A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) está disposta a interromper o serviço e fazer a apreensão dos equipamentos após identificar os provedores de internet ou telefonia que usam de forma irregular os postes das redes de energia elétrica e de iluminação pública de Goiânia. Além disso, a Anatel sugere a formação de um fórum consultivo para encaminhar soluções para os cabos abandonados ou irregulares que estão espalhados pela cidade, causando acidentes.
As sugestões partiram do gerente regional da Anatel, Paulo Aurélio Pereira da Silva, diante do cenário grave, identificadona capital, e sobre o qual a agência foi convidada pela primeira vez para contribuir. Em entrevista ao jornalista Altair Tavares, editor-geral do Diário de Goiás, ele relatou que quando o assunto dos cabos foi discutido na gestão passada, a Anatel não foi convidada.
Ao tomar pé da gravidade da situação nesta quinta-feira (9) em reunião convocada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) ele afirmou: “Pelo visto, temos muito a contribuir”. Segundo o gerente, a Anatel tem o cadastro das empresas e aquelas que estão em funcionamento, usando postes da Equatorial Goiás sem estarem esse cadastro, são clandestinas.
“A Anatel pode atuar interrompendo o serviço e apreendendo os equipamentos”, afirmou. Mas ela precisa ser informada tanto pela Equatorial quanto por outros provedores, disse também.
Anatel vai agilizar notificação da maior dona de cabos abandonados
O gerente acrescentou que espera uma nova reunião com o MP-GO e a Prefeitura para agilizar a notificação da principal empresa que abandonou os cabos, que seria a operadora Oi, e encaminhar um projeto para solucionar a questão. Por outro lado, Paulo Aurélio admitiu que é um problema nacional.

O MP-GO convidou empresas de internet, a Equatorial Goiás, a Prefeitura de Goiânia e a Anatel para forçar um avanço na questão que incomoda a população goianiense e de outras cidades. Recentemente, uma jovem de 17 anos morreu no Centro de Goiânia após um fio provavelmente da rede elétrica se romper e, energizado, encostar na água – enquanto em Anápolis um menino de 10 anos pisou em um cabo de internet que aparentemente também ficou energizado após contato com a luminária do poste da Prefeitura. Os dois casos são investigados.
Leia também: Após morte de jovem, Mabel anuncia força-tarefa para retirar fios perigosos em Goiânia
MP-GO quer pressa na remoção dos ‘fios mortos’, afirma promotora
A intenção do MP-GO é ampliar o trabalho de remoção dos fios mortos desativados de Goiânia, destacou a promotora de Justiça Alice freire, da 8ª Promotoria.
“A expectativa agora é que novas frentes e novas etapas desse projeto sejam desencadeadas”, afirmou ela. Segundo a promotora, “o Programa Cidade Segura foi admitido pela Prefeitura de Goiânia como uma política municipal de gerenciamento desses fios mortos, inutilizados, que estão aí em desuso nos postes da capital”.
Pequenos provedores mostraram estudo sobre empresas “causadoras” dos problemas
A sugestão citada pelo gerente da Anatel, de separar as empresas que causam problema e que estão irregulares, das demais, de certa forma coincide com o desejo dos pequenos provedores que foram representados na reunião pelo empresário Romenig Júnior Antônio de Lima.

Os pequenos provedores são ressentidos por serem frequentemente apontados como responsáveis pelos fios abandonados, o que diverge de um estudo apresentado por ele em entrevista coletiva.
Realizado pela SCM Engenharia de Telecomunciações, o estudo avaliou as redes de 2007 até agora, apontando um grande volume de cabos que teriam sido abandonados por grandes empresas. Lima cita, por exemplo, a GVT, que não existe mais, e a Oi, em reestruturação.
74,3 toneladas de cabos abandonados
O estudo apontou 384,086 linhas telefônicas desativadas em Goiânia nos 18 anos analisados, sendo que esse volume representa 74,3 toneladas de cabos telefônicos que foram abandonados paulatinamente na cidade – dos quais 14 mil toneladas ainda estariam pelas ruas.
“O provedor está levando a fama de toda uma história de 30 anos de cabos [abandonados] nos postes”, lamentou o representante.
Conforme ele, na gestão passada, os pequenos provedores se dispuseram a fazer a parte deles para a remoção dos cabos, mas não tiveram respaldo do poder público para fazer o transporte da carga. Lima apontou que o trabalho de remoção precisa ser planejado com maior racionalidade, já que alguns provedores atuam em dois ou três setores apenas, enquanto outros cobrem uma quantidade maior de bairros.
Mabel diz que retirada de cabos abandonados começa em novembro
O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, também participou da reunião. Em diferentes oportunidades ele tem criticado o abandono dos fios e os acidentes provocados por essa atitude. Ele disse que a prefeitura vai coordenar os trabalhos e fazer a remoção dos cabos abandonados “na cidade toda. Nós vamos começar a ver essas linhas serem retiradas”.

Mabel alertou para que a população não contrate internet de operadores irregulares porque o município vai trabalhar para que eles deixem o mercado se não se regularizarem. Ele avalia que começa o trabalho em novembro.
Mas o prefeito disse que não consegue estimar o prazo para concluir esse serviço. “Eu, sinceramente, não tenho essa noção de tempo. O que nós queremos fazer é o mais rápido possível [mas], é fazer bem feito e continuadamente. Os cabos estão aí há muitos anos”, observou.
Em seguida, arriscou estimar em um a dois anos para eliminar o problema. “Mas, hoje, eu não consigo dimensionar isso tecnicamente”, completou.
A reportagem não conseguiu o contato atualizado da Assessoria de Imprensa da operadora Oi.
Leia mais sobre: Anatel / Cabos abandonados / Infraestrutura urbana / MP-GO / Provedores de internet / Sandro Mabel / Cidades / Goiânia

