadeia. “
Ao instrumentalizar a máquina pública para restringir o exercício de direitos de uma população em razão de sua procedência e escolha política, Torres e Bolsonaro seriam imputados na conduta prevista no Art. 359-P do Código Penal”, afirmou Rubens. Isso por que o artigo do código penal prevê pena de prisão para todos aqueles que restringiram, impediram ou dificultaram “com emprego de violência física, sexual ou psicológica, o exercício de direitos políticos a qualquer pessoa em razão de seu sexo, raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.
“Esse artigo foi sancionado por Bolsonaro em 1º de setembro de 2021, quando ainda era presidente da República. Se for comprovada sua participação no crime, tanto ele quanto Torres podem pegar até seis anos de prisão”, lembrou o deputado.
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