29 de dezembro de 2024
ELEIÇÕES 2024 • atualizado em 27/05/2024 às 19:14

Adriana Accorsi critica candidatos que não conhecem Goiânia

Citando “candidatos que falam em sacrifício ao se candidatar”, ela cobra conhecimento, interesse e amor pela cidade
Pré-candidata fala sobre candidatos que desconhecem cidade e concorda com exemplo de Íris, citado por Ana Paula Rezende - Foto: Diário de Goiás
Pré-candidata fala sobre candidatos que desconhecem cidade e concorda com exemplo de Íris, citado por Ana Paula Rezende - Foto: Diário de Goiás

Na segunda parte da entrevista exclusiva concedida nesta segunda-feira (27) ao Diário de Goiás, a pré-candidata do PT à prefeitura, Adriana Accorsi, não poupa e critica pré-candidatos que desconhecem os problemas da cidade. Ela cita “candidatos que falam em sacrifício ao se candidatar”, e cobra conhecimento e interesse pela Capital.

Leia a primeira parte da entrevista: “Uma pessoa não deixa de ser boa ou ruim por causa de um partido”, afirma Adriana Accorsi

Na entrevista ao editor-chefe do DG, Altair Tavares, Accorsi disse que concorda com as declarações da advogada e empresária Ana Paula Rezende, filha de Íris Rezende. Ao jornal, Ana Paula citou o pai como modelo para a prefeitura, com viés de gestor público e mais político. Diferente de muitos, que estão se colocando como experientes empresários.

Confira abaixo a segunda parte da entrevista da petista!

Altair Tavares – Falando em liderar, repercute-se sempre isso. Há muita argumentação que Goiânia precisa de um gestor e aí ouvimos, inclusive, de Ana Paula Rezende, que Goiânia precisa de mais do que um gestor, né? Que precisa de um líder. Quando a senhora ouve esse tipo de argumentação, a senhora questiona o quê? A senhora se enquadra nela também, na figura do gestor, como sendo uma pessoa que entende de administração, que entende de gestão?

Adriana Accorsi – Primeiro eu tenho que dizer que concordo plenamente com a fala de Ana Paula Rezende de que Goiânia precisa de um líder, uma líder, alguém que ama Goiânia. E tem aí, digamos, uma figura com característica de ex-prefeito, ex-governador, o grande líder eterno que Iris Rezende foi. E quero dizer o seguinte: Goiânia precisa de alguém que reúna características diversas.

Uma delas, conhecer a cidade. É importante frisar que o que nós passamos hoje em Goiânia é resultado de uma pessoa que não conhece Goiânia, trouxe secretários que não conhecem Goiânia. E isso nos prejudicou imensamente. Segundo, vontade de governar. Tenho visto com tristeza, pré-candidatos dizendo que estão candidatando fazendo sacrifício, que estão candidatando sem saber se quer ou não, quer. Tem candidato que nem no Brasil fica. Então gente, não! Precisa amar Goiânia, precisa querer, porque quando a gente quer muito, a gente faz bem feito. Agora, sem vontade, é muito difícil dar certo, é muito difícil conseguir de fato enfrentar os problemas. Tem que querer, tem que ter vontade, tem que ter paixão, né? Então, eu penso que é isso que a gente precisa. Conhecimento, vontade, experiência com serviço público. Adianta você ser gestor de empresa? Empresa é igual serviço público? Veja bem, quando você privatiza o serviço público como a energia elétrica, que nós fizemos esse grande erro aqui em Goiás.

Olha o que nós estamos passando com essas empresas privadas. A empresa privada, a lógica dela é o lucro. Na administração pública, o objetivo é o serviço público de qualidade para o povo, para a população.

Altair Tavares – Esse é o lucro, né?

Adriana Accorsi – Esse é o lucro. O serviço público de qualidade, a educação, a saúde, a limpeza urbana. Termos a cidade bonita, organizada, como nós sempre tivemos, e hoje, infelizmente, não está. Portanto, é muito diferente você cuidar de uma empresa, você chefiar uma empresa privada, e você administrar o que é público. Portanto, eu vejo que precisa ter conhecimento de Goiânia, vontade de cuidar da cidade, precisa ter conhecimento do serviço público.

Altair Tavares – Mas é fundamental a capacidade política.

Adriana Accorsi – Sim, a capacidade política, a articulação política com todos os setores da sociedade, com a Câmara Municipal, com os vereadores, com as lideranças políticas é fundamental. Então essa ideia simplesmente do gestor, eu penso que ela já se mostrou falha em eleições passadas, em que nós tivemos aí empresários que não são da política. Como foi o caso, por exemplo, do Dória [João Dória empresário que foi governador de São Paulo]. Eu penso que é ultrapassado esse conceito e ele já se demonstrou que ele não é suficiente por si só.

Altair Tavares – Sobre projetos, o plano de governo da sua campanha, em que etapa, como é que está a organização?

Adriana Accorsi – Nosso plano de governo é bastante popular e democrático, está sendo chefiado, liderado pelo professor de Edward Madureira, ex-reitor da UFG, e tem dezenas de grupos trabalhando em diagnósticos e também em propostas prioritárias. Embora nós tenhamos já um amplo conhecimento da cidade. Você sabe que já fui candidata também em outras duas oportunidades, nas duas últimas eleições, então nós temos muito material já elaborado, mas é claro tudo isso precisa ser revitalizado, precisa ser modernizado diante dos novos desafios colocados inclusive por esta última administração.

Então nós temos já bastante adiantado, muitas propostas colocadas e também as pessoas estão participando em debates que estão acontecendo, estamos trazendo especialistas de todo o país na área de transporte público e mobilidade, na área de geração de emprego e renda, de saúde e nós temos uma plataforma ‘Somar por Goiânia’ onde as pessoas podem também participar colocando sugestões, ideias, propostas ali, então está bastante adiantado e acredito que quando iniciarem os debates nós vamos poder apresentar aí para a população propostas bastante realistas, realmente soluções para os problemas que estamos enfrentando.

Altair Tavares – No geral, esse plano considera, traz experiências das gestões anteriores, de Paulo Garcia, de Pedro Wilson, de Darcy Accorsi? Ou é focado totalmente no futuro? O que foi passado já está lá ou o eleitor quer saber mesmo de futuro?

Adriana Accorsi – Olha, eu acredito que nós temos dois caminhos a percorrer. O primeiro é resolver os problemas que temos agora. Nós temos obras paradas que são verdadeiras, obstáculos ao desenvolvimento e a qualidade de vida em Goiânia, como o BRT, por exemplo, isso tem que ser resolvido. Na área de educação, várias obras paradas, na saúde, foi noticiado hoje dezenas de obras paradas, tanto de construção como de reforma. Populações, comunidades inteiras estão sem unidade de saúde, como no Jardim Guanabara, porque está ali uma reforma há anos que não termina.

Então é urgente resolver os problemas para que a gente possa também pensar em soluções futuras. Isso tem que ser feito ao mesmo tempo. Nós temos propostas para solucionar os problemas que estão acontecendo hoje e temos propostas para o futuro também. É claro que a administração do meu pai é uma inspiração para mim.

Altair Tavares – Uma referência.

Adriana Accorsi – Porém, ela aconteceu há 30 anos. Era muito diferente, mas essa inspiração de ser uma administração humanista, com o olhar social, próxima das pessoas, que dialoga com as pessoas, que houve o morador lá do setor, o que ele está precisando? Isso são princípios de fazer política, como fazer política, e isso nunca deixa o meu coração e a minha memória. Com certeza será grande inspiração.

Por exemplo, você sabe que meu pai, ele fez o maior projeto social da história de Goiânia, que foi o Cidadão 2000, que cuidava das crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, que viviam nas ruas ou que viviam numa situação que poderia levá-lo a não ter uma dignidade, uma qualidade de vida. E foi premiado na ONU.

Não é possível hoje [fazer] da mesma forma, porque nós temos hoje o Sistema Único de Assistência Social. Tem que ser diferente, porém nós faremos, nós faremos o projeto para cuidar das crianças e adolescentes com capacitação profissionalizante para os adolescentes. Não queremos perder mais nenhum filho nosso para as drogas, para a criminalidade, queremos cuidar das crianças com esporte, com cultura, então nós faremos esse trabalho modernizado para os dias de hoje.


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