O principal ativo eleitoral do DEM, o prefeito ACM Neto (Salvador), tem sinalizado a aliados que apoia a postulação de João Doria à disputa como presidenciável do PSDB no ano que vem.
Segundo um correligionário, o prefeito poderia desistir de disputar o governo da Bahia caso o candidato tucano seja Geraldo Alckmin e não o seu colega paulistano.
ACM Neto tem boa relação com o governador paulista, mas o considera um candidato pesado para ser vendido no maior colégio eleitoral do Nordeste, e teme efeitos no seu próprio desempenho.
Aliados de Alckmin relativizam a avaliação ventilada por ACM Neto, considerando justamente que uma candidatura do prefeito alavancaria a votação tucana contra o poderio do PT do ex-governador Jaques Wagner.
Com 10,6 milhões de eleitores, a Bahia é o quarto maior colégio eleitoral do país e fator decisivo para vitórias petistas no passado. ACM Neto é prefeito desde 2013, com alto índice de aprovação.
Alckmistas também identificam o democrata vendendo dificuldades para auferir facilidades numa futura negociação, até porque o desmantelamento do PSB retirou o cacife que o aliado de Alckmin em São Paulo poderia oferecer nacionalmente.
Dono do cargo de vice do tucano, com Márcio França, o partido era o candidato natural para ocupar a vaga numa chapa presidencial. Mas fatia expressiva de sua ala pernambucana bandeou-se para o PMDB, e o PT namora os espólios da sigla.
Além disso, a posição do baiano não é consensual no seu próprio partido.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é considerado mais alinhado ao “mainstream” tucano, que hoje tende a apoiar Alckmin.
Nesta quinta (21), o balé de aproximação entre os grupos continua. Os dois prefeitos deverão jantar em São Paulo, na casa de Doria, com outros líderes do DEM.
O prefeito paulistano segue com o discurso de que o PSDB deve escolher o presidenciável mais bem colocado em pesquisas. Insiste que não disputará prévias com o padrinho político, mas cada vez mais usa a carta de uma eventual saída do PSDB para reforçar sua posição no jogo.
O próprio Doria considera essa uma opção ruim, pois colaria nele a pecha de traidor ao enfrentar Alckmin.
Outro ponto é que seria difícil replicar o bordão de que seu nome representa o “novo” se concorresse numa sigla desgastada como o PMDB, o DEM ou o PSD -apesar de ter lançado o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) como presidenciável, o partido de Gilberto Kassab já conversou com Doria sobre uma eventual filiação.
O governador paulista insiste que o leque de alianças é fator mais importante, ciente de que seu potencial de crescimento nas pesquisas é menor do que o de Doria, pois o prefeito conta com um grau de desconhecimento a ser explorado.
Os tucanos terão o primeiro embate direto em convenção marcada para 9 de dezembro. O grupo de Alckmin contava com o encontro para definir já o nome do candidato à Presidência ou, no caso de disputa, marcar prévias para fevereiro ou março.
Agora, a tendência é de que o partido faça sua escolha entre março e abril, já com a nova direção escolhida.
O partido deverá ser presidido pelo governador Marconi Perillo (GO), próximo de Alckmin mas que tem bom trânsito com Doria.
O atual presidente licenciado da sigla, Aécio Neves (MG), continua articulando ativamente nos bastidores.
O senador mineiro tem defendido o nome de Alckmin para a postulação tucana, embora tenha se reaproximado de Doria após as críticas do prefeito à sua permanência na liderança do partido.
Aécio foi gravado na Operação Lava Jato pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, o que implodiu sua imagem. Agora, espera que a queda em desgraça do ex-delator relativize o peso das acusações contra si.
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