23 de dezembro de 2024
Cidades

Aluno com deficiência visual aprende a usar a bengala em escola da rede

A emoção de segurar um filho no braços, ajudá-lo nos primeiros passos, vê-lo crescer é o sonho de toda mãe. Mas ter uma criança com algum tipo de deficiência não é nada planejado. E assim foi com Lorena Teixeira de Brito e Silva, mãe do pequeno Davi de Oliveira Brito, 5 anos, aluno com deficiência visual que estuda na Educação Infantil da Escola Municipal Antônio Fidelis, no Parque Amazônia.

 

A mãe ao saber da notícia que o filho não enxergava ficou triste, chorou. “No começo, a gente assusta. Percebi algo diferente quando fui para o quarto logo após o nascimento do Davi. Ele tinha uma mancha branca no olho. No segundo dia, passamos por um oftalmologista e, ao olhar meus exames, o médico constatou que tive três problemas na gravidez, toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus”, relata Lorena.

 

Atualmente, com o apoio das instituições que compõem a rede de inclusão da Secretaria Municipal de Educação e Esporte (SME) e acompanhamento dos profissionais da rede, os alunos com Necessidades Educacionais Específicas (NEE) como Davi, recebem atendimento especializado.

 

No caso da deficiência visual, o Centro Brasileiro de Reabilitação e Apoio ao Deficiente Visual (Cebrav) é parceiro. No momento, Davi aprende a usar a bengala na escola e no dia-a dia para ganhar mais mobilidade. “Ele é uma criança bem independente apesar da sua limitação. Tem uma pequena percepção de luz no olho esquerdo. Fez quatro transplantes de córnea que tiveram rejeição. Com o tempo ajustei a situação e aprendi a lidar com ele”, completa a mãe.

 

De acordo com Gerson Carneiro de Farias, apoio do Cebrav, o atendimento com o Davi é feito desde bebê, o que facilita na independência da criança. “Quando a família aceita mais rápido a realidade, melhor. Foi o que aconteceu com o Davi, que é uma criança muita amada. A mãe buscou ajuda e foi realizada uma intervenção precoce. Agora, a bengala vai proteger e dar mais segurança, facilitando a locomoção para ele aprender a atingir outros locais da escola”, ressalta.

 

“Meu filho ficou um tempo na rede privada, mas trouxe ele para a rede municipal pois tive a informação pelo Cebrav que ele teria um acompanhamento multiprofissional. E assim ocorre, fui bem acolhida na escola. O Davi gosta tanto, que chora quando não vem”, conta Lorena. Além de aprender a utilizar a bengala, Davi começou a conhecer as primeiras letras no sistema braille.

 

Para a professora da turma de Educação Infantil, Íris Hilário de Medeiros Cunha, a presença de uma criança com deficiência visual na sala só tem a contribuir. “No começo, assustou pois nunca tinha ensinado uma criança com a limitação visual. Mas com o tempo foi possível ter experiências fantásticas. Toda turma comemora quando o Davi tem um avanço na aprendizagem. Foi uma festa quando ele aprendeu a reconhecer as cores”, destaca a educadora.

 

“Trazemos os alunos da sala para socialização e interação, realizamos atividades de sensibilização com olhos vendados e muitas brincadeiras quem contribuem para o desenvolvimento de toda turma. Com ele na sala, aprendi formas diferentes de ensinar”, completa a educadora.

 

A coordenadora pedagógica da escola, Gisele Vieira, relata que a presença do Davi trouxe benefícios para os professores. “Na escola, temos a aluna Ana Klara, também com deficiência visual, que chegou na escola enxergando e perdeu a visão depois. Ana Klara tem 12 anos e até ajudou o Davi com o braille. Os alunos nos fizeram crescer como profissionais”, salienta.

 

Inclusão na rede municipal

 

Uma das prioridades da Prefeitura de Goiânia é fortalecer o processo de inclusão de educandos com Necessidades Educacionais Específicas. O trabalho com os alunos é desenvolvido por dois Centros Municipais de Apoio à Inclusão – Cmai Brasil Di Ramos Caiado e Cmai Maria Thomé Neto e conta com a parceria das instituições Cebrav, a Associação Pestalozzi – Unidade Renascer, Escola de Ensino Especial – Ascep, Escola Especial Helena Antipoff – Apae, Centro de Orientação e Reabilitação e Assistência ao Encefalopata – Corae e Centro de Apoio ao Deficiente.

 

Coordenado pela Gerência de Inclusão, Diversidade e Cidadania da SME e acompanhados pelas psicopedagogas das Coordenadorias Regionais de Educação, as unidades subsidiam a aprendizagem dos alunos com deficiências, síndromes, Transtornos Globais do Desenvolvimento – TGD, altas habilidades / superdotação e dificuldades significativas de aprendizagem matriculados nas unidades educacionais. São atendidos 30 alunos com cegueira e 86 com baixa visão e, no total, a rede de inclusão atende 2047 educandos.


Leia mais sobre: Cidades