É consenso entre os dirigentes da legenda que o senador Aécio Neves, presidente da sigla, sai fortalecido da disputa, mas isso não significa que seja o nome natural para uma nova tentativa de chegar ao Palácio do Planalto em 2018.
São Paulo e Belo Horizonte – A inédita unidade registrada pelos caciques do PSDB na eleição presidencial deste ano, especialmente no 2.º turno, será colocada à prova em maio de 2015, quando o partido elegerá sua nova direção executiva.
É consenso entre os dirigentes da legenda que o senador Aécio Neves, presidente da sigla, sai fortalecido da disputa, mas isso não significa que seja o nome natural para uma nova tentativa de chegar ao Palácio do Planalto em 2018. Reeleito governador de São Paulo no 1.º turno, o governador Geraldo Alckmin já é tratado por seus correligionários e aliados como pré-candidato à Presidência.
Os tucanos paulistas lembram que ele atuou fortemente na campanha de Aécio em São Paulo e teve papel preponderante para que o partido tivesse uma expressiva votação no Estado no 1.º e no 2.º turnos. Mais: os tucanos paulistas ampliaram a bancada de deputados federais, elegeram José Serra senador e registraram o melhor desempenho da sigla no País de todos os tempos.
Embora evitem tratar abertamente desse tema, dirigentes dos diretórios paulista e mineiro do PSDB, os dois mais fortes, reconhecem que a próxima direção nacional da legenda terá de acomodar representantes dos dois grupos, sendo que o “sonho” em comum é uma dobradinha entre Aécio e Alckmin, não necessariamente nessa ordem.
Apesar disso, os “alckmistas” avaliam que Aécio terá de reorganizar seu grupo político em Minas Gerais e recuperar o governo estadual em 2018 em um confronto que se anuncia “dificílimo”, nas palavras de um tucano de alta patente, contra o governador eleito Fernando Pimentel, do PT.
“Pela votação que teve, o Aécio se tornará uma liderança fortíssima, assim como o Geraldo. Serão dois polos fortes do partido”, opina o vereador Andrea Matarazzo, ex-coordenador da campanha de Aécio na capital paulista.
‘Democracia interna’
Com o fortalecimento de sua bancada no Congresso, especialmente no Senado, os tucanos fora do eixo São Paulo/Minas Gerais também vão reivindicar mais espaço na estrutura partidária e no debate sobre a escolha do próximo candidato à Presidência e do PSDB.
Desde sua fundação, em 1988, o partido define seus candidatos e estratégias em um grupo pequeno de caciques, sendo a maioria deles paulistas. Não por acaso, esta foi a primeira eleição presidencial com um candidato de fora do Estado.
O tradicional núcleo duro tucano, formado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pelos senadores eleitos José Serra e Tasso Jereissati, Aécio e Alckmin, deve ganhar novos nomes. “Espero que de agora em diante o PSDB aprenda a exercer internamente a democracia”, diz o senador paranaense reeleito Álvaro Dias.
Em seu Estado, o partido também conseguiu um ótimo resultado ao reeleger em 1.º turno o governador Beto Richa e reconduzir Dias ao Senado.
Outra mudança que os tucanos esperam que aconteça no partido a partir de 2015 é de discurso. Para não perder o “legado” eleitoral de Aécio Neves e manter-se na linha da frente do antipetismo, o PSDB adotará um tom mais forte no Congresso contra o governo da presidente Dilma Rousseff do que o usado nos últimos quatro anos.
O protagonismo, porém, não será mais apenas de Aécio. O candidato terá de dividir os holofotes do Senado com José Serra, Aloysio Nunes Ferreira, Álvaro Dias e Tasso Jereissati – todos políticos de perfil combativo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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