Aliados do presidente Michel Temer aguardam os desdobramentos da crise política na próxima semana para decidir se permanecem ou não na base de sustentação do governo.
Parlamentares que dão sustentação ao Palácio do Planalto ouvidos pela reportagem disseram que o pronunciamento feito por Temer neste sábado (20) foi bom ao mostrar fragilidades nas acusações contra o peemedebista.
Para eles, Temer deu discurso para a base aliada contestar nos plenários da Câmara e do Senado a afirmação de que a Procuradoria-Geral da República vê indícios dos crimes de obstrução de Justiça, corrupção passiva e organização criminosa na conduta de Temer narrada em delação pelos irmãos Batista, da JBS.
No entanto, estes mesmos parlamentares dizem, sob reserva, que, se surgirem fatos novos contra o presidente na próxima semana, pode haver uma debandada da base aliada.
Íntegra do pronunciamento de Temer
Neste sábado, o PSB, que comanda o Ministério de Minas e Energia, pediu a renúncia de Temer e disse que, se isso não ocorrer, defende o impeachment do presidente. A legenda -sétima maior da Câmara, com 35 deputados- não se manifestou sobre a possibilidade de entregar os cargos que seus integrantes ocupam no governo.
O PPS -16ª bancada da Câmara, com nove deputados- abriu mão do Ministério da Cultura, mas manteve-se no Ministério da Defesa e afirmou que continua na base do governo.
Também envolvido na crise atual, o PSDB -terceira bancada, com 47 deputados- está dividido, mas deve definir sobre o desembarque até terça-feira (23).
O Podemos -ex-PTN, 13ª bancada, com 13 deputados- anunciou ter deixando a base e assumido posição de “independência”.
Segundo integrantes do governo, o Podemos continuará votando com o Planalto, mas quer o título de “independente” para receber os senadores Álvaro Dias (PV-PR) e Romário (PSB-RJ).
OPOSIÇÃO
Após o pronunciamento de Michel Temer nesta tarde, a oposição ao governo dele fez críticas.
“Ele tenta mudar os fatos, criar uma interpretação própria, faz uma mágica de dentar sair deste buraco em que ele se meteu jogando a culpa no Joesley [Batista, delator, dono da J&F, empresa que controla o frigorífico JBS] e no PT”, afirmou o líder petista na Câmara, Carlos Zarattini (SP).
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