Para o brasileiro que sentiu as temperaturas subirem nas diversas ondas de calor atípicas de 2023, a informação pode não ser tão surpreendente, mas o observatório Copernicus, da Agência Espacial Europeia, confirmou, sim, tivemos o ano mais quente desde o começo da série histórica, em 1850.
Mas não foi só no Brasil que as ondas de calor vieram com tudo, as temperaturas foram excepcionalmente altas em diversos pontos do planeta, inclusive nos oceanos, o que preocupa, ainda mais, os cientistas.
Ainda de acordo com a agência espacial, 2023 registrou média global de 14,98°C, superando em 0,17°C o recordista anterior, ano de 2016. Pode parecer pouco, no entanto, se considerarmos que a maior parte do planeta ou é coberta por gelo ou tem clima temperado, chegar perto dos 15ºC é algo perigoso.
Em 2023, quase metade dos dias estiveram mais de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Em novembro, pela primeira vez na séria histórica, houve dois dias em que os valores foram superiores em 2ºC. Ou seja, no ano mais quente já registrado, a temperatura média foi 1,48°C acima dos níveis de 1850-1900. O resultado é 0,60ºC superior à média do período entre 1991 e 2020.
Além disso, ainda segundo o relatório apresentdo pelo observatório Copernicus na manhã desta terça-feira (9), os resultados climáticos divulgados em 2023 foram “por uma larga margem, o ano mais quente da nossa documentação, que remonta à década de 1940”, mas não apenas isso.
“Provavelmente, acabamos de passar pelo ano mais quente da nossa história [humanidade]. E, possivelmente, o mais quente ou um dos mais quentes dos últimos 100 mil anos [..] Simplesmente não havia cidades, livros, agricultura ou animais domesticados da última vez que as temperaturas foram tão altas. Isso exige uma que repensemos de forma fundamental a maneira como avaliamos nosso risco ambiental”, diz o documento assinado por Carlo Buontempo, diretor do observatório.
Para Carlo, é necessário, de forma urgente, limitar as emissões globais. “A menos que nós consigamos rapidamente estabilizar a concentração de gases-estufa na atmosfera, nós não podemos esperar resultados diferentes daqueles que vimos nos últimos meses. Pelo contrário, seguindo a trajetória atual, em alguns anos, o ano de recordes de 2023 provavelmente será lembrado como um ano fresco”, alertou.
Toda a preocupação é, claro, com o que pode vir daqui para frente. Há situações climáticas que podem ser de difícil alteração e, se as temperaturas continuarem subindo, não é só o gelo do planeta que vai derreter, mas haverá todo um sistema afetado: a agronomia, agropecuária, o acesso a água, tudo que colabora com a vida do ser humano na terra.
Um exemplo disso é a situação da Espanha, que passa por problemas com a produção de azeite. O país é produtor de quase metade de todo azeite no mundo e, por problemas climáticos, o plantio de oliveiras tem sido afetado o que terá, como consequência, o aumento exprecivo do produto nos mercados de todo planeta.
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