Nova York – A água se tornou uma preocupação crescente para os governos, na medida em que a demanda pelo produto segue aumentando, mas a oferta tem limitações, principalmente quando se consideram as secas e a poluição dos rios, afirma um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado nesta segunda-feira, 8. Os desafios ligados à água, afirma o documento, podem afetar a atividade econômica de diversos países e as perspectivas de crescimento.
“Recursos hídricos, que são essenciais para o desenvolvimento humano e para a sustentabilidade ambiental estão sob intensa pressão”, ressalta o relatório do FMI, que faz um dos primeiros estudos voltados para o tema. A demanda por água tem crescido, em nível mais forte nos emergentes, como reflexo do aumento da renda e da urbanização. Ao mesmo tempo há um desequilíbrio entre a oferta e a demanda do produto, ressalta o documento. Algumas regiões dos Estados Unidos, mostra o FMI, já usam 80% de seus recursos e, com isso, qualquer seca pode afetar o abastecimento de água. É o que já ocorre na Califórnia, que pela primeira vez em sua história adotou este ano um racionamento de água.
As políticas dos governos normalmente têm sido inadequadas para enfrentar os crescentes desafios impostos pela água, afirmam os técnicos do FMI. O resultado é um investimento insuficiente na infraestrutura ligada à água e um uso ineficiente do produto. Sem uma melhora do gerenciamento de problemas ligados à água, afirma o FMI, mesmo o “avanço substancial” da tecnologia não deve contribuir para resolver os desequilíbrios entre oferta e demanda. “A incapacidade de gerir o aumento dos desafios da água pode dificultar as perspectivas econômicas de um país.”
A água pode afetar o crescimento econômico dos países de diversas formas, afirma o FMI. É um produto essencial para a agricultura, a indústria e o setor de energia. Assim, secas e problemas de abastecimento ampliam a incerteza relacionada a estes segmentos e a falta de água pode levar a aumento de custo de produção e a uma parada do crescimento da produtividade. Em países muito dependentes da agricultura, como Marrocos e Moçambique, o estudo destaca que há uma alta correlação entre o Produto Interno Bruto (PIB) e a média anual de chuvas.
Das regiões do planeta, a América Latina é a que tem maior quantidade de água disponível, enquanto o norte da África é a pior. O Brasil é citado como um país com oferta alta de água, mas também tem nível elevado de enchentes e tem que lidar com o problema da seca. Apesar de 70% da superfície da terra estar coberta por água, apenas uma pequena parcela é disponível para o uso humano, ressalta o FMI.
(Estadão Conteúdo)
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