Em entrevista ao jornal Tribuna do Planalto, o governador Marconi Perillo (PSDB) alimentou, mais uma vez, as dúvidas sobre uma possivel candidatura à reeleição. Ou não.
A entrevista foi concedida aos jornalistas Allyson de Sousa, Diene Batista, Eduardo Sartorato, Filemon Pereira, Marcos Aurélio Alves Bandeira, Mariana Vaz, Maria José Rodrigues e Sara Cassiano.
“Acho que é hora de ir para casa mesmo”, disse Perillo, demonstrando desinteresse pela candidatura.
No entanto, em outro trecho,afirmou: “Não fechei as portas em relação à candidatura”.
CONFIRA TRECHO DA ENTREVISTA:
O sr., recentemente, disse que está pensando em não disputar uma nova eleição. É um sentimento de dever cumprido com essas realizações que o ser. tem feito? Ou a pressão da base política que o sr. lidera também pode fazer o sr. mudar de ideia daqui para o ano que vem?
Marconi Perillo – Há essa sensação de que estarei com o dever cumprido até o final do ano que vem, e tenho muita consciência disso. A vontade pessoal e da minha família é de eu não ser candidato. Claro que, pelo que estou vendo, essa não é a vontade da base, mas eu também já atendi à minha base várias vezes. No momento em que ninguém queria ser candidato a governador, em 1998, aceitei, colocando em risco minha vida pessoal. Estava muito tranquilo na Câmara, seria reeleito, e aceitei o desafio. Depois fui à reeleição, com um sentimento de vontade de ir para a reeleição e também um dever para com a base; era um sentimento duplo. Depois, na minha sucessão, me envolvi de corpo e alma e agora em 2010. Nunca impus nada e vocês são prova disso. Há um movimento natural na base inteira. Não imponho nada e, aliás, nem quero. E espero convencer a todos de que é hora de termos uma candidatura nova no nosso bloco. Estou totalmente desprendido disso. Não há estresse nenhum, ansiedade nenhuma, ao contrário de 2010. Naquele ano, estava ansioso, queria ser candidato e queria ser governador para resgatar um pouco da imagem que tinha sido estragada pelo meu antecessor. Não é o caso de agora. Acho que é a hora de ir para casa mesmo. Não estou blefando, não há necessidade disso. Não fujo de disputa, e nunca corri de nenhuma. Aliás, se tem uma coisa que me faz às vezes ser mais determinado nas minhas coisas é quando me desafiam. E eu espero não ser desafiado para não precisar ser candidato.
O sr. é um homem da política. O que faz Marconi Perillo ir para casa? Fazer o quê?
Com certeza, pela experiência que eu tenho, terei o que fazer e onde fazer. Não tenho dúvidas de que terei espaço no setor privado para trabalhar. Esse é um sentimento meu mesmo. Já disse isso para todo mundo que está próximo de mim. E acho que daria um exemplo também. Eu tenho conversado com alguns ex-governadores e todo mundo pensa assim. E está muito difícil fazer política hoje, por todas as razões. As pessoas querem tudo de uma vez, são muito imediatistas. Elas não esperam, muitas vezes, as coisas amadurecerem, arrumar dinheiro, fazer projeto, desvincular-se da burocracia… A dificuldade é para todo mundo. E, por outro lado, as demandas são grandes demais. Você faz uma coisa hoje, para um determinado segmento, principalmente na área do funcionalismo, e amanhã já querem mais. Não dá, tem de ter limites. Como as pessoas estão acostumadas comigo, elas precisam conhecer outros para ver que a situação não é difícil só comigo.
Mas, caso o sr. não seja candidato à reeleição, seria uma aposentadoria política?
Aposentadoria, não. Vou para a geladeira um tempo. (risos) Posso ir para a iniciativa privada, posso não voltar mais, mas aposentadoria para quem é político não existe, nem pecuniária e nem política. Um político vai até 90 ou 100 anos. Mas eu acho que tenho que dar um tempo.
Isso tem alguma coisa a ver com as manifestações?
Eu entendi essas manifestações como reivindicação para que os governos sejam eficientes em todas as áreas e estou procurando ser eficiente dentro dos meus limites. Acho que estou fazendo nada aquém do que eu deveria. Quem for aos hospitais que foram transformados em OSs vai ver o que estou falando. Quem for à UTI do HGG, verá uma UTI que não perde em nada para a UTI do Sírio Libanês ou para a do Albert Einstein. É preciso ver o que estamos fazendo na saúde estadual. Acho que estamos cumprindo nosso dever. O que aconteceu no ano passado me deixou muito chateado e procurei superar com trabalho e agora estou trabalhando pra valer, para provar pras pessoas que com trabalho é possível fazer muito.
Há alternativas ao nome do sr. na base?
Muitas.
Quem seria?
Não sei. Acho que as pessoas quando querem desenvolver determinado projeto elas devem se apresentar. Não tem de ficar esperando cair do céu. Eu já dei sinais. Amanhã se vierem reclamar, eu direi que dei sinais na hora certa. Com um ano e meio de antecedência, comecei a dizer que dificilmente seria candidato, seria quase impossível. Já fiz isso lá atrás para ninguém avisar que os deixei na mão. Não fechei as portas em relação à candidatura. Mas este é um desejo meu. Mesmo.
Quando o sr. vai tomar essa decisão do “quase impossível” para o “sim” ou o “não”?
No ano que vem.
Leia mais sobre: Política