23 de dezembro de 2024
Entretenimento • atualizado em 13/02/2020 às 09:43

Alice Cooper toca antes de Guns N’ Roses para encerrar São Paulo Trip

A grande atração do último dia do festival São Paulo Trip é o Guns N’ Roses, mas Alice Cooper promete não fazer feio diante de quem chegar um pouquinho mais cedo, às 18h30.

“É uma grande diversão tocar num festival”, conta Cooper, em entrevista por telefone à reportagem. “Ainda mais no Brasil, onde as pessoas vão à loucura.”

Aos 69, o veterano diz estar distante de pensar em parar. Em julho, lançou um novo disco, “Paranormal”, o 27º de uma longa carreira. Ao lado de Arthur Brown, com quem se apresentou no Rock in Rio no último fim de semana, ele foi um dos pioneiros no uso da teatralidade no rock. Sua influência se estende por gerações de artistas, do Kiss ao Marilyn Manson.

“Eu era uma criança normal, sempre fui. Mas aí eu subia no palco e me transformava”, conta o músico, que fala de si na terceira pessoa.

Alice Cooper é, afinal, um personagem – e Vincent Furnier, seu nome real, chama essa transformação de “atuar à própria maneira”.

Na estrada desde o final da década de 1960, Cooper e sua banda não fizeram sucesso estrondoso logo de cara. Seus dois primeiros discos tiveram vendas medíocres. Foi quando apareceu o produtor Bob Ezrin, que “criou o som de Alice Cooper”, segundo o próprio, no disco “Love It To Death”, em 1971.

Daí veio o estrelato: a parceria rendeu cinco discos de platina e um de ouro consecutivos, e fez com que artistas como Salvador Dalí e Andy Warhol quisessem conhecê-lo. “Eu era amigo de muita gente da antiga Hollywood. Por alguma razão, todos eles gostavam muito de Alice Cooper, eles me achavam muito ‘vaudeville'”, relata ele.

Warhol, depois de ter visto um show no qual Cooper simulava ser eletrocutado, em 1972, produziu um silkscreen com uma cadeira elétrica, como parte da sua série “Death and Disaster”. O cantor gostou e comprou a obra por cerca de US$ 2.500.

Ela ficou esquecida entre os objetos de turnê de Cooper e foi achada por seu empresário apenas recentemente, em junho, mais de 40 anos depois. “Agora, ela vale 10 milhões de dólares”, diz ele, aos risos. “Foi um bom achado, vamos dizer assim.”

Paranormal

A parceria com Ezrin se mantém até hoje. Foi ele quem produziu “Paranormal”, que, em três de suas faixas, tem o retorno da banda clássica: além de Cooper no vocal, Neal Smith na bateria, Dennis Dunaway no baixo e Michael Bruce na guitarra.

Cooper conta que, quando se separaram no auge, na década de 1970, nunca ficou nenhum ressentimento. “Foi algo pacífico. Vimos que cada um estava indo numa direção. Mas nunca houve nenhum processo judicial nem nada do tipo.”

Lançado há pouco mais de um mês, o disco tem outros convidados, como Roger Glover do Deep Purple, Billy Gibbons do ZZ Top, e o inusitado Larry Mullen Jr., baterista do U2.

“Eu queria buscar um baterista que ninguém jamais esperaria que convidássemos”, relembra. “E o U2 sempre foi muito fã do Alice Cooper, desde a época em que eram crianças na Irlanda.”

O álbum, e a turnê que o trouxe até o Brasil, são demonstrações de que Cooper está disposto a seguir em frente enquanto sua saúde estiver em ordem.

“Minha voz se mantém igual porque eu não bebo nem fumo. Sempre fui muito saudável, eu era corredor nos tempos de colégio.”

Hollywood Vampires

O fascínio exercido pelo cantor em outros artistas se reflete até hoje em seu projeto paralelo, o Hollywood Vampires. Trata-se de um supergrupo montado por ele com o guitarrista Joe Perry (Aerosmith) e o astro de “Piratas do Caribe”, Johnny Depp.

“Johnny é como eu, adora fazer personagens totalmente diferentes dele”, conta. A banda, que se apresentou no último Rock in Rio brasileiro, em 2015, deve voltar ao estúdio em breve. Dessa vez, porém, não farão um disco apenas de versões.

“Será um material completamente novo”, se gaba Cooper. “Mal posso esperar, eu adoro estar com Johnny e com Joe.”

SÃO PAULO TRIP COM ALICE COOPER E GUNS N’ ROSES

QUANDO hoje (26), 18h30

ONDE Allianz Parque, Av. Francisco Matarazzo, 1.705, Água Branca

QUANTO de R$ 300 a R$ 780. Ingressos pelo tel. 4003-1212 ou ingressorapido.com.br

(Folhapress)

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