O ministro Herman Benjamin, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), intimou mais duas testemunhas da Odebrecht para depor nesta sexta-feira (10) na ação em que investiga eventual abuso de poder político e econômico pela chapa Dilma-Temer na campanha de 2014.
Leonardo Miggliacio e Maria Lúcia Tavares serão ouvidos pelo ministro por videoconferência às 16h, informou o TSE. Os despachos são assinados pelo juiz auxiliar Bruno Lorencini. As informações são da Agência Brasil.
Ambos trabalhavam no Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, que, segundo a Polícia Federal, era um setor oculto no organograma da empresa inteiramente dedicado ao pagamento de propina.
Maria Lúcia Tavares foi presa temporariamente em março do ano passado na Operação Acarajé, 23ª fase da Lava Jato. Segundo as investigações, ela era a secretária responsável pela atualização das planilhas de pagamentos de propina. Documentos foram apreendidos em sua casa.
Na mesma fase da Lava Jato, foi decretada a prisão preventiva de João Santana e de sua mulher, Mônica Moura. Ele foi o marqueteiro responsável pela campanha de Dilma Rousseff em 2014. Os dois foram condenados no mês passado a oito anos e quatro meses de prisão por terem recebido US$ 4,5 milhões em contas no exterior. O dinheiro teria como origem a Odebrecht.
Leonardo Miggliacio, por sua vez, foi preso em fevereiro do ano passado em Berna, na Suíça, tentando encerrar contas ligadas à Odebrecht.
Acareações
Na quarta-feira (8), o ministro Herman Benjamin intimou José de Carvalho Filho, para depor também nesta sexta-feira à tarde. Ele é apontado pela força-tarefa da Lava Jato como responsável por fazer entregas em dinheiro para a Odebrecht.
No mesmo dia, foram marcadas duas acareações. A primeira, será entre Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo, e os ex-executivos da companhia Benedicto da Silva Júnior e Hilberto Mascarenhas Filho. A outra será entre Odebrecht e Carlos Melo Filho, também ex-executivo da empreiteira. Todos já prestaram depoimento no TSE nos últimos 10 dias.
Inicialmente focado em irregularidades na contratação de gráficas, desde o começo deste mês, Benjamin resolveu incluir nas investigações os indícios de doações ilegais de campanha provenientes da Odebrecht, revelados pela Operação Lava Jato.
Embora com ressalvas, as contas da campanha da então presidenta Dilma Rousseff e do vice-presidente Michel Temer, chegaram a ser aprovadas pelo TSE em dezembro de 2014. Após questionamentos do PSDB, no entanto, o processo foi reaberto.
Conforme entendimento atual do TSE, a prestação contábil do presidente e do vice-presidente é julgada em conjunto. Se for comprovado o abuso de poder político e econômico na campanha de 2014, o processo pode resultar na inelegibilidade de Dilma e na cassação de Temer. A defesa de ambos nega qualquer irregularidade. (Folhapress)
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