21 de dezembro de 2024
DISCUSSÃO

Aava Santiago coloca “ordem na Casa” enquanto vereadores discutiam falas de Lula sobre Israel

Vereadora diz que discussões que não dizem respeito ao município fazem perder "a referência do que é prioridade"
Na tentativa de colocar “ordem na Casa”, a vereadora Aava Santiago pediu um espaço para levar para a Câmara uma reflexão. (Foto: Reprodução/TV Câmara)
Na tentativa de colocar “ordem na Casa”, a vereadora Aava Santiago pediu um espaço para levar para a Câmara uma reflexão. (Foto: Reprodução/TV Câmara)

Durante a sessão plenária da Câmara Municipal de Goiânia, na quarta-feira (21), a vereadora Aava Santiago (PSDB) se indignou com a discussão que tomou conta do parlamento. Na ocasião, os vereadores discutiam sobre a fala do presidente Luiz Inacio Lula da Silva (PT) sobre o conflito entre Israel e Hamas, em que o presidente comparou as ações militares de Israel na Faixa de Gaza a um genocídio como o holocausto promovido por Hitler na Segunda Guerra Mundial.

Na discussão, o vereador Ronilson Reis (Solidariedade) disse que “não cabe ao chefe de estado” interferir nas questões de Israel. Em resposta, Aava Santiago questionou se cabe ao vereador de Goiânia discutir a questão.

O vereador Ronilson Reis iniciou a fala dizendo que Lula foi até o Egito para se “declarar brutalmente contra a nossa democracia”, fazendo questão de evidenciar que a fala não o representa, citando a fala do presidente sobre Israel. “Fazer uma comparação de que o que Israel está fazendo hoje, se defendendo das agressões do Hamas, um grupo terrorista, que invadiu o estado de Israel, matou várias famílias, crianças, mulheres, sequestrou e estuprou, foi o que Hitler fez lá atrás com os judeus, matando mais de 6 milhões de judeus, totalmente drástico diplomaticamente”, diz.

Prosseguindo, durante a sessão o vereador afirmou que apresentou uma moção de repúdio à fala de Lula que comoveu toda a sociedade que “entende que a fala dele foi totalmente infeliz”. Em seguida, Reis pede que os demais vereadores rejeitem o destaque da vereadora Kátia Maria (PT) e aprovem a moção de repúdio.

“Não cabe ao chefe de estado interferir nas questões internas daquele país, sendo que ele não dá conta de cuidar nem das questões internas do Brasil”, afirma.

Defesa

Em defesa, a vereadora Kátia Maria afirmou que a política tem que ser feita de forma correta e equilibrada. “Não tem problema a gente ser de direita ou de esquerda, isso faz parte do espectro democrático. Não tem problema o Lula não representar eles e o Bolsonaro não me representar, mas tem algumas pautas que a gente não pode pegar para fazer proselitismo, porque a situação é grave demais. O que nós estamos vendo na Faixa de Gaza é um extermínio de um povo. O presidente Lula foi categórico em falar isso e teve razão, tanto que criou uma expectativa e uma realidade”, iniciou a fala.

Segundo ela, a expectativa seria criada na extrema direita de que todos os chefes de estado se manifestariam contra a fala de Lula, mas aconteceu o contrário, com o destrave do debate de que é preciso haver uma trégua humanitária.

“O presidente Lula não comparou a guerra em Gaza com holocausto, comparou a atuação de um presidente que resolveu exterminar um povo, que o presidente de Israel está tão determinado quanto Hitler esteve. Foi isso que o presidente Lula quis dizer”, disse.

Ordem na Casa

Na tentativa de colocar “ordem na Casa”, a vereadora Aava Santiago pediu um espaço para levar para a Câmara uma reflexão. Citando a fala de Ronilson, a vereadora afirmou que disseram que não cabe ao chefe de estado opinar sobre o conflito, mas questionou se cabe ao vereador de Goiânia.

“Presidente, eu só quero trazer uma reflexão aqui, porque há colegas dizendo que não cabe a um chefe de estado dar opinião sobre um conflito global, mas cabe ao vereador, né? Ao vereador de Goiânia! Não cabe ao presidente do Brasil falar sobre conflito internacional, mas é ao vereador de Goiânia que cabe pautar o conflito no Oriente Médio”, ironizou.

Em seguida, Aava se indigna com a situação e pede que o presidente da Câmara, Romário Policarpo (PRD), reassuma a métrica da importância do que é discutido no parlamento. “Porque se o presidente da República não pode falar de conflito internacional, enquanto o vereador de Goiânia pode ocupar 1 hora da sessão, com a cidade cheia de problema, aí a gente perde a referência do que é prioridade”, finalizou.


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