Uma reportagem da Folha de S. Paulo revelou que, após de ter conquistado seu lugar como uma das instituições mais respeitadas desde os anos 2000, a Polícia Federal tem registrado sua maior crise no atual governo. Os problemas vão desde suspeitas de interferência política à constante troca de comando (quatro diretores-gerais até outubro de 2022, maior número em um só mandato desde a gestão de Fernando Henrique Cardoso).
Em relação a possíveis interferências políticas, pela primeira vez dois casos foram formalizados na Justiça. A primeira, denunciada pelo hoje senador, eleito no Paraná, Sergio Moro e a segunda, em junho, pelo delegado Bruno Calandrini, responsável pela operação que prendeu o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.
O primeiro caso foi arquivado. Já o episódio ligado ao Ministério da Educação aguarda manifestação da Procuradoria-Geral da República e da ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia. Neste segundo caso, o ministro da Justiça, Anderson Torres, afirmou ter encaminhado à PF um pedido para abrir inquérito sobre os institutos de pesquisas eleitorais, um movimento alinhado aos ataques de Bolsonaro devido à disparidade com o resultado do pleito divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Além dos dois casos, já graves por si só, o governo de Jair Bolsonaro também barrou nomeações de delegados para cargos internos em superintendências pela direção-geral, como foi o caso do ex-coordenador-geral de repressão à corrupção Thiago Delabary e de Franco Perazzoni, que investigou o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.
Em dados gerais, a Polícia Federal também deixou de apresentar resultados. Desde 2018 há queda em prisões por corrupção, nos últimos quatro anos foram, respectivamente 668, 486, 411 e 164 pessoas presas. As operações contra corrupção consequentemente também diminuíram neste período: em 2020 foram 653, em 2021 foram 539 e, em 2022, apenas 143. Neste sentido, as apreensões de drogas também caíram drasticamente nos últimos dois anos.
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