As ações de frigoríficos recuam nesta segunda-feira (5), após a Polícia Federal deflagrar nova fase da Operação Carne Fraca e decretar a prisão de Pedro de Andrade Faria, ex-presidente do grupo BRF.
Às 12h35, os papéis da BRF despencavam 14,46%, depois de abrirem o dia em leilão na Bolsa. O leilão é um mecanismo adotado pela B3 como proteção contra fortes oscilações de ações.
No mesmo horário, os papéis da JBS caíam 4,9%. A Marfrig recuava 1,58% e a Minerva, 2,89%. A Bolsa brasileira tinha queda de 0,33%, para 85.475 pontos.
No leilão de ações, a Bolsa não fecha negócios com os papéis à medida que as ofertas chegam, como ocorre normalmente durante as negociações: as ofertas de compra e de venda das ações são apenas registradas e só depois de todas aceitas é que os negócios são fechados, quando os preços de compra e venda se encaixam.
Durante esse processo, as ações saem do pregão. Mas a Bolsa não utiliza o termo “suspensão” para caracterizar o leilão, já que os papéis continuam recebendo ofertas.
A intenção do leilão é evitar que os valores continuem oscilando de maneira descontrolada. No caso da desvalorização de um papel, isso é possível porque, no leilão, são registradas apenas ofertas de compra a valores iguais ou maiores que o preço da ação naquele momento. O mecanismo também vale para casos de valorização a partir de 10%, com o propósito de evitar altas mais expressivas.
Segundo as investigações da PF, setores de análises do grupo e cinco laboratórios credenciados junto ao Ministério da Agricultura fraudavam resultados de exames em amostras do processo industrial, informando dados fictícios ao Serviço de Inspeção Federal (SIF/Mapa).
A prisão de Pedro de Andrade foi determinada porque o ex-presidente teria tentado acobertar as fraudes, reveladas na petição inicial da ação trabalhista de uma ex-funcionária do grupo. Quando ciente das acusações, o executivo recomendou ao então vice-presidente, Hélio Rubens Mendes dos Santos Júnior, também alvo de prisão temporária, que tomasse “medidas drásticas” para proteger a empresa.
As fraudes tinham como finalidade burlar o Serviço de Inspeção Federal, impedindo que o Ministério da Agricultura fiscalizasse com eficácia a qualidade do processo industrial da BRF. Procurada, a empresa ainda não se manifestou sobre o assunto.
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