16 de novembro de 2024
Artigo

Ex-aliado de Bolsonaro critica fuga após derrota eleitoral: “Não teve consideração e respeito”

General Carlos Alberto dos Santos Cruz, que foi ministro-chefe da Secretaria de Governo, publicou artigo desaprovando ações do ex-presidente
"É inadmissível que a legislação brasileira não considere crime um presidente sair fugido do país, em pleno exercício do mandato", disse Santos Cruz. (Foto: reprodução)
"É inadmissível que a legislação brasileira não considere crime um presidente sair fugido do país, em pleno exercício do mandato", disse Santos Cruz. (Foto: reprodução)

O ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro (PL), general Carlos Alberto dos Santos Cruz, assinou um artigo no portal MyNews, no último domingo (11), em que critica ações do ex-presidente. Dentre suas colocações, Santos Cruz afirmou que o conflito, o desrespeito, o extremismo e o desgaste das instituições foram “as áreas que Bolsonaro mais teve êxito”.

Além disso, o ex-aliado, se é que já se pode chamá-lo assim agora, criticou a postura adotada por Bolsonaro no final de 2022, após a eleição que deu vitória a Luiz Inácio Lula da Silva. “É inadmissível que a legislação brasileira não considere crime um presidente sair fugido do país, em pleno exercício do mandato. Quando fugiu, Bolsonaro não teve nem a consideração e o respeito de se dirigir aos acampados e dizer-lhes que voltassem para suas casas, que a expectativa deles não iria se realizar, que não era uma decisão da competência do Exército”, escreveu.

Com a fuga, Santos Cruz admite omissão de Bolsonaro ao fim da eleição, e continua no artigo, usando a expressão “meu Exército”, que Bolsonaro teve “discursos inoportunos de cunho político em cerimônias militares” e “inúteis e ridículas flexões de braço”.

Não é a primeira vez que o ex-ministro faz críticas a Bolsonaro. Já em novembro de 2022, o general da reserva do Exército havia afirmado que o silêncio do ex-presidente após a derrota eleitoral para Lula podia ser “interpretado como um negócio de covarde, de você esperar que o circo pegue fogo para ver como pode se beneficiar”.

Engana-se porém, quem acha que o militar está ao lado de Lula. As críticas de Santos Cruz vem carregadas de desapontamento, já que, como a maioria dos militares, o ex-ministro que foi aliado de Bolsonaro é conservador e continuará buscando soluções que atendam seus interesses e de sua bolha. A diferença, é que agora, para ele, o ex-presidente não é mais a solução.


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