16 de novembro de 2024
Laila Melo

A segurança que não temos

Daqui a pouco menos de dois mês serei tia de uma linda menininha. Ela assim como minha irmã e eu crescerá no interior de Goiás. Iporá. Não terá um shopping na esquina para frequentar todos os dias. Não verá filmes em 3D na melhor sala de cinema da cidade. Não comerá MC Lanche Feliz nos finais de semana. Mas poderá brincar na rua. Pique-esconde. Queimada… Em Goiânia isso não seria viável. Ela ficaria trancada dentro de um apartamento, no máximo uma casa, na frente de uma TV. O motivo, a segurança. Ou melhor, a falta dela.

Em Iporá, conforme relato de um iporaense que escutei há algumas semanas, “são roubados dois carros por mês”. Agora seja sincero! Quantos relatos de carros roubados e furtados você já ouviu? É comum lermos, ouvirmos e vermos pela mídia goianiense notícias desse tipo de crime todos os dias. Todos os dias, vale frisar. O que infelizmente não se restringe apenas a carros. Rememoremos casos e roubos e furtos a residências, comércios, caixas eletrônicos, carteiras, bolsas…

O fato é que a criminalidade na região metropolitana tem aumentado proporcionalmente com o passar do tempo. Roubos. Furtos. Estupros. Assassinatos. Os números crescem e os muros também. Mas não são os muros da prisão. São os nossos muros. Físicos e de relacionamentos. Preferimos ficar trancafiados na falsa segurança das nossas casas do que correr o risco de sair as ruas e levar um tiro quando for ao caixa verificar o extrato da conta bancária. Enquanto o criminoso exerce o direito de ir e vir, o meu me é privado.

O que espero é que minha sobrinha possa ter a infância tranquila que tive. Que quando adolescente ela preocupe minha irmã e meu cunhado apenas com os problemas típicos da idade e, não com a violência que a rodeia. Enquanto ela não chega, eu fico cá com a esperança de que a tal violência não bata mais uma vez na porta da minha casa. 


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