23 de dezembro de 2024
Brasil

Acusado de atuar para o PT no fundo de investimentos do FGTS vira réu

O juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília, recebeu denúncia contra André Luiz de Souza, ex-membro do comitê do fundo de investimentos do FGTS (FI-FGTS) indicado pela CUT e acusado de atuar em favor de interesses do PT.

Souza foi investigado na Operação Sépsis, que também mirou políticos do PMDB como os ex-deputados Eduardo Cunha (RJ) e Henrique Alves (RN), ambos presos. A decisão do juiz Vallisney de tornar Souza réu é de sexta-feira (1º).

Segundo a denúncia dos procuradores Anselmo Cordeiro Lopes e Sara de Souza Leite, da Procuradoria da República no Distrito Federal, Souza pediu à Odebrecht, para si e para terceiros, propinas no valor de R$ 27,5 milhões e US$ 8,7 milhões em razão de funções que ocupou na estrutura do FI-FGTS, fundo administrado pela Caixa Econômica Federal.

Ainda segundo a denúncia, Souza, após deixar o cargo, recebeu R$ 800 mil e teve empresas suas contratadas pela Odebrecht. Ele é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Souza foi citado por vários delatores da empreiteira e por Fábio Cleto, também acusado de operar no FI-FGTS, mas sob influência de Cunha.

“André Luiz [de Souza] atuou, direta e indiretamente (com auxílio inclusive de funcionário da Caixa), em favor de grupos societários, para que estes conseguissem a aprovação, para seus empreendimentos, de recursos do FI-FGTS ou das carteiras administradas, em troca de vantagens econômicas, consubstanciadas na contratação de empresas de consultoria do denunciado e no próprio pagamento de valores, no Brasil e no exterior”, diz a denúncia.

“É importante destacar que Fábio Cleto menciona, a partir de sua visão, que André Luiz exercia a mesma função ilícita do colaborador [Cleto], atuando em favor de interesses não do PMDB (como é o caso de Cleto), mas sim do PT”, sustentaram os procuradores.

De acordo com a investigação, as propinas foram relativas a projetos como a compra de ações, pelo FI-FGTS, da Odebrecht Transport (em 2010 e 2011) e investimentos no projeto do Porto Maravilha, no Rio, e em obras de hidrelétrica no rio Madeira, em Rondônia.

Na mesma decisão, o juiz Vallisney também aceitou a denúncia contra Vitor Hugo dos Santos Pinto, empregado da Caixa acusado de agir sob influência de Souza.

Pinto é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por supostamente ter recebido US$ 400 mil em 2011 em razão de ser gerente nacional de Fundos para o Setor Imobiliário da Caixa, com poder decisório na gestão do Fundo de Investimento Imobiliário do Porto Maravilha.

Outro lado

O advogado de Souza, Fábio Tofic Simantob, disse que por ora não vai se manifestar sobre o recebimento da denúncia.

A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Pinto para comentar o caso. (Folhapress)


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