SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Amazon.com lançou nesta quarta-feira (12) seu serviço de streaming de música com assinaturas a partir de US$ 4 (R$ 13) por mês para os proprietários de seu alto-falante Amazon Echo, acelerando a tendência da indústria em direção a preços mais flexíveis.
O novo serviço de streaming, chamado Amazon Music Unlimited, permite ao usuário acessar um vasto catálogo de músicas sob demanda, de modo semelhante ao Spotify e ao Apple Music. Por enquanto, o serviço está disponível apenas nos Estados Unidos, e deve chegar neste ano à Alemanha, Áustria e ao Reino Unido.
Apesar de um preço de partida mais em conta, outras categorias de assinatura da Amazon não diferem tanto das concorrentes. Para ouvir música em outros dispositivos, membros “prime” do serviço de entrega e de vídeo da Amazon vão pagar US$ 8 (R$ 26), e não-membros, US$ 10 (R$ 32) -esta última, a mesma taxa mensal em dólares cobrada por Spotify e Apple Music. A empresa vai continuar oferecendo aos membros “prime” um serviço limitado de streaming gratuitamente.
O lançamento do serviço é reflexo da mudança no modo como as pessoas ouvem música. Segundo a Nielsen, durante o primeiro semestre de 2016, a compra virtual de faixas musicais caiu 24% e a de álbuns, 18%, enquanto a contratação de streamings cresceu 59%, em comparação com o mesmo período do ano passado.
“Há definitivamente espaço para crescer [nesse mercado] simplesmente porque há mais e mais consumidores escolhendo essa maneira de acessar música”, disse o analista da eMarketer Paul Verna. “Mas as recompensas não são enormes e infinitas, elas são até modestas, e já há jogadores nesse campo”, completa.
Com catálogos mais ou menos semelhantes e preço que podem se aproximar, Verna destaca que os serviços devem se diferenciar pela interface do usuário.
VOZ
Para se destacar, enquanto entre no universo do streaming, a Amazon conta com o desempenho do Echo, um alto-falante inteligente que responde a comandos de voz. Lançado mundialmente no ano passado, o Echo se tornou um hit, levando muitos a prever que a voz vai se tornar uma forma essencial de os usuários interagirem com a tecnologia -e a música é central para o apelo ao dispositivo.
A Amazon acredita que dispositivos domésticos inteligentes serão uma importante fonte de crescimento para a indústria da música, disse Steve Boom, vice-presidente da Amazon Music.
“A primeira fase de crescimento [em streaming de música] foi impulsionada quase que inteiramente por smartphones”, disse ele em uma entrevista. “Nós acreditamos fortemente que a próxima fase de crescimento do streaming vai vir da casa.”
A Amazon tem esperanças de que a inteligência artificial irá manter as pessoas sintonizadas. Recomendações baseadas nos hábitos de escuta do usuário tornaram-se um “grampo” de serviços de streaming, e Amazon também desenvolveu mecanismos no sistema para que os usuários possam procurar músicas que se encaixem em um humor particular ou a partir de trechos da letra. Tudo “conversando” com o Echo.
Os dados do Echo ensinaram muito à Amazon sobre a linguagem da música, disse Kintan Brahmbhatt, diretor da Amazon Music.
PREÇOS
O preço de saída mais baixo do serviço de streaming da Amazon é consistente com a reputação da empresa de “cortar pela raiz” a concorrência e sinaliza que a indústria da música está começando a acomodar os consumidores que não estão dispostos a pagar US$ 9,99 por mês.
Depois de terem visto as receitas caírem desde a era do CD, os executivos das gravadoras têm sido relutantes em ceder nos preços, mas os serviços de streaming têm exercido pressão.
Boom disse que está otimista de que os novos preços irão expandir o mercado. “Estamos afastando a música dessa abordagem de ‘um tamanho serve para todos'”, disse. “Somos nós que estamos pressionando isso até o limite.”
Os serviços de streaming devem pagar a maior parte de suas receitas para os detentores de direitos autorais das músicas, um modelo de negócio que fez a Pandora e o Spotify lutarem para obter lucro. Mas a Amazon pode se dar ao luxo de ter perdas no streaming, e o incentivo ao serviço “prime” também vale a pena, dizem analistas.
APOSTAS
O serviço de música premium, após o lançamento de um de vídeo independente, sugere que a Amazon vai, cada vez mais, oferecer opções básicas através do “prime”, enquanto vende assinaturas adicionais para os consumidores que querem ir mais fundo, disse o analista Jan Dawson do Jackdaw Research.
“Pense nisso como dois níveis diferentes: “prime” é agora o serviço introdutório, e o “unlimited” é o serviço completo”, disse Boom.
Apesar do preço baixo para quem escutar música no Echo, a Amazon e as gravadoras estão apostando que os consumidores se sentirão motivados para fazer o “upgrade” e poder ouvir música em outros dispositivos, disse Ted Cohen, sócio-gerente da TAG Strategic.
“Em um determinado momento, você vai ficar frustrado e dizer, ‘Ah, por que não?'”, disse ele.
Leia mais sobre: Tecnologia