23 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 09:32

Ações da Eletrobras disparam na Bolsa após proposta de privatização

As ações da Eletrobras disparam nesta terça-feira (22), impulsionadas pela proposta do governo de privatizar a estatal. O objetivo é levantar até R$ 30 bilhões e ajudar a cumprir a meta de deficit fiscal.
Às 13h15, as ações ordinárias da empresa subiam 47,88%, para R$ 21. Os papéis preferenciais tinham valorização de 35,05%, para R$ 24,08.

No horário, a Bolsa brasileira tinha alta de 2,19%, para 70.141 pontos.

Pela proposta apresentada, o governo emitiria novas ações ordinárias, que dão direito a voto, e diluiria sua participação na empresa. A ideia seria manter apenas uma única ação, que garantiria poder de veto em decisões estratégicas (“golden share”).

A União detém diretamente 40,99% das ações da empresa. O BNDES, 18,72%, e fundos federais, outros 3,42%.

A expectativa é arrecadar entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões, que ajudariam a conter o deficit nas contas públicas em 2018. Hoje, o valor de mercado é de R$ 20 bilhões.

A alta da Eletrobras ajuda a puxar outras ações de estatais neste pregão.

Às 13h16, os papéis preferenciais da Petrobras se valorizavam 3,07%, para R$ 13,75. As ações com direito a voto subiam 3,04%, para R$ 14,22, no mesmo horário.

Os papéis do Banco do Brasil se valorizavam 3,94%. As ações da Cemig subiam 6,80%.

Para Roberto Indech, analista-chefe da corretora Rico, a expectativa para as ações da empresa era positiva após o anúncio do governo. “Sem dúvida o mercado enxerga com olhos bons, ainda mais por se tratar da Eletrobras, que tem resultados inconsistentes”, diz.

“A empresa mudou de gestão no governo Temer, tentando trazer um choque de gestão, na busca de venda de ativos. Acho que a mudança pode trazer uma governança maior, mais consistência nos dados e uma eficiência maior para a companhia. É um movimento claro do governo no sentido de fazer caixa”, ressalta Indech.

O analista, porém, não considera que a operação será concluída rapidamente.

“Não acho que será fácil de ser realizada no curtíssimo prazo, haverá movimentos de sindicatos que podem tentar travar essa privatização da Eletrobras”, diz. Ele lembra que algumas concessões de aeroportos estão travadas, assim como a oferta de ações da BR Distribuidora.

Na segunda-feira, o presidente da Associação dos Empregados da Eletrobras, Emanuel Mendes Torres, disse ser contra a venda das ações da União.

“Vamos iniciar amanhã [terça] um processo de convencimento do Congresso e da sociedade de que isso é ruim para o país.”

META FISCAL

A proposta de privatização da Eletrobras foi anunciada na noite de segunda (21), em um contexto em que o governo tenta aumentar suas fontes de receitas após decisão judicial travar a venda de ativos da Cemig.

Nesta terça, o Supremo Tribunal Federal julgaria a renovação do contrato de uma usina hidrelétrica da Cemig que a União quer de volta. A AGU (Advocacia-Geral da União) conseguiu impedir o julgamento, ao dizer que há a possibilidade de acordo entre Minas e o governo federal.

O governo esperava levantar R$ 11 bilhões para cumprir a meta de deficit de R$ 159 bilhões deste ano.

O Refis (programa de refinanciamento de dívidas tributárias) é outra fonte de receita cercada de incerteza. O texto atual, alterado em comissão da Câmara, desagradou a equipe econômica e reduziu a previsão de arrecadação R$ 13 bilhões para cerca de R$ 500 milhões.

A Eletrobras tem um parque gerador de 46,9 mil MW, o equivalente a 32% da capacidade de geração de energia do Brasil, e 70 mil quilômetros de linhas de transmissão (47% da malha nacional).

Participa ainda da usina de Itaipu e de 178 projetos de geração e transmissão em parceria com outras empresas.

 

 


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