Empossado nesta segunda-feira (6), o novo presidente da Agência Brasil Central (ABC), Edivaldo Cardoso, informou à Rádio 730 AM que à frente da entidade buscará uma nova grade de programação para aumentar a audiência da TV e rádios públicas. Segundo o ex-presidente da Ceasa, o população que faz o pagamento de toda a estrutura da ABC e deveria ser telespectador e ouvinte dos veículos.
“Eu li uma pesquisa muito interessante feita pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República a respeito da mídia no Brasil. A constatação é de que você tem uma parte muito grande da população ainda assistindo televisão – eles ouviram mais de 18 mil pessoas – e também o veículo rádio com um público muito importante nas suas diversas formas de sintonização. Então, é um indicativo para que a gente possa trabalhar, tentar posicionar esses veículos de modo que a sociedade tenha um retorno, porque ela está investindo. O custo da estrutura do sistema de comunicação de rádio e televisão deve custar aproximadamente R$ 45, R$ 50 milhões por ano para o Tesouro Estadual”, afirmou Edivaldo Cardoso.
De acordo com o presidente, a previsão é de que em até 45 dias haja nova programação. “Acredito que já haja um trabalho interno sendo feito, quero me inteirar, se possível e se tiver ao meu alcance, contribuir. Mas imagino que em 45 dias, no máximo, a gente tenha um diagnóstico para apresentar à sociedade e um planejamento para esses veículos de comunicação”, disse.
Segundo Edivaldo, as alterações contarão com sugestões tanto da sociedade quanto dos servidores da pasta, que conhecem a ABC há mais tempo e poderão contribuir com o planejamento. “Comunicação precisa de talentos, precisamos de pessoas com alguma característica especial para que aquele veículo possa levar a sua mensagem e efetivamente possa buscar audiência”.
Leia a entrevista na íntegra:
– Com que perspectiva você assume o cargo?
Edivaldo Cardoso: As mudanças ainda estão acontecendo, há um processo natural de migração de tecnologia, tanto para televisão quanto para a rádio, isso está em andamento. Há um projeto para que ambas possam migrar para a tecnologia digital. E nesse momento, acho que não menos importantes, o Brasil também faz esse debate sobre que tipo de canal de televisão a sociedade quer: uma TV pública, que tipo? Que TV pública estamos oferecendo? Esse debate precisa ser feito, realizado. A sociedade pode e deve participar, os servidores da casa podem contribuir e muito para que a gente responda a essas questões e consigamos ter um plano estratégico que insira o sistema de comunicação, que é público hoje, nesse novo cenário. É com esse espírito de ouvir, compreender essa nova realidade que eu assumo esse desafio na ABC.
– A ideia do governador de transformar as rádios e a televisão em Organização Social ou de privatização foi aposentada?
Edivaldo Cardoso: A ideia das Organizações Sociais não está no radar. Posso antecipar com toda clareza que a transformação ou entrega da gestão do Complexo para Organizações Sociais não passa no momento pela cabeça do governo, do governador Marconi, vice José Eliton e na minha, em especial. Agora, que modelo de gestão que se constrói um sistema de comunicação contemporâneo, na sociedade da quarta revolução, desruptora como é, é uma TV e Rádio pública. Esse é o debate principal, excluindo essa questão de transferência para Organizações Sociais. Me parece que a privatização há um impeditivo legal. A concessão que outorgada pela União ao Estado de Goiás não permitiria uma alienação pura e simples, isso em uma análise jurídica muito preliminar. Estou tomando pé da situação, procurando me informar e estudar um pouco mais. O que é importante deixar claro é que não há uma visão pré-concebida. Nós não estamos indo para a Agência Brasil Central para transformar em OS, privatizar. Ou seja, precisamos fazer uma concertação muito grande. Os servidores da casa tem um papel essencial. Várias pessoas me abordam e dizem que lá tem talentos importantes, pessoas que conhecem de comunicação, da estrutura daquelas redes de rádio e televisão e esses talentos precisam ser aproveitados e motivados. Costumo dizer que em gestão, há um primeiro desafio do líder em dizer claramente qual o projeto precisa ser desenvolvido e qual é o sonho que temos para aquele processo. Se tivermos um sonho e conseguirmos fazer com que as pessoas acreditem nele, teremos seres humanos profissionais motivados, criativos, e para trabalhar em comunicação vocês sabem que é preciso que haja talento e motivação. Sem esses dois ingredientes, acho que a situação não fica completa, fica meio capenga.
– O senhor vai buscar mais uma neutralidade e imparcialidade para a TV pública?
Edivaldo Cardoso: Esse também é um debate quase mundial, exceto algumas situações da BBC, Reino Unido, há uma confusão muito grande sobre sistema de comunicação pública ou de governo. Eu não tenho embargo nenhum em defender que se faça uma TV pública ou de governo. Precisa fazer uma coisa ou outra, não dá para que você tenha um processo que não fique claro o que você está fazendo. Discutir isenção, neutralidade em cobertura jornalística, se for o caso, é um desafio enorme. Mesmo as empresas eminentemente privadas, a todo momento, se deparam com esse debate, ele não se encerra. Talvez, o ideal é que se faça conceitualmente uma cobertura isenta, mas não é simplesmente um discurso, uma tese, um planejamento que constrói esse tipo de cobertura. Agora, o sistema de comunicação, eu acho que, precisa ter capilaridade, mesmo na era da informática. A televisão, especificamente, e o rádio continuam desempenhando um papel muito importante na sociedade. Há algumas coberturas que eu imagino que o Estado, através desses veículos, possa fazer complemento ao que a iniciativa privada já faz. Esses debates e essas questões estarão sendo discutidas. Eu li uma pesquisa muito interessante feita pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República a respeito da mídia no Brasil. A constatação é de que você tem uma parte muito grande da população ainda assistindo televisão, eles ouviram mais de 18 mil pessoas, e também o veículo rádio com um público muito importante nas suas diversas formas de sintonização. Então, é um indicativo para que a gente possa trabalhar, tentar posicionar esses veículos de modo que a sociedade tenha um retorno, porque ela está investindo. O custo da estrutura do sistema de comunicação de rádio e televisão deve custar aproximadamente R$ 45, R$ 50 milhões por ano para o Tesouro Estadual.
– Sua missão no governo será também cuidar da relação do Estado com os veículos ou só comunicação institucional?
Edivaldo Cardoso: Acho que as estruturas de governo são, em grande parte, multifacetada. Mas o objetivo primeiro é cuidar da gestão da ABC.
– Há uma tendência de realização de programas com a própria estrutura, sem terceirização?
Edivaldo Cardoso: Há um debate que precisa ser feito, muito claro. Comunicação precisa de talentos, precisamos de pessoas com alguma característica especial para que aquele veículo possa levar a sua mensagem e efetivamente possa buscar audiência.
– Ela não tem função comercial como outros veículos, certo?
Edivaldo Cardoso: Voltamos ao debate de que a sociedade quer continuar a pagar R$ 50 milhões por ano para que haja traço de audiência? Nós sabemos que hoje é traço de audiência. Não é demérito para quem está lá, mas hoje não tem audiência. Não é porque é público que não tenhamos que buscar, e é constitucional o princípio da eficiência. Ou termos uma abordagem para falar para nichos, grupos específicos da sociedade, que precisem receber um fomento público na área da comunicação, uma manifestação cultural, folclórica, uma atividade econômica que é desenvolvida em determinada região, uma cobertura dos fatos que propiciam ao cidadão formar cidadania. Mas é preciso que você fale para alguém. Esse debate, por exemplo, a ABC passa por isso. Eles têm uma forma de buscar em sua programação algumas pessoas que já são reconhecidas na comunicação. De ante mão, não acho que trazer talentos para o sistema de comunicação não seja algo que possa ser tratado, discutido. Obviamente, à luz da legislação, aquilo que a Constituição, a lei de licitações e contratos com a administração pública prevê.
– A sua indicação é de José Eliton ou Marconi Perillo?
Edivaldo Cardoso: Acho que os dois. Nós já tínhamos conversado há algum tempo a respeito da possibilidade de assumir a Agência Brasil Central. Eu precisava concluir um trabalho que estava sendo feito na Ceasa. Tenho conversado muito com José Eliton. Posso dizer que é uma concertação feita a quatro mãos.
– Em quanto tempo o público poderá ver mudança na programação das rádios?
Edivaldo Cardoso: Acredito que já haja um trabalho interno sendo feito, quero me inteirar, se possível e se tiver ao meu alcance, contribuir. Mas imagino que em 45 dias, no máximo, a gente tenha um diagnóstico para apresentar à sociedade e um planejamento para esses veículos de comunicação.
– O que o senhor fez na Ceasa para deixar o pessoal com saudade?
Edivaldo Cardoso: Não foi só eu que fiz, mas sim uma equipe toda de trabalho que foi fantástica, me ajudou demais. Os empresários da Ceasa, e preciso fazer esse reconhecimento, contribuíram para que uma série de ações pudessem ser realizadas. Especificamente no caso das mulheres, algumas coisas eu me orgulho muito, conseguimos construir uma sala de apoio à amamentação na Ceasa, a mudança do dia-a-dia da Central de Abastecimento, que era um espaço eminentemente masculino, passa a ter a presença da mulher. A realidade lá é de começar 2h, 3h da manhã, imagina, ela sai da licença maternidade, tem que voltar a trabalhar, mas quer continuar amamentar, e agora tem um espaço que ela pode fazer a ordenha, guarda o leite materno. Quando ela volta, tem condição de oferecer o leite para a criança, não vai secar o aleitamento, enfim. Deixei pronto e vamos inaugurar na semana que vem um consultório odontológico para atendimento gratuito a todos os servidores, trabalhadores e a comunidade que cerca a Ceasa. Firmamos um convênio com os empresários, entre Agehab e Ceasa, para construção de uma creche para que possa atender o filho do trabalhador da Ceasa. Enfim, uma série de obras de cunho social que resgata um pouco da dignidade daqueles trabalhadores tão importantes para a economia de Goiânia.
– Qual sua área predileta, Detran-GO, Ceasa ou ABC?
Edivaldo Cardoso: Acho que todas elas têm uma ligação intrínseca que é gestão, e gestão é, essencialmente, compreender o ser humano. Posso afirmar com toda convicção que se por onde eu passei se pode realizar algo é porque tive uma compreensão muito grande de, primeiro, formar uma boa equipe. Segundo, essa boa equipe conseguir trazer pessoas para ajudar a cumprir um planejamento, um sonho, um ideal. Na gestão privada ou pública é preciso procurar valorizar talentos, pessoas, motivar o ser humano, por mais que se tenha hoje uma sociedade informatizada, com processos e métrica. Se você não tiver um ser humano envolvido, comprometido com um objetivo, não se sai do lugar.
– Existe mudança de rumo no governo e que rumo é esse?
Edivaldo Cardoso: Não acho que seja um novo rumo, mas o governo precisa fazer essa concertação de tempos em tempos para que a inovação, a criatividade, um olhar diferente possa ocorrer. O governador Marconi e José Eliton têm essa preocupação de procurar, nesse ajuste que é de gestão e também político, lançar um olhar diferente. Não que aquele que existia necessitasse ser descontinuado, mas lançar outro olhar para que a sociedade, para o modelo de governo que a gente quer, para o amanhã, para o que se aponta nos para os próximos anos. Acho que estar à frente de uma função, gestão pública é tentar antever e olhar um pouco à frente. Ou para que você não perca o bonde, não perca a esperança.
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