20 de novembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 10:07

Aeroporto de Brasília pode ter pago propina milionária

Aeroporto de Brasília / Foto: Bento Viana
Aeroporto de Brasília / Foto: Bento Viana

A empresa argentina Corporación América –controladora do aeroporto de Brasília– identificou um possível pagamento de propina no valor de US$ 250 mil, feito em 2014. A informação está em comunicado ao mercado americano, ao qual a reportagem teve acesso.

Em 2014, a operadora aeroportuária argentina tinha como sócia no empreendimento a Engevix. A empreiteira foi investigada na Lava Jato, teve um dos sócios presos e para superar problemas financeiros vendeu a sua parte à Corporación em 2015.

No comunicado às autoridades americanas, a empresa diz que, ao avaliar a contabilidade pregressa, não conseguiu explicar o destino de milhares de dólares e reportou o problema para não ser responsabilizada futuramente.

“Identificamos pagamentos feitos pela Inframérica [concessionária que opera o aeroporto] que podem não ter tido propósito apropriado e que poderiam nos expor a multas e sanções”, diz o texto, que ainda ressalta que a empresa pode estar sob investigação.

Segundo o documento, os pagamentos teriam sido destinados a “indivíduos ou entidades que a imprensa sugeriu terem feito repasses ilegais a oficiais do governo em nome de companhias”.

A Engevix ganhou projeção nos escândalos envolvendo empresários e políticos dentro da Lava Jato quando um dos sócios, José Antunes Sobrinho, negociou um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal em 2016.

Sobrinho presidia o conselho de administração do aeroporto em 2014.

Em um dos depoimentos, que vazou, Antunes Sobrinho relatou o pagamento de R$ 1 milhão de propina, em 2014, ao João Baptista Lima Filho, apontado como suposto operador do presidente Michel Temer. O repasse teria sido por meio de um fornecedora, a empresa de mídia Alúmi.

Em setembro deste ano, após esse vazamento, a Alúmi entrou na Justiça contra a empresa que prospectou o contrato com o aeroporto, a EPS Engenharia, sob a alegação de que sua imagem foi prejudicada pelo envolvimento em negócios ilícitos então desconhecidos.

Na ação, a Alúmi narra que, em 2014, ao assinar um contrato para explorar publicidade na área externa do aeroporto, recebeu a indicação de Antunes Sobrinho, por meio da EPS, para subcontratar uma empresa do coronel Lima, que faria o projeto dos painéis publicitários.

Em outubro e novembro de 2014, a Alúmi pagou à empresa, em duas parcelas, R$ 1,16 milhão.

A defesa do empresário, porém, desistiu da delação. O caso caiu no esquecimento, até porque a Câmara barrou que Temer fosse investigado por supostos crimes cometidos antes do mandato.

OUTRO LADO

Procurada, a Engevix diz desconhecer o relato da Corporación America. A reportagem não conseguiu localizar o coronel Lima. A Alúmi informou que a empresa de Lima de fato prestou os serviços de engenharia que justificaram o pagamento, e que não recebeu nenhum benefício. A reportagem não conseguiu contato com a EPS.

Leia Mais:


Leia mais sobre: Brasil